ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - GUARULHOS
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
QUARTO TRIMESTRE DE 2025
Adultos - CORPO, ALMA E ESPÍRITO: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo
COMENTARISTA: Silas Queiroz
COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO
LIÇÃO Nº 4 – O CORPO COMO TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO
INTRODUÇÃO
Nesta lição iremos analisar o contexto e os aspectos da admoestação paulina a igreja em Corinto; pontuaremos sobre o corpo do crente como habitação do Espírito Santo; e por fim, ainda ressaltaremos a importância da santificação e o contraste com a visão mundana em relação ao corpo.
I – O CONTEXTO E OS ASPECTOS DA ADMOESTAÇÃO PAULINA AOS CORINTOS
O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, apresenta duas declarações fundamentais acerca da Igreja e do cristão enquanto indivíduo: ambos são templo do Espírito Santo. Vejamos em qual contexto foram feitas essas admoestações e o que elas significam:
1.1 O contexto cultural e religioso. A cidade de Corinto era uma próspera metrópole comercial, conhecida por seus templos e os diversos cultos religiosos. Segundo Champlin (1995, p. 89), Estrabão calculava que em Corinto havia nada menos de mil prostitutas religiosas profissionais, as quais faziam parte ativa da suposta adoração aos deuses, em meio a ritos caracterizados pela sensualidade. Esse cenário multicultural trouxe desafios para a comunidade cristã. De acordo com Beacon (2006, p. 236), “muitas igrejas espirituais, compostas de santos devotos e dedicados, atingiram um alto grau de espiritualidade em ambientes pecaminosos e desfavoráveis. Infelizmente, a igreja em Corinto não era uma igreja assim”.
1.2 Crentes carnais. Ao escrever aos irmãos em Corinto, o apóstolo Paulo expressa uma grande verdade à respeito de como os homens podem ser classificados: naturais ou espirituais (1Co 2.14,15). Quando se refere aos crentes de Corinto, o apóstolo lhes diz que “não lhes pode falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo” (1Co 3.1). Para Henry (2008, p. 436), o apóstolo Paulo: censura os coríntios por sua carnalidade e divisões (v.1-4); os instrui sobre como o que estava errado entre eles e como isso podia ser reparado (v. 5-10); e atesta que eles construíam sobre um e o mesmo fundamento (v. 11-15).
1.3 A Igreja como templo de Deus. Ao afirmar: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3.16), o apóstolo Paulo usa o termo grego “naos” quando se refere ao templo, apontando para o santuário interno do templo, o altar do templo. A intenção do apóstolo Paulo é fazer um contraste com a ideia de um mero edifício. Para Stamps (2010, p. 1741), “a ênfase aqui, recai na congregação inteira, os crentes como o templo de Deus e como a habitação do Espírito Santo (1Co 3.9; 2Co 6.16; Ef 2.21). Como o templo de Deus em meio a uma sociedade perversa, o povo de Deus em Corinto não devia participar dos pecados prevalecentes naquela sociedade. O templo de Deus deve ser santo (v. 17), porque Deus é santo (1 Pe 1.14-16)”. Assim como no Antigo Testamento a glória enchia o templo (1Rs 8.11), agora o Espírito habita na Igreja.
1.4 O crente como templo de Deus. Quando o apóstolo pergunta: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19), ele utiliza a expressão grega “soma” para corpo, que segundo Andrade (2000, p. 98) é a estrutura física do ser humano. Tal expressão aparece 145 vezes no NT (Mt 10.28; Jo 2.21; 1Co 6.15; 1Co 6.20; Gl 6.17; 1Ts 5.23). Para Stamps (2010, p. 1745), “se somos cristãos, nosso corpo é a morada pessoal do Espírito Santo (Rm 8.9,11). Porque Ele habita em nós e pertencemos a Deus, nosso corpo nunca deve ser profanado por qualquer impureza ou mal, proveniente da imoralidade, nos pensamentos, desejos, atos e etc. Pelo contrário, devemos viver de tal maneira que glorifiquemos e agrademos a Deus em nosso corpo (v.
20)”.
II – O CORPO DO CRENTE COMO HABITAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
2.1 O Espírito Santo como residente permanente. Quando observamos o AT podemos notar que o Espírito Santo não habitava permanentemente nos servos de Deus (Nm 27.18; Jz 11.29; 1Sm 10.10; 1Sm 16.13), passando a acontecer após a ressurreição de Cristo, tendo como marco temporal o que está registrado em Jo 20.22, cumprindo-se assim o que disse o Senhor Jesus: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que [...] habita convosco e estará ern vós” (Jo 14.16,17).
