SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2025
Adultos - EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ – Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência
COMENTARISTA: Esequias Soares da Silva
COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO
LIÇÃO Nº 3 – A ENCARNAÇÃO DO VERBO
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição do termo “encarnação”; pontuaremos a encarnação do Verbo e seu “auto-esvaziamento”; comentaremos sobre a natureza humana de Jesus; e por fim, elencaremos os propósitos da encarnação do Verbo.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ENCARNAÇÃO
1.1 A etimologia do termo. A expressão “encarnação” é um termo usado pelos teólogos para indicar que Jesus, o Filho de Deus, assumiu a “forma de carne humana”. Encarnar significa: “fazer-se carne, fazer-se homem, tornar-se humano, revestir-se de carne”. A encarnação do Verbo consisti no auto-esvaziamento de Cristo do grego “ekenōsen” [esvaziar, auto-humilhar, neutralizar, anular, despir- se de uma dignidade justa, descendo a uma condição inferior]. A encarnação afirma especificamente a humanidade de Jesus. A palavra encarnação significa: “o ato de ser feito carne” (Jo 1.14). O apóstolo Paulo explica a verdade da encarnação de maneira muito clara (Fp 2.5-8). Sem a encarnação, Cristo não poderia realmente morrer, e se Ele não pudesse morrer, a cruz não teria sentido. Por isso, o escritor aos hebreus disse: “Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste” (Hb 10.5).
II - A ENCARNAÇÃO DO VERBO E O AUTO-ESVAZIAMENTO
Certa vez o evangelista Billy Graham afirmou com muita propriedade: “O maior acontecimento da história não foi o homem subir e pisar na lua, foi Deus descer e pisar na terra”. A encarnação de Jesus foi maravilhosa em todos os seus aspectos, provando ser Ele o maior e mais importante personagem da história da humanidade. Na encarnação O Deus eterno se fez carne, o Senhor se tornou súdito, o Divino se tornou humano, o Imortal se fez barro, o Rei se fez carpinteiro, o Criador se fez criatura, a Água sentiu sede, o Pão sentiu fome, o Forte sentiu cansaço, o Guarda eterno sentiu sono, o Consolador chorou, a Alegria sentiu tristeza, a Vida se entregou à morte, o Deus inacessível habitou entre nós (Jo 1.14).
2.1 A encarnação de Jesus foi o próprio Deus vindo habitar entre nós (Jo 1.14b). O termo “Emanuel”, que o próprio escritor sagrado traduziu por “Deus conosco” (Mt 1.23), mostra que Deus assumiu a “forma humana” e veio habitar entre os homens: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós [...]” (Jo 1.14); “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu […]” (Is 6.9); “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is 7.14); “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). O apóstolo João, ao afirmar que Jesus habitou entre nós, está falando da Sua encarnação, de uma condição humana. O verbo “habitar” aqui deriva do grego “skenoo”, que significa: “morar em uma tenda, tabernáculo, cabana”. Quando Paulo se refere à Sua divindade (Cl 2.9), afirmando que: “Nele habita toda a plenitude”, ele utiliza o verbo “habitar” derivado da palavra grega “katoikeo”, que se traduz por: “residir, morar de forma permanente” (O corpo é chamado no NT de tabernáculo e quando diz que o “Verbo se faz carne” quer dizer que Ele “tabernaculou-se”. Tabernáculo da ideia de provisório, tenda. Já em Colossenses foi permanente a habitação divina).
2.2 A encarnação e a autoreúncia. A doutrina que trata da autoreúncia de Jesus ao assumir a natureza humana, porém, sem deixar de ser Deus, pois ele não se esvaziou de sua divindade (Fp 2.7,8). Certo teólogo disse que: “Quando Jesus desceu à terra não deixou de ser Deus e quando voltou ao céu não deixou de ser homem”. A encarnação do Verbo de Deus não é um mero conceito teológico [união hipostática]; mas é um dos maiores mistérios das Sagradas Escrituras, sem a qual seria impossível a nossa redenção. Em sua natureza humana, Jesus participou de nossa limitação física e emocional: “Manteiga e mel comerá, até que ele saiba rejeitar o mal e escolher o bem” (Is 7.15). “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens […]” (Lc 2.40); “E o menino crescia e se fortalecia em espírito […]” (Lc 2.52). A Declaração de Fé das Assembleias de Deus nos diz que: “CREMOS, professamos e ensinamos que o Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus e o único mediador entre Deus e os seres humanos, enviado pelo Pai para ser o Salvador do mundo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus […] Cremos na concepção e no nascimento virginal de nosso Senhor Jesus Cristo […] e que ele foi concebido pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria” (Soares [Org.], 2016, p. 59).
