CARAMURU AFONSO FRANCISCO*

A GUERRA CIVIL DA SÍRIA E SUAS IMPLICAÇÕES ESCATOLÓGICAS

Temos notado, nos últimos dias, nas redes sociais, uma tentativa de apontar a guerra civil da Síria como sendo o cumprimento de uma profecia constante de Isaías, capítulo 17, versículos 1 a 3, onde está escrito: “Peso de Damasco. Eis que Damasco será tirada e já não será cidade, mas um montão de ruínas. As cidades de Aroer serão abandonadas; hão de ser para os rebanhos, que se deitarão sem haver quem os espante. E a fortaleza de Efraim cessará, como também o reino de Damasco e o resíduo da Síria; serão como a glória dos filhos de Israel, diz o SENHOR dos Exércitos”.

Sempre quando há algum fato que sensibiliza a sociedade, não faltam aqueles que buscam um texto bíblico que “demonstre” estarmos diante do cumprimento de uma profecia.

Não se recrimina este comportamento, porquanto sabemos que a Palavra de Deus tem revelado o futuro e temos, sim, de procurar aliar os acontecimentos com as revelações bíblicas, pois isto foi, inclusive, recomendado pelo Senhor Jesus que, ao proferir Seu sermão escatológico, mandou que prestássemos atenção aos fatos, pois, quando eles ocorressem, estaria próxima a nossa redenção (Lc.21:28).

No entanto, a busca da relação entre profecias bíblicas e os acontecimentos deve ser feito consoante as regras de hermenêutica, ou seja, somente se pode interpretar um texto bíblico dentro do contexto, como também usando a própria Bíblia, pois a Bíblia interpreta a Bíblia.

O que se tem observado, infelizmente, é que se procuram textos, sem o devido contexto, para poder basear as ligações entre os fatos e as profecias, o que, invariavelmente, leva a falsas conclusões e a enganos.

Foi assim, por exemplo, quando da destruição das torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001, quando muitos passaram a ver naquele episódio o cumprimento de Sf.1:16, só porque o texto falava em “torres altas”, sem qualquer preocupação com o contexto da profecia, que fala do “grande dia do Senhor”, que nada tinha que ver com os atentados terroristas praticados.

A guerra civil da Síria iniciou-se dentro do movimento chamado de “Primavera Árabe”, em que diversos governos ditatoriais de países árabes passaram a ser questionados pelas populações, num movimento que representou não só espontâneas manifestações populares como também apoio de algumas potências mundiais, interessadas na desestabilização de alguns países árabes, como uma espécie de contraponto ao “fundamentalismo islâmico” de grupos como Al-Qaeda de Osama Bin Laden.

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COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - CARAMURU AFONSO FRANCISCO

* Membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - Sede - São Paulo/SP e colaborador do Portal Escola Dominical