IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2017
Adultos - As obras da carne e o fruto do Espírito
ESBOÇO Nº 10
LIÇÃO Nº 11 - VIVENDO DE FORMA MODERADA
A mansidão reflete toda a nossa submissão a Deus e só os que se submetem ao senhorio de Cristo viverão com Ele eternamente.
INTRODUÇÃO
Estudaremos nesta lição a última das qualidades do fruto do Espírito elencadas em Gl.5:22, a saber, a temperança, que é o domínio próprio, o autocontrole, o domínio de si mesmo. Trata-se, portanto, de uma das qualidades do fruto do Espírito concernentes à relação do homem consigo mesmo.
A temperança é apresentada, na filosofia moral, como uma das virtudes cardeais, ou seja, como uma das “disposições firmes e habituais de fazer o bem” do homem, em torno das quais se estabelece todo o caráter do homem. No entanto, a filosofia e até mesmo a teologia católico-romana consideram a temperança como uma virtude natural, humana, o que, entretanto, não corresponde ao ensinamento bíblico. A verdadeira temperança, o verdadeiro controle-próprio é resultado direto da ação do Espírito Santo sobre a vida do indivíduo.
OBS: Este pensamento equivocado está cristalizado no Catecismo da Igreja Romana, nos §§ 1804 e 1805, que ora transcrevemos: “1804 As virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade que regulam nossos atos, ordenando as nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Propiciam assim facilidade, domínio e alegria para levar uma vida moralmente boa. Pessoa virtuosa é aquela que livremente pratica o bem. As virtudes morais são adquiridas humanamente. São os frutos e os germes de atos moralmente bons; dispõem todas as forças do ser humano para comungar do amor divino. 1805 Quatro virtudes têm um papel de "dobradiça". Por esta razão são chamadas "cardeais"; todas as outras se agrupam em torno delas. São elas: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.…”
I – O QUE É TEMPERANÇA
A palavra “temperança” não se encontra no Antigo Testamento, o que não significa que este conceito não esteja presente. Por três oportunidades (Versão Almeida Revista e Corrigida: Gn.43:31 – “conteve-se”; I Sm.13:12 – “violentei-me” e Et.5:10 – “se refreou”), surge a forma verbal “ ‘aphaq” (אפק), que tem o sentido de “refrear-se”, “conter-se”, para indicar o domínio próprio ou uma aparência de domínio próprio, passagens que, na versão grega (a Septuaginta) foram traduzidas pelo verbo “enkrateuomai” (εγκρατεομαι), que é o verbo correspondente ao substantivo “enkrateia”(εγκρατεία), que é, precisamente, o termo “temperança”.
Em o Novo Testamento, a palavra “temperança” é o termo grego “enkrateia”( εγκρατεία), que, literalmente, é o “governo interior”, ou seja, o “domínio próprio”, vocábulo que se encontra por três vezes nas Escrituras, na Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), a saber: At.24:25, Gl.5:22 e II Pe.1:6. O adjetivo “temperante” está presente em Tt.1:8 e “temperada” em Cl.4:6. Mas não são apenas nestas passagens que temos a ideia de temperança, que presente está em outros textos no Novo Testamento.
Dizem os lexicógrafos que a temperança é “a qualidade ou virtude de quem é moderado, comedido”, “o poder ou virtude pela qual o homem pode refrear os apetites desordenados”. Verificamos, então, que a temperança é o domínio que alguém tem sobre si mesmo, sobre os seus apetites. A ideia de temperança vem de proporção, de sobriedade, de moderação.
Para entendermos a temperança e seu significado, sobretudo do ponto-de-vista espiritual, temos de se nos reportar à criação do homem. A Bíblia afirma que quando Deus resolveu criar o homem, propôs fazer um ser que fosse conforme a Sua imagem e semelhança (Gn.1:26), ou seja, um reflexo da divindade, um ser que, ao ser visto, reportasse ao seu Criador.
Dentro deste propósito, o texto sagrado afirma-nos que o homem foi feito com o objetivo de dominar a criação sobre a face da terra e, neste domínio, estaria reproduzindo o senhorio de Deus sobre todas as coisas. Embora fosse servo de Deus, ao homem foi destinado o domínio da criação na terra, ou seja, foi lhe dada a supremacia sobre a criação na Terra, o que se constitui na própria essência da mordomia, ou seja, o homem é um servo superior de Deus na Terra.
Ora, para que possa dominar sobre a criação na Terra, o homem teria de dominar sobre si mesmo, porquanto foi criado com livre-arbítrio, com a faculdade de escolha entre o bem e o mal. O requisito para que o homem tenha domínio sobre si próprio é a submissão a Deus, segundo a qual se faz o bem. O próprio Senhor é quem fez questão de deixar isto bem claro depois da queda do homem, quando interpelou Caim e lhe disse que se não fizesse o bem, o pecado o dominaria (Gn.4:7).
OBS: “…O império sobre si mesmo é a raiz de todas as virtudes. Se o homem deixar toda a liberdade aos seus impulsos e às suas paixões renuncia desde esse momento à sua liberdade moral. Será arrastado pela corrente da vida e tornar-se-á escravo dos seus caprichos. Para ser moralmente livre, para ser mais do que um animal, o homem deve poder resistir aos impulsos do instinto, e não alcançará esse fim senão com o costume de dominar-se a si próprio. É esse poder que constitui a verdadeira diferença entre a vida física e a vida moral e forma a base principal do caráter individual. Na Bíblia, encontram-se elogios não para o homem forte que ‘toma uma cidade’, mas para o homem mais forte ainda ‘que governa o seu próprio espírito’. Esse homem mais forte é aquele que, pela disciplina, exerce um exame constante sobre os seus pensamentos, as suas palavras e as suas ações.…” (SMILES, Samuel. O caráter. Trad. de D. Amélia Pereira, p.199-200).
O homem no pecado não tem condição de dominar a si próprio, mas quem o domina é a natureza pecaminosa que nele está, de modo que Paulo afirma que o pecador não consegue fazer o bem que quer, mas o mal que não quer é que é feito (Rm.7:19), de tal sorte que o homem não passa de um instrumento do pecado que nele habita (Rm.7:20) e, por isso, é chamado por Jesus de servo do pecado (Jo.8:34). O domínio de si próprio exige, antes de mais nada, que o homem possa se libertar do domínio do pecado e isto só é possível mediante a salvação na pessoa de Cristo Jesus (Jo.8:36).
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