Juvenis

Lição 2 - Oseias - o relacionamento de Deus com Seu povo II

CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2020

Juvenis: Conselhos sociais e espirituais dos profetas menores

COMENTARISTA: DÉBORA MACHADO

COMENTÁRIO: PROF. MARCELO OLIVEIRA DE OLIVEIRA

LIÇÃO Nº 2 – OSEIAS - O RELACIONAMENTO DE DEUS COM O SEU POVO

ESBOÇO DA LIÇÃO

I - CONTEXTO HISTÓRICO

II - ESTRUTURA DO LIVRO

III - A MENSAGEM DE OSEIAS

OBJETIVOS

Refletir sobre a fidelidade nos relacionamentos;

Apontar o pecado como agente escravizador;

Apresentar o propósito das profecias.

O MARAVILHOSO AMOR DE DEUS POR INTERMÉDIO DO CASAMENTO DE OSEIAS

O tema a predominar no livro do profeta Oseias é o amor de Deus. Embora, devido a sua justiça e santidade, e por causa da infidelidade do povo judeu, o Senhor tivesse de punir a nação de Israel, o maravilhoso amor do Altíssimo pelo seu povo é demasiadamente enfatizado no livro profético em estudo. Mas a forma que esse amor seria transmitido foi traumática, pois de acordo com o livro, ela é acompanhada de uma carga emocional intensa tendo como pano de fundo a experiência matrimonial dolorosa do profeta Oseias.

Nesse ponto é possível constatar o que disse o estudioso do Antigo Testamento, Douglas Stuart, na obra de co-autoria com Gordon Fee, Como Ler a Bíblia Livro por Livro, quando ele aponta a existência de Paixão e Pathos na mensagem profética de Oseias. Ou seja, a expressão absolutamente sincera, carregada de emoção e apaixonada do profeta ao transmitir o oráculo divino. O pecado denunciado por Oseias contra a nação (prostituição e adultério espiritual), ocorre simultaneamente em seu matrimônio. Da mesma forma que a nação de Israel se prostitui com outros deuses, a esposa de Oseias se prostitui com outros homens. Essa imagem matrimonial fez de Oseias uma parábola viva ao povo de Israel.

As interpretações acerca do casamento de Oseias

É bem verdade que há uma dificuldade textual e teológica no livro do profeta Oseias. Como Deus, que é justo e santo, poderia permitir, ou melhor, dar uma ordem moralmente iníqua para Oseias casar com uma prostituta? Em primeiro lugar devemos reconhecer que se trata de um texto difícil. Em segundo lugar, identificar que o contexto histórico de que se trata a profecia de Oseias é de descomunal imoralidade, desvario espiritual e completa idolatria. Entretanto, nesta oportunidade nos deteremos na dificuldade textual da mensagem profética.

Como professor, ou professora, que leciona na classe de Escola Dominical, você deve saber que um sinal de que o texto bíblico possui alguma dificuldade de interpretação ou teológica é a ocorrência de uma série de opiniões divergentes por eruditos bíblicos a partir do mesmo texto analisado. Não é assim que ocorre em relação à Escatologia com a existência de várias escolas de interpretações? Aqui, não estamos nos referindo às pessoas que tratam o texto bíblico de maneira irresponsável, mas de devotados e piedosos biblistas que optaram por caminhos distintos em relação à interpretação de um determinado texto das Escrituras, mas que em nenhum momento afrontaram doutrinas basilares da fé cristã.

É importante tomarmos conhecimento das três principais variações em relação ao texto bíblico que narra o casamento do profeta Oseias. Segundo o pastor e exegeta Esequias Soares, no seu Comentário de Oseias (Oseias: A Restauração dos Filhos de Deus, editada pela CPAD), ele afirma que há três interpretações gerais desse casamento representadas por sonho ou visão, alegoria ou parábola e a linha literal. Com o auxílio de estudiosos do Antigo Testamento como Andrew E. Hill e J. H. Walton, da obra Panorama do Antigo Testamento, dialogando com a obra do pastor Esequias Soares e com o Dicionário Bíblico Wycliffe, podemos analisar essas três interpretações:

1. Sonho ou Visão

1.1. Uma simbologia ou visão profética. O casamento do profeta seria hipotético, uma espécie de sonho ou visão profética. Nesse sentido, o casamento de Oseias não seria histórico. Seria os mesmos termos em que a passagem de Ezequiel narra sobre a visita do profeta a Jerusalém (Ez 8–11). Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, essa interpretação foi defendida no período medieval por judeus eruditos como Maimônides.

