Adultos

Lição 12 - A Igreja tem uma natureza organizacional VI

ASSEMBLEIA DE DEUS TRADICIONAL - CEADTAM - CGABD

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2025

Adultos - EM DEFESA DA FÉ CRISTà– Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência

COMENTARISTA: Esequias Soares da Silva

COMENTÁRIO: EV. ANTONIO VITOR DE LIMA BORBA

LIÇÃO Nº 12 – A IGREJA TEM UMA NATUREZA ORGANIZACIONAL

A Igreja de Cristo é um organismo vivo com propósito espiritual neste mundo, mas que requer organização. Há grupos que argumentam que a igreja não deve se institucionalizar, pois isso retira dela sua identidade espiritual. Entretanto, essa é uma afirmação equivocada. Jesus ensinou Seus discípulos acerca da necessidade de organização para pregação do Evangelho. Foi assim quando os enviou de dois em dois ou mesmo quando ordenou que a multidão se assentasse sobre a relva antes de operara multiplicação de pães e peixes (Mt 10; 14.13-21). Com o surgimento da igreja, não fazia sentido que os discípulos pregassem o Evangelho sem organização. Naquele contexto, os irmãos se reuniam nas casas e em cada lugar havia líderes responsáveis pela instrução da Palavra de Deus às congregações.

O Objetivo deste comentário é contribuir para o preparo de sua aula, e apresentar um subsídio a parte da revista, trazendo um conteúdo extra ao seu estudo. Que Deus nos ajude no decorrer desta maravilhosa lição.

TITO E AS IGREJAS NA ILHA DE CRETA

Tito não era judeu. Ele era Grego, e aparece pela primeira vez, pela cronologia da narrativa Bíblica, em Gl 2.1,3 quando foi a Jerusalém com Paulo e Barnabé, provavelmente após a sua conversão. A que tudo indica Tito foi o portador da carta que Paulo escreveu aos irmãos de Corinto, pois o próprio Paulo nos remonta a este pensamento em 2 Co 7.6,7 (primeira vez pela sequência textual em que a Bíblia foi dividida).

Ele foi um dos maiores companheiros de Paulo, sendo confiado a cumprir missões complicadas em igrejas como Corinto e Creta (cidade a quem se dirigiu o assunto da epístola enviada a Tito). Está claro que Paulo estimava muito a Tito, pois o considerava como mensageiro de Deus e até o fazia ficar feliz com sua chegada (2 Co 7.6).

Podemos observar em Tito um tipo de ilustração do livre acesso dos gentios ao Evangelho, que agora ninguém precisava tornar-se judeu para se tornar um cristão, fato este que ficou claro quando ele acompanhou Paulo e Barnabé a Jerusalém, e lá participou de uma reunião em Jerusalém (At 15), onde foi discutido o papel dos gentios na igreja, e foi usado como exemplo pelo próprio apóstolo Paulo, de que não havia mais a necessidade da circuncisão (Gl 2.1-3).

Podemos extrair de Tito vários exemplos de um servo exemplar: ele era fiel; digno de confiança; podia receber responsabilidades e realizá-las adequadamente; era suficientemente organizado para liderar outros e estabelecer novos líderes; tinha um longo histó-rico de serviços prestados; e foi uma das grandes figuras fundamentais da igreja primitiva.

Um dos assuntos tratados na epístola de Paulo a Tito é o trabalho cristão em Creta. Creta era uma ilha situada a 274 quilômetros ao sul da Grécia continental, é a maior das ilhas gregas, com 252 quilômetros de extensão e no máximo 56 quilômetros de largura. Creta é chamada de Caftor no At (Dt 2.23; Jr 47.4), e os filisteus chegaram a Canaã pelo caminho de Creta (Am 9.7). Na antiguidade era uma base de piratas e em 67 a.C. foi dominada pelo poder Romano.

Em Creta existia uma população judaica substancial no período apostólico (At 2.11), que indiretamente estava causando um problema a Paulo na igreja que ele tinha deixado ali. Estes exerciam uma influência negativa nos primeiros cristãos (Tt 1.14), que fazia com que a igreja em Creta fosse um tanto quanto complicada por esses embates de hereges.

Paulo esteve em Creta por um curto período de tempo, e ali iniciou um trabalho que posteriormente teve que ser completado por Tito (Tt 1.5). A igreja estava passando por um momento complicado em sua existência, onde alguns remanescentes simpatizantes da doutrina judaica estavam tentando influenciar os primeiros cristãos existentes na igreja, de modo que até Paulo os trata como hereges.

Outro fator interessante a ressaltar é que os cretenses eram pessoas de difícil trato, de modo que - a que tudo indica escrito por Epimênides - existia um ditado que os chamavam de mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos (Tt 1.12) e que Paulo também o considera como “Testemunho verdadeiro” (Tt 1.13), porém admoesta a Tito para que repreenda severamente a tais, a fim de os torná-los sãos na fé.

