ASSEMBLEIA DE DEUS - IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS EM PERNAMBUCO
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
QUARTO TRIMESTRE DE 2025
Adultos - CORPO, ALMA E ESPÍRITO: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo
COMENTARISTA: Silas Queiroz
COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

LIÇÃO Nº 11 – O ESPÍRITO HUMANO E AS DISCIPLINAS CRISTÃS
INTRODUÇÃO
Nesta lição iremos analisar o contexto religioso e a essência do ensinamento paulino ao jovem cooperador Timóteo à respeito da piedade; pontuaremos sobre a disciplina espiritual relacionada a Palavra de Deus; e por fim, ainda destacaremos algumas práticas das disciplinas cristãs.
I – O ESPÍRITO HUMANO, REGENERAÇÃO E A PRÁTICA DA PIEDADE
1.1 O contexto religioso. Queiroz (2025, p. 125) afirma que na fase final do seu ministério, o apóstolo Paulo constituiu novos pastores para a continuidade da missão de proclamação do evangelho e implantação de igrejas. Timóteo, um jovem e fiel companheiro do velho apóstolo, recebeu dele uma difícil missão: pastorear a igreja de Éfeso, ameaçada por heresias internas e externas, como Paulo havia avisado (At 20.28-30). Só espiritualmente fortalecido Timóteo poderia enfrentar e vencer esse desafio. Paulo, então, dá um conselho ao jovem: “exercita-te a ti mesmo em piedade” (1Tm 4.7).
1.2 A essência do ensinamento paulino. Paulo instrui o jovem cooperador Timóteo sobre a importância da piedade e do exercício espiritual. O texto sagrado mostra a preocupação apostólica com o equilíbrio entre a sã doutrina, a maturidade espiritual e o comportamento do cristão. Em 1Tm 4.6–16, Paulo destaca que o ministério (a vida cristã) eficaz depende de uma vida interior fortalecida e de disciplinas espirituais constantes. Dessa forma, a temática abordada pelo apóstolo Paulo une espiritualidade e prática cristã, mostrando que o desenvolvimento do espírito humano é resultado de uma vida disciplinada diante de Deus.
1.3 O espírito humano e a regeneração. De acordo com Wycliffe (2007, p. 681), através do novo nascimento [regeneração], o espírito do homem torna-se vivo para Deus e sensível a voz interior do Espírito Santo (Rm 8.16). Como o espírito é constantemente renovado, ele é capaz de governar as atitudes da mente (Ef 4.23). O espírito capacita uma pessoa a pensar em termos espirituais, porque por sua vez é controlado [sem perder o livre-arbítrio] pelo Espírito de Cristo que compartilha a mente e a atitude de Cristo com o crente (1Co 2.16). Assim, o espírito humano regenerado, quando humildemente submisso a Cristo, é capaz de ter mansidão e bondade em relação as outras pessoas (1Co 4.21; G1 6.1).
1.4 O espírito humano e a prática da piedade. Ao escrever a Timóteo, o apóstolo Paulo orienta: “Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo em piedade. Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir” (1Tm 4.7,8). De acordo com Wiersbe (2008, p. 673), as fábulas (ou mitos) insensatas e tolas dos falsos mestres criam doença espiritual da mesma forma que a “doutrina boa” promove saúde espiritual. Para Henry (2008, p. 694, 695), o apóstolo queria que Timóteo instilasse na mente dos cristãos sentimentos tais que pudessem impedi-los de serem seduzidos pelos mestres judaizantes, uma vez que, as tradições judaicas não exercitavam a piedade. Por isso o apóstolo diz “exercita-te a ti mesmo em piedade”, isto é, dedique-se a religião prática. Aprendemos que a devoção interior deve guiar toda a conduta exterior (prática).
II – A DISCIPLINA ESPIRITUAL DA PALAVRA DE DEUS
Ao escrever para o jovem obreiro Timóteo, Paulo disse: “Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (1Tm 4.13). Aqui podemos extrair alguns ensinamentos sobre a prática da disciplina da Palavra de Deus. Vejamos:
2.1 Ler a palavra diariamente. Quando observamos o AT podemos notar que a leitura da Palavra de Deus era uma prática comum (Dt 4.10; Ed 4.18; Ne 8.8; Ne 9.3; 2Rs 23.2; Sl 119.97) e recomendada pelo próprio Deus (Js 1.8; Pv 4.20-22). No NT (At 8.30; At 17.2; At 28.23) não foi diferente, tendo o próprio Jesus o hábito de ler as Sagradas Escrituras (Mt 24.27). Quando o apóstolo Paulo escreve a Timóteo dizendo “Persiste em ler” (1Tm 4.13), para Wiersbe (2008, p. 674) refere-se à leitura coletiva da Palavra na congregação. Paulo estava encorajando Timóteo a manter a leitura pública das Sagradas Escrituras de forma regular, enfatizando a importância da exposição contínua à Palavra de Deus.
2.2 Exortar pela Palavra. Paulo, além de recomendar o jovem cooperador Timóteo a persistir em ler as Sagradas Escrituras, também o “exorta” do grego “paráklesis” no versículo 13 a respeito da necessidade de não apenas ler, mas também de encorajar os irmãos a viverem em conformidade com as verdades da fé, refletindo o papel vital da edificação mútua na comunidade cristã. A Palavra do Senhor nos traz inúmeras exortações: (a) a sermos cumpridores da Palavra e não apenas ouvinte (Tg 1.22); (b) os crentes a precaverem-se dos falsos profetas (Mt 7.15); (c) a provarem os espíritos (1Jo 4.1); (d) a estarem atentos as doutrinas de demônios (1Tm 4.1); e, (e) a buscarem a perfeição (Mt 5.48).