2. Alegoria ou parábola

A afirmação de que o texto profético trata de uma parábola ou alegoria profética. De todas as linhas, esta é a que mais está desprovida de alicerce textual. Não há nenhum significado alegórico claro que fosse possível ser encontrado no texto profético de Oseias. Não se pode também confundir a imagem que o casamento do profeta se tornou para a nação com a descrição histórica desse casamento.

3. A linha literal

Ainda segundo o pastor Esequias Soares, a maioria dos expositores da Bíblia admite tratar-se de um casamento literal. Entretanto, dentro da perspectiva literal há divergências em relação a pormenores do texto. Vejamos:

3.1. Literalidade do Casamento, mas narrativas distintas. O casamento do profeta teria sido histórico, mas considera os fatos ocorridos no capítulo 1 e 3 em duas ocasiões diferentes da vida do profeta (1º e 2º casamento do profeta com a mesma mulher, Gômer). Assim houve muitas alternativas geradas por essa proposta: a) Gômer não era casta, mas prostituta na ocasião do casamento do profeta; b) Gômer era casta na ocasião do casamento, mas depois se prostituiu; c) Gômer era adúltera na perspectiva espiritual, pois prestava cultos a outros deuses.

3.2. Literalidade do Casamento, mas narrativas paralelas. O casamento de Oseias teria sido histórico e literal, mas considera os capítulos 1 e 3 como duas versões diferentes do mesmo casamento de Oseias com Gômer. 3.3. Literalidade de dois casamentos diferentes. O primeiro casamento de Oseias estaria relatado no capítulo 1 com Gômer ainda virgem; o segundo casamento de Oseias com uma prostituta com identidade desconhecida no capítulo 3.

A Conclusão

Ainda de acordo com o pastor Esequias Soares, e como concorda a maioria dos eruditos bíblicos o casamento literal de Oseias é a opção natural do texto bíblico. O que se refere à literalidade do texto, ele é claro, direto e inconfundível em sua historicidade. Embora haja algumas divergências nos pormenores textuais, como vimos acima, a que mais se aproxima de uma melhor literalidade é a opção que afirma que Gômer não era casta, mas prostituta, na ocasião do primeiro casamento do profeta. E depois, o profeta a toma novamente no capítulo 3.

Mas ainda ouvindo o conselho do pastor Esequias Soares em relação ao casamento de Oseias, devemos optar pela literalidade do texto, mas não devemos dogmatizar uma linha teórica: “um casamento desse parece-nos, de fato, incoerente, mas é o que está escrito. Nem por isso devemos inventar interpretações, pois a hermenêutica tem regras e limites. O casamento de Oseias foi literal e serviu para ilustrar a situação pecaminosa de Israel”. Prosseguindo, o pastor Esequias Soares arremata: “O que não devemos é dogmatizar, pois são interpretações literais possíveis. Além disso, nenhuma delas compromete à fé cristã e nem afeta a salvação”.

O mais importante no texto de Oseias é a amostra do casamento do profeta com Gômer, promovido por Deus, como parábola viva à nação de Israel, a fim de fazê-la se arrepender de seus pecados. Embora o Deus de Israel julgue a infidelidade do seu povo, pois Ele é Santo e Justo, Ele ama incondicionalmente o seu povo e, para além do juízo, oferece esperança para quem se arrepende.

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/juvenis/358-licao-2-oseias-o-relacionamento-de-deus-com-seu-povo.html Acesso em 01 jan. 2020

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