SUPERINTENDENCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2020
Adultos - OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE: a reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias
COMENTARISTA: EURICO BÉRGSTEN
COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO
LIÇÃO Nº 7 – O POVO DE DEUS DEVE SEPARAR-SE DO MAL
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos o momento histórico que exigiu dos repatriados judeus uma postura de separação dos samaritanos para não comprometerem a sua vida espiritual; destacaremos também, o que a Bíblia diz sobre a doutrina da santidade; e por fim, veremos a necessidade do cristão viver uma vida santa.
I – A ORIGEM DOS SAMARITANOS NA BÍBLIA
1.1 A origem dos samaritanos. Depois do reinado de Salomão, o povo de Israel, ou seja, as doze tribos, se dividiu em duas nações: Israel e Judá (1R 12.20). Em Judá, no sul, o povo continuou a adorar a Deus em Jerusalém, mas em Israel, no norte, o povo se virou para a idolatria e misturou a adoração a Deus com outras religiões. A primeira vez que o termo samaritanos aparece nas Escrituras é no período monárquico de Israel (2Rs 17.29). A expressão é advinda do termo hebraico: “shomeroni”, que quer dizer: “habitantes de Samaria”. Já a expressão Samaria tem o significado de: “um posto de vigia” derivado do fato de que a cidade de Samaria era edificada sobre um morro (1Rs 13.32) (CHAMPLIN, 2001, p. 5228 – acréscimo nosso). Quando os assírios conquistaram o reino do Norte (as dez tribos), misturaram intencionalmente as nações que haviam derrotado, o que levou a uma mistura étnica e religiosa (2Rs 17.23-41; Ed 4.10). Desse modo, surgiram os samaritanos, que além de cultivarem o casamento misto, aceitavam parcialmente o Antigo Testamento como Palavra de Deus (consideravam apenas a Torá como Escritura), e que na prática viviam uma espécie de sincretismo religioso, visto que: “[…] ao Senhor temiam e também a seus deuses serviam” (2Rs 17.33; ver Jo 4.22).
1.2 A cidade dos samaritanos. Os samaritanos eram um povo mestiço, formado da mistura de israelitas com outros povos (miscigenação). Samaria inicialmente, tratava-se de um monte em Israel que Onri, sexto rei de Israel, pai do rei Acabe o qual reinava sobre dez tribos do norte, que se apartaram de Jerusalém (1Rs 12.19,20). O rei Onri comprou este monte por dois talentos de prata de um homem chamado Semer, de onde vem o nome “Samaria” ou “Samária” fundou uma cidade a qual deu o nome em homenagem ao dono anterior, e fez dela a capital do seu reino (1Rs 16.24). No período romano, a cidade era conhecida pelo nome de Sebaste (venerável), nome dado por Herodes, o Grande. A mistura étnico-religiosa dos moradores da região começou a se dar a partir de 722 a.C, quando os assírios levaram as dez tribos do Norte para o cativeiro (2Rs 17.26,29,33).
1.3 A natureza dos samaritanos. O escritor sagrado ao se referir aos samaritanos neste contexto os chama de “adversários” (Ed 4.1) do hebraico: “tsare” que significa: “dificuldades, inimigo, opressor, pedra dura”, o que retrata tanto a natureza quanto aos propósitos dos samaritanos, a saber, ser um problema, uma pedra de tropeço, se opor ao povo de Deus na restauração da nação. Ao ouvir que Jerusalém era reconstruída e o Templo restaurado, os adversários perturbaram-se. Eles temiam que, se permitissem que os judeus se estabelecessem em Jerusalém, representaria uma ameaça à sua primazia e ao seu poder político, comercial e econômico (Ed 4.13-16).
