ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - SEDE - SÃO PAULO/SP
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2023
Adultos - A IGREJA DE CRISTO E O IMPÉRIO DO MAL: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia
COMENTARISTA: Douglas Roberto de Almeida Baptista
COMENTÁRIO: Pr. Caramuru Afonso Francisco
LIÇÃO Nº 9 - UMA VISÃO BÍBLICA DO CORPO
O espírito da Babilônia ou superestima ou subestima o corpo.
INTRODUÇÃO
- Na continuidade do estudo dos embates entre a Igreja e o mundo, veremos qual a visão bíblica a respeito do corpo.
- O corpo foi criado por Deus, portanto não é mau. Entretanto, o espírito da Babilônia ou superestima o corpo ou, então, o subestima.
I - DESCRIÇÃO BÍBLICA DA CRIAÇÃO DO HOMEM
- Nesta lição, estaremos analisando a estrutura tricotômica do homem diante da narrativa bíblica da criação, para, então, falarmos da visão bíblica a respeito do corpo, uma das partes do homem, o homem exterior (II Co.4:16).
- Nosso objetivo será demonstrar que o homem é tricotômico e que todo o seu ser deve estar submetido à vontade e ao senhorio de Deus, e que, portanto, o corpo deve, sim, estar a serviço do Senhor, é importante, deve ser bem cuidado, mas não é um fim em si mesmo.
- De pronto, devemos considerar que, entre os estudiosos da Bíblia, existem duas correntes de pensamento a respeito do modo de ser do homem. Alguns entendem que o homem é composto de duas partes, uma material, a que chamam de corpo e outra, imaterial, a que chamam de "alma". Esta forma de pensar é a doutrina adotada oficialmente pela Igreja Romana e que encontra ressonância entre alguns segmentos ditos evangélicos ou protestantes. A esta linha de pensamento denomina-se "dicotomia".
OBS: "…O mistério da vida é desconcertante, e mais do que nunca quando uma análise da parte imaterial do homem é empreendida. (…). Quando se refere ao "homem interior", a Bíblia emprega vários termos - alma, espírito, coração, carne, mente - e a questão que surge é se esses elementos são separados e devem existir um separado do outro, ou se eles são funções ou modos de expressão e um ego.(…). A questão que se levanta a essa altura, que tem ocupado e dividido os teólogos de todas as gerações, é a seguinte: é o homem um ser dicotômico - duas partes, material e imaterial, com a suposição de que a alma e espírito são a mesma coisa - ou se ele é um ser tricotômico - corpo, alma e espírito ?…" (CHAFER, Larry Sperry. Teologia sistemática, t.1, v.2, p.585-6).
- Segundo a dicotomia, o homem seria formado apenas de corpo e alma, sendo que alma e espírito seriam a mesma coisa. Esta postura, entretanto, embora tenha encontrado muitos adeptos, não é a que melhor se apresenta na Bíblia Sagrada. Embora haja trechos das Escrituras em que há uma consideração da alma e do espírito como sendo uma só parte do homem, tais passagens devem ser compreendidas tão somente como trechos que dizem respeito à parte imaterial do homem, parte esta que, muito adequadamente, é denominada por Paulo de "homem interior" (Ef.3:16). Alma e espírito têm algumas semelhanças, mas isto não quer dizer que sejam a mesma coisa, mas, ao revés, é um indicativo de que são partes distintas do homem.
- Pelo que se percebe da história da Igreja, o pensamento dicotômico ingressou na teologia como resultado da grande influência que a filosofia grega exerceu nos primeiros estudiosos que desenvolveram a doutrina dicotômica. A maior parte dos primeiros teólogos que defenderam esta linha de pensamento eram oriundos da filosofia neoplatônica, ou seja, de uma corrente filosófica que se desenvolveu a partir do século III d.C., exatamente no período em que o Cristianismo alcançava um grande crescimento, inclusive entre as elites sociais e intelectuais do Império Romano.
- Os filósofos neoplatônicos baseavam seus pensamentos na filosofia de Platão, filósofo grego que viveu no século III a.C., que entendia que o homem era composto de corpo e de alma.
- Há, inclusive, quem ache que Platão tenha sido, de alguma forma, influenciado em seu pensamento por crenças hinduístas, em especial as referentes à reencarnação e à pré-existência da alma. Para Platão, o homem seria constituído de duas partes: o corpo e a alma. O corpo seria a parte física do homem e, como tal, desprezada por Platão, que via na matéria um mal em si, a fonte de toda a imperfeição humana; já a alma, imortal, seria a parte imaterial do homem, ou seja, a parte sem matéria, que seria a reprodução de um mundo verdadeiro, o chamado "mundo das ideias".
- Os filósofos neoplatônicos, dos quais o mais conhecido foi Plotino (205-270), desenvolveram este pensamento de Platão e passaram a considerar que a alma seria a imagem, o reflexo de uma ideia primeira, o chamado Uno ou Um, que não teve dificuldade de ser identificado, pelos filósofos que se converteram ao Cristianismo, a Deus.
OBS: "…O Um de Platão, ou seja, o princípio da unidade, nas formas ou ideias mais elevadas(…) acabou equivalente a um Deus transcendental. Esse Deus transcendental relacionar-se-ia com o mundo mediante uma série de intermediários, os quais se derivariam do Um através do princípio da emanação. Isso posto, a realidade seria uma espécie de série gradativa de seres que, partindo o Um imaterial terminaria na matéria. O homem participaria, até certo grau, do divino, embora esteja preso à matéria.(…). A matéria, considerada por si mesma, é irreal. Ela é apenas uma espécie de epifenômeno do real. A matéria é o limite e a barreira contra a qual a Alma que emana se estilhaça em grande multiplicidade e diferenciações. A alma seria anfíbia, podendo viver para baixo, nos mundos inferiores da matéria, antes de, finalmente, tornar-se material; ou, então, viver para cima, retornando à sua Fonte originária(…). O processo da salvação ou restauração começaria pela rejeição do que é mundano e material(…). Muitas reencarnações supririam o teatro de ações onde os homens se debatem. Pode-se dizer, pois, que Plotino foi o pai do misticismo ocidental, calcado em muito sobre ideias orientais. Mas, visto que Plotino tanto se estribava em Platão, talvez seja correto dizer que Platão é que foi o verdadeiro pai do misticismo ocidental…" (CHAMPLIN, Russell Norman. Neoplatonismo. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.4, p.484-5).
- Percebemos, portanto, que a concepção de que o homem seja formado de corpo e de alma é resultado da incorporação de pensamentos que são alheios às Escrituras, advindos da filosofia grega e, já pela origem, são pensamentos que não podem ser considerados como sendo genuinamente bíblicos. Agostinho, Guilherme de Ockham e Tomás de Aquino foram pensadores cristãos grandemente influenciados por esta filosofia e seus escritos e ensinamentos acabaram por adotar a dicotomia, entendendo que o homem fosse apenas corpo e alma.
COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PR. CARAMURU AFONSO FRANCISCO