2.3 Ensinar atrvéz da Palavra. O apóstolo Paulo ainda orienta que Timóteo deve “ensinar” a Palavra de Deus. O ensino das Sagradas Escrituras era uma prática desde o AT, onde Deus havia dado essa orientação ao povo de Israel (Dt 6.6-8), o que, por exemplo, Esdras buscou fazer com diligência: “Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos” (Ed 7.10). Timóteo tinha o dever de ler e expor, ler e imprimir nos crentes de Éfeso o que leu: “Manda estas coisas e ensina-as. 12Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra [...]” (1Tm 4.11,12a). Ele deveria expor o texto tanto por meio da exortação quanto por meio da doutrina; ele deveria ensiná-los naquilo que deveriam fazer e naquilo que deveriam crer. É importante destacar que aqueles que são chamados para o ensino da Palavra (Rm 12.7,8), devem dedicar-se ao estudo das Sagradas Escrituras, para que possam crescer na graça e no conhecimento (2Pe 3.18).
III – PRÁTICAS DAS DISCIPLINAS CRISTÃS
3.1 Oração e o jejum. A oração e o jejum são práticas que devem fazer parte da vida do cristão. O profeta Daniel jejuou por 3 semanas para que sua oração fosse ouvida e respondida por Deus (Dn 9.1,2). Jesus foi impelido pelo Espírito Santo, a fim de jejuar quarenta dias e quarenta noites no deserto, de forma a suportar as tentações do diabo (Lc 4.1-13). Oração e jejum também estão relacionados a busca por autoridade para expulsão de demônios (Mt 17.18-21; Mc 9.25-29). Além disso, a oração e o jejum, de modo constante, são partes integrantes dos avivamentos (2Cr 7.14; At 2.42).
3.2 A santificação. O apóstolo Paulo disse “glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co 1.20). A santidade não é apenas interna, mas deve se refletir no comportamento externo do crente. Escrevendo ao crentes de Tessalônica, ele disse: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23). O cristão deve buscar a separação do pecado em todas as áreas da sua vida (1Pe 1.15,16). Nossa vida deve ser um instrumento de justiça para a santificação (Rm 6.19), e assim nunca instrumento da impureza (1Co 6.18).
3.3 A vigilância espiritual. Quando o apóstolo Paulo diz ao jovem cooperador Timóteo “medita estas coisas, ocupa-te nelas” (1Tm 4.15) e “persevera nestas coisas” (1Tm 4.16), está exortando-o a vigiar espiritualmente, a observar os ensinamento repassados e à disciplina espiritual, enfatizando o autocuidado espiritual. O Senhor Jesus disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). Isso fala da predisposição e inclinação da natureza adâmica que existe em cada um de nós, ocasionando uma luta constante entre o Espírito e a carne (Gl 5.16,17).
3.4 A disciplina do corpo na vida cristã. Paulo disse: “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa” (1Tm 4.8). De acordo com Queiroz (2025, p. 126), “o corpo deve ser templo de Deus e, portanto, deve ser usado para a sua glória e também como um instrumento para o serviço divino. O teólogo J. Glenn Gould (2020, p. 482) afirma não haver justificativa para presumir que Paulo esteja desaprovando a ideia do bem-estar físico. Contudo, enfatiza que tornar o cultivo de um físico sarado o alvo principal do homem era totalmente estranho à escala de valores de Paulo”. O corpo disciplinado reflete domínio pelo Espírito, mas também cuidado com a saúde e a mantenução da mente (Fp 4.8).
3.5 A prática da comunhão cristã e do serviço. A comunhão cristã (koinonia) é uma disciplina espiritual fundamental para o fortalecimento da fé e da maturidade do crente. A Palavra de Deus mostra que a Igreja primitiva perseverava “na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42). A comunhão não é apenas convivência, mas participação mútua na fé, apoio espiritual e edificação recíproca (Hb 10.24,25). A prática do serviço cristão é parte essencial dessa comunhão. Paulo ensina que fomos chamados para servir uns aos outros em amor (Gl 5.13), e Pedro afirma que cada cristão recebeu um dom para colocá-lo a serviço da Igreja (1Pe 4.10). Assim, a comunhão e o serviço não são apenas atividades externas, mas disciplinas que moldam o caráter do crente, promovem unidade espiritual, combatem o individualismo e fortalecem o testemunho da Igreja no mundo (Jo 13.34,35). Aprendemos que uma vida piedosa inclui não somente oração, santificação e vigilância, mas também compromisso com o corpo de Cristo e disposição para servir aos irmãos.
CONCLUSÃO
Em 1 Timóteo 4 o apóstolo Paulo mostra que a piedade não é acidental, mas resultado de dedicação e prática constante. As disciplinas cristãs são os meios divinamente ordenados para o fortalecimento do espírito humano. O Espírito Santo age em cooperação com o esforço humano para formar o caráter de Cristo em nós. Portanto, que cada crente cultive diariamente as disciplinas espirituais, fortalecendo seu espírito para viver uma fé madura, equilibrada e frutífera diante de Deus.
REFERÊNCIAS
• HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry – Vol. 6. CPAD.
• PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
• QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. A restauração Integral do Ser Humano. CPAD
• WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Novo Testamento. Geográfica Editora.
Fonte: https://redebrasiloficial.com.br/licao_ebd.php Acesso em 04 de Dez de 2025