2.3 A doutrina da encarnação do “Verbo Divino”, excede todo o entendimento humano. A encarnação de Jesus é resultado da atuação do Espírito Santo, do poder do Altíssimo Deus e da santidade do Filho. A Trindade Santa operou a maravilhosa obra da encarnação do Verbo: “…descerá sobre ti o Espírito Santo… o poder do Altíssimo te cobrirá…o Santo que de ti há de nascer”. O que significa dizer que Cristo, o Deus eterno, tornou-se humano (Fp 2.5-9)? Se não é possível aceitar esta afirmação pela razão, é possível aceitá-la por fé. Desse milagre depende a essência do Evangelho. Foi por meio desse milagre que Jesus veio em semelhança de carne (Rm 8.3), foi feito “descendência de Abraão” (Hb 2.16), “em tudo [...] semelhante aos irmãos” (Hb 2.17).
2.4 A encarnação deu a Jesus condições de ser o Mediador entre Deus e os homens. Jesus participou da carne e do sangue (natureza humana): “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas [...]” ((Hb 2.14). Em tudo foi semelhante a nós: “Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos” (Hb 2.17). Deus lhe preparou um corpo humano de carne e osso: “Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste” (Hb 10.5); “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39); “Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo [...]” (1Jo 4.2,3). A encarnação deu a Jesus condições de ser o mediador entre Deus e os homens: “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2.5).
III- A NATUREZA HUMANA DO VERBO ENCARNADO
O Senhor Jesus Cristo, de forma voluntária, renunciou a glória que possuía nos céus (Jo 17.5), para ser o redentor da humanidade, sujeitando-se as limitações humanas (Fp 2.5-8).
3.1 Natureza humana. João introduz o evangelho dizendo que “o Verbo era Deus” (Jo 1.1-c), mas também que “o Verbo se fez carne” (Jo 1.14-a). O mesmo apóstolo diz que na ceia “recostara sobre o seu peito” (Jo 21.20); e, que “ouviu”, “viu”, “contemplou”, e, “tocou” o Verbo da Vida (1 Jo 1.1). Paulo, por sua vez, declarou que Jesus “que, sendo em forma de Deus [...] esvaziou-se a si mesmo [...] fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.6,7). Os escritores do NT deixaram claro que Jesus tinha todos os atributos físicos dos homens, a saber: ele nasceu de uma mulher (Rm 1.3; Gl 4.4); cresceu fisicamente (Lc 2.52); dormiu (Mt 8.24); comeu (Lc 24.43); sentiu fome (Lc 4.2); sede (Jo 4.7; 19.28); teve cansaço físico (Jo 4.6); chorou (Jo 11.35); sorriu (Lc 10.21) e, foi tentado (Mt 4.1; Lc 22.28; Hb 4.15).
3.2 Jesus, o Verbo encarnado. João afirma que “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós [...]” (Jo 1.14). O que significa dizer que Cristo, o Deus eterno, tornou-se humano (Fp 2.5-9). A doutrina da encarnação do “Verbo Divino” excede todo o entendimento, e só é possível aceitá-la pela fé, pois, desse milagre depende a essência do Evangelho. Foi por meio desse milagre que Deus introduziu no mundo o Primogênito (Hb 1.6); que veio em semelhança de carne (Rm 8.3), foi feito “descendência de Abraão” (Hb 2.16), “em tudo... semelhante aos irmãos” (Hb 2.17). A encarnação deu a Jesus condições de ser o Mediador entre Deus e os homens (I Tm 2.5) e ser o fiel Sumo Sacerdote, para expiar os pecados do povo (Hb 2.17).