1.4 A proposta dos samaritanos. A oferta de ajuda na reconstrução por parte dos samaritanos, tinha aparentemente uma aparência de piedade (Ed 4.2); o que os judeus rejeitaram firmemente (Ed 4.3). Os repatriados já haviam rejeitado alguns que se diziam judeus e não provaram (Ed 2.59-63), de modo que não estavam dispostos a transigir com os princípios divinos. O que havia de tão perigoso na oferta dos samaritanos? Se esse povo começasse a se misturar com o remanescente judeu enquanto ajudavam a reconstruir o Templo, não tardaria para que os dois grupos começassem a se tornar mais íntimos e realizar casamentos mistos, o que era contrário à lei de Moisés (Êx 34.10-17; Dt 7.1-11; 12.1-3), pois Israel era uma nação separada das outras (Nm 23.9). O povo de Deus, na atualidade, deve manter-se igualmente separado e não se envolver com qualquer coisa que o leve a transigir em seu testemunho ou servir de empecilho para a obra de Deus (Am 3.3; 2Co 6.14-7.1; 2Tm 2.3-5). Porém, essa separação não deve ser entendida, em momento algum, como um isolamento (1Co 5.9,10), pois Deus tem uma missão para os cristãos cumprirem neste mundo (Mt 5.13-16; Jo 17.14-18; Fp 2.15). O povo de Deus se separa do mundo a fim de poder testemunhar para o mundo (Hb 7.26; ver Lc 15.1,2; Mt 9.10,11; 11.19).
II - MOTIVOS DA SEPARAÇÃO ENTRE SAMARITANOS E JUDEUS
2.1 A separação foi por motivos étnicos. Em primeiro lugar, podemos dizer que os judeus não se davam com os samaritanos por causa de sua mistura com outros povos (2Rs 17.6,24; Jo 4.9). Os judeus consideravam que os samaritanos não tinham sangue puro; pois eram israelitas que se misturaram com outros povos. Quando a Assíria tomou Samaria, o rei assírio deportou muitos israelitas para outras terras de seu império; e também importou pessoas de outros povos subjugados pela Assíria para viver em Samaria. Os israelitas que continuaram vivendo em Samaria acabaram se misturando com os estrangeiros e assimilando os costumes desses povos.
2.2 A separação foi por motivos religiosos. Em segundo lugar, os judeus não se davam com os samaritanos por causa de diferenças no aspecto religioso (2R 17.7-12,29-34,41). De fato após a queda de Samaria muitos samaritanos misturaram o monoteísmo hebreu com o politeísmo dos povos pagãos que ocuparam aquela região. Mas depois houve um esforço para que os samaritanos fossem instruídos na Lei de Deus; embora muitos deles continuassem a incorporar a adoração ao Senhor em suas práticas idólatras (2R 17.24-41). Com o tempo os samaritanos edificaram seu próprio templo de adoração no Monte Gerizim e tiveram seus próprios sacerdotes. Eles também passaram a considerar a adoração no Templo em Jerusalém inapropriada, alegando, inclusive, que o Monte Gerizim era o único local correto de adoração designado por Deus a Moisés; ao invés do Monte Sião (Jo 4.20-24).
2.3 A separação foi por motivos políticos. Quando os judeus voltaram do cativeiro babilônico, eles receberam permissão para reconstruir o Templo e os muros da cidade de Jerusalém (Ed 1.1-11). Inicialmente os samaritanos se apresentaram a Zorobabel querendo ajudar os judeus na reconstrução do Templo (Ed 4.2). Mas quando tiveram sua ajuda negada, tão logo eles começaram a fazer grande oposição contra os judeus e atrasaram a obra (Ed 4.1-5). Também quando Neemias começou a reconstruir os muros de Jerusalém, um de seus maiores opositores foi Sambalate, o governador de Samaria à época (Ne 2.10,19; 4.1; 6.1).
2.4 A separação foi por motivos morais. A rivalidade entre judeus e samaritanos aumentou ainda mais quando Esdras e Neemias procuraram enfatizar o zelo pela pureza do povo judeu remanescente do cativeiro. Também naquele tempo o neto do sumo sacerdote se casou com a filha de Sambalate, e Neemias o expulsou. Neemias queria limpar o povo de toda influência estrangeira que pudesse perverter a adoração a Deus (