A INSTITUCIONALIDADE BÍBLICA DA IGREJA

Paulo, logo após a sua saudação e oração por Tito, inicia a sua série de tratativas a cerca do motivo da escrita desta carta. Neste trecho ele fala a cerca do primeiro motivo de ter deixado Tito em Creta, que era terminar, organizar, concluir, o trabalho que fora sido iniciado no pequeno espaço de tempo que o apóstolo esteve anunciando o evangelho naquela cidade.

Ao dizer que Tito “...pusesse em boa ordem as coisas que ainda restam...” (ARC); “...completasse o trabalho...” (NVT); “...pusesse em ordem o que ainda faltava...” (NVI); “...pusesse em ordem as coisas restantes...” (ARA); Paulo estava com toda humildade reconhecendo a importância do trabalho de Tito, para continuidade da obra missionária em Creta.

Hoje, infelizmente estamos rodeados de obreiros que se acham independentes. Homens prepotentes a ponto de pensarem que somente eles sabem fazer, sabem ensinar, sabem administrar aquela obra. Contudo vemos aqui a simplicidade e humildade do apóstolo que, mesmo tendo a dimensão da posição que ocupara e do conhecimento que possuíra, confiou a Tito a conclusão do que havia começado, por motivo de precisar se ausentar para outro lugar.

No contexto do Novo Testamento, a igreja começa, em primeiro lugar, como um organismo vivo (At 2), que posteriormente sente a necessidade de organizar-se (At 6). Dessa forma, organismo e organização aparecem como os dois lados de uma mesma moeda. Assim, podemos dizer que não há função sem forma e organismo sem organização.2

Quando olhamos para a igreja como organismo vivo, devemos compreender que falamos sobre o conjunto de membros que compõe o corpo de Cristo. Destarte, a igreja tem o seu funcionamento baseado na união e trabalho de todos os seus membros em particular e em conjunto, que sob o comando da cabeça (Cristo), labuta no mundo espiritual cumprindo o seu papel no Reino de Deus.

O organismo vivo chamado igreja precisou, no decurso do tempo, se organizar para que o seu funcionamento pudesse acontecer de melhor forma. Assim, encontramos ainda na igreja primitiva a instituição dos diáconos, responsáveis pelo servir a igreja, bem como as reuniões que ocorriam para balizar o bom funcionamento do grande organismo (At 6.1-7; 15.1-6). Precisamos compreender, contudo, que a organização da igreja foi feita para que os trabalhos entre os membros fluíssem de forma harmônica e que seus frutos fossem vistos e provados pelo seio da igreja. Essa organização não foi uma institucionalização, mas sim, uma distribuição de tarefas para o melhor funcionamento do corpo.

Destaque

Nesse aspecto, devemos destacar que organização não é a mesma coisa que institucionalização. A organização é boa e é saudável para a vida da igreja; já a institucionalização, não. A organização faz a igreja andar livremente; a institucionalização só a enrijece, calcifica e fossiliza. A organização preocupa-se em ter uma igreja adornada interiormente; a institucionalização busca aparatos externos para fazer isso. A organização é divina (1 Co 14.30); a institucionalização é humana. Devemos, portanto, buscar a organização e evitar a institucionalização.

A QUESTÃO ATUAL

Como organismo vivo a igreja existe. Como organização ela trabalha harmonicamente e organizadamente. É sobre isso que precisamos discutir em nossa aula no próximo domingo. É necessário fugir da falácia sobre tais temas, e debater sobre a importância de se possuir, dentro do trabalho no Reino de Deus, uma organização que faça a obra avançar e prosperar.

Organizar é estabelecer princípios de funcionamento que fazem com que o corpo tenha harmonia e identidade. Por isso temos o corpo ministerial distribuído em funções definidas que quando executadas, cada um fazendo o seu ofício com amor e dedicação, temos uma igreja viva e que cresce a cada dia.

Outro aspecto da organização é a liturgia e os costumes que nos identificam como parte integrante do corpo de Cristo ao longo do tempo. Assim, se temos princípios que foram nos deixados nas Escrituras, em especial no Novo Testamento, é porque santos homens de Deus organizaram a igreja primitiva sob a orientação divina e a necessidade local.

Portanto, como organismo organizado, a igreja avança cumprindo o seu papel no Reino de Deus e no mundo espiritual. Somos os responsáveis por demonstrar a capacidade do Reino de Deus, e por funcionar harmonicamente, trabalhando pelo seu crescimento. Como organização institucional, e também como organismo vivo, a Igreja do Senhor deve zelar pela sua identidade enquanto Corpo de Cristo e canal de salvação para todos os povos.

Destaque

Deus é organizado e estabeleceu a disciplina, a prudência e a organização desde o princípio da Sua criação. Foi assim no Jardim do Éden (Gn 1-2), na saída dos hebreus do Egito (Ex 14), na peregrinação e entrada dos hebreus na Terra Santa (Dt 31), bem como na organização do Reino de Israel (1 Sm 8). Logo, era apropriado que na organização da Igreja Primitiva esses mesmos princípios fossem aplicados. Importa que a igreja atual preserve o mesmo compromisso com a organização para a realização de um trabalho com excelência.

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. ANTONIO VITOR LIMA BORBA

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