3.3 A Bíblia chama Jesus de “homem”. Jesus teve, como qualquer outro homem, a sua genealogia. A Bíblia registra duas genealogias de Jesus: a primeira, da família de José, o pai adotivo de Jesus (Mt 1.1-17); e a segunda, da família de Maria, sua mãe biológica (Lc 3.23- 38). A Bíblia chama Jesus de “homem” acentuando sua encarnação. Quando Pedro falou de Jesus, disse: “[...] Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (At 2.22). Pilatos disse a respeito dEle: “[...] Eis aqui o homem” (Jo 19.5). Jesus disse, falando de si mesmo: “Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido [...]” (Jo 8.40). O apóstolo Paulo, também afirmou que Ele era homem: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1Tm 2.5).
3.4 Jesus declarou ser “Filho do Homem”. A expressão “Filho do Homem” é usada pelos escritores dos evangelhos sinóticos 69 vezes aludindo a humanidade do Cristo (Mt 9.6; 12.8; Mc 8.31; Lc 9.56; 12.8). Embora Maria houvesse concebido de modo sobrenatural pelo Espírito Santo (Lc 1.35), Jesus nasceu como todos os homens nascem (Lc 2.7); participou da carne e sangue (Hb 2.14); teve corpo (Mt 26.12; Lc 24.39), alma (Mt 2.38) e espírito (Jo 11.33). Ele também estava sujeito ao crescimento e ao amadurecimento naturais (Lc 2.40,52), era submisso a seus pais (Lc 2.51) e aprendeu a obediência (Hb 5.8). Jesus teve uma profissão como homem pois era carpinteiro (Mt 13.55), e aprendeu a mesma profissão de José. Por este motivo Ele era chamado de carpinteiro (Mc 6.3). Jesus estava sujeito às limitações humanas. Jesus sentia cansaço (Mt 8.24; Jo 4.4), tinha fome (Mt 4.2) e sede (Jo 4.7; 19.28); e sentimentos humanos, tais como: alegria (Lc 10.21), tristeza (Mc 3.5; Jo 12.27). Ele também chorou (Lc 19.41; Jo 11.35), foi tentado (Mt 4.1-11; Hb 4.15) e, como homem, também morreu (Jo 19.30,34).
IV - OS PROPÓSITOS DA ENCARNAÇÃO DO VERBO
Há inúmeros propósitos na vinda de Jesus a este mundo: (a) prover um sacrifício efetivo pelo pecado (Hb 10.1-10); (b) demonstrar a glória de Deus (Jo 1.14; Lc 2.14); (c) cumprir o decreto de Deus (Gl 4.4); (d) ser o mediador entre Deus e os homens (Hb 12.24; 1Tm 2.5); e, (e) trazer paz aos homens na terra (Lc 2.14b; Ef 2.14-16). Podemos pontuar outros quatro propósitos da encarnação de Jesus:
• Revelar Deus ao homem (Jo 1.18; 14.7-11). Jesus é a “expressão exata” do ser de Deus (Hb 1.3). A encarnação nos revela Deus pessoalmente, daí Jesus ser chamado “Emanuel”, ou seja, “Deus conosco” (Mt 1.23). O Deus transcendente também é imanente (inerente, inseparável) e acessível. A divindade de Jesus em sua humanidade é a chave para o conhecimento íntimo de Deus. Cristo revelou para nós o Deus invisível (Jo 1.18; 1Tm 1.17; Cl 1.15; 19).
• Destruir as obras do diabo. “Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1Jo 3.8).
• Tornar possível a morte do Redentor. Sem a encarnação, o Verbo não poderia morrer, porque Deus não é passível de morte (Hb 2.9).
• Ser o nosso sumo sacerdote (Hb 4.14-16). Jesus viveu como homem, por isso se compadece e intercede por nós a Deus.
CONCLUSÃO
A tentativa gnóstica/docetista de negar as naturezas de Cristo continuam a ser defendidas por grupos heterodoxos em nossos dias, e por isso, precisamos estar preparados para defender com sabedoria a nossa fé.
REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
• FRANGIOTTI, Roque. História das heresias: do século I-VII. PAULUS
• MCGRATH, Alister E. Teologia sistemática, Histórica e Filosófica. SHEDD.
• OLSON, Roger. História da teologia cristã. VIDA
• SILVA, Esequias Soares da. Em defesa da fé Cristã. CPAD
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 12 de Jan de 2025