2.2 A consciência da presença divina. A presença do Espírito não é apenas simbólica, mas real, transformando o corpo em lugar de manifestação divina. Quando o apóstolo Paulo questiona à respeito de “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós...”, mostra-nos que, sendo o corpo o templo, devemos viver de modo digno da presença do Espírito Santo. Essa consciência nos leva a fugir das coisas impuras (1Co 6.10) e a apresentar o corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1).
2.3 O corpo do cristão pertence a Cristo. O apóstolo Paulo afirma que “Não sois de vós mesmos” (1Co 6.19). Isso deixa claro que aquele que serve ao Senhor Jesus não possui mais o domínio sobre si. A habitação do Espírito significa pertencimento a Ele. O crente vive sob novo senhorio, refletindo a entrega total a Cristo (Gl 2.20). Paulo declara: “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo?” (1Co 6.19). De acordo com Beacon (2006, p. 290, 291), “cada crente faz parte do corpo do qual Cristo é a Cabeça (1Co 12.12-27; Rm 12.4-5; Ef 4.15-16; 5.30). O relacionamento do crente com Cristo inclui o fato de seu corpo ser um instrumento por meio do qual o Senhor age. O cristão entrou em uma transação, assinou um documento e transferiu a posse para Deus”.
2.4 Habitação comprada por bom preço. Ao declarar: “Porque fostes comprados por bom preço” (1Co 6.20), o apóstolo Paulo traz a reflexão de que “Cristo pagou o preço para nos resgatar dos grilhões de Satanás, apesar desse preco ter sido pago a Deus, e nao ao Diabo. Sem a expiação, ainda estaríamos acorrentados a Satanás e, consequentemente, ao pecado (Mc 10.45; 1Co 6.20). Um dos termos gregos usados para redenção é “antilytron”, que significa “preço de readoção”. Em 1Timóteo 2.6, Paulo se refere a Cristo como “o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo” (Geisler, 2010, p. 190, 198). Fomos feitos habitação por causa da redenção de Cristo.
III – A SANTIFICAÇÃO E O CONTRASTES COM A VISÃO MUNDANA DO CORPO
3.1 A santidade como exigência do templo. O apóstolo Paulo disse “glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co 1.20). A santidade não é apenas interna, mas deve se refletir no comportamento externo do crente. Escrevendo ao crentes de Tessalônica, ele disse: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23). O corpo, sendo templo, deve manifestar boas obras, separação do pecado e dedicação ao serviço cristão (Mt 5.16). O corpo do crente torna-se, portanto, testemunho visível da graça invisível.
3.2 O corpo deve evitar a imoralidade. Como no Antigo Testamento o templo exigia pureza (Lv 19.2), também o corpo deve ser consagrado ao Senhor. Paulo disse que “o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo” (1Co 6.13). A orientação é clara: “Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1Co 6.18). De acordo com Henry (2008, p.452), “os habitantes pagãos de Corinto eram famosos, e sobre o qual os convertidos ao cristianismo conservavam uma opinião favorável demais. O corpo foi formado para esse propósito: para o serviço e a honra de Deus. Ele deve ser um instrumento de justiça para a santificação (Rm 6.19), e assim nunca deve ser feito instrumento da impureza”.
3.3 A disciplina do corpo na vida cristã. Para o cristão, o corpo é instrumento de justiça (Rm 6.13) e lugar de adoração (Jo 5.23; Rm 12.1). Assim, a fé não é apenas espiritual (a leitura da Palavra, uma vida de oração e consagração ao Senhor), mas envolve a integralidade da vida humana diante de Deus. O corpo disciplinado reflete domínio pelo Espírito, mas também cuidado com a saúde e a mantenução pura da mente (Fp 4.8).
3.4 Contra o antinomismo. Os antinomistas consideram a observância de leis morais desnecessária. A visão libertina que imperava entre os coríntios alegava que tudo era lícito. De acordo com Wiersber (2008, p. 471), a liberdade cristã não é licenciosidade. A liberdade cristã não quer dizer que estou livre para fazer o que quero e foi por isso que Paulo disse: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm” (1Co 6.12). O cristão está livre (2Co 3.17; Gl 5.1) para fazer o que agrada a Cristo, andando como filhos da luz (Ef 5.8-11).
CONCLUSÃO
O ensino de Paulo em 1Co 6.19 revela que o corpo não é apenas biológico, mas espiritual, pois se tornou templo do Espírito Santo. Isso nos chama a viver em santidade, reconhecendo que fomos comprados por preço e que nossa vida deve glorificar a Deus em todas as áreas.
REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Claudinor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
• CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Volume IV - Coríntios a Efésios. Editora Candeia.
• EARLE, Ralph et. al. Comentário Bíblico Beacon – Vol. 8, CPAD.
• GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
• HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry – Vol. 6. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Novo Testamento. Geográfica Editora.
Fonte: https://redebrasiloficial.com.br/licao_ebd.php Acesso em 21 de Out de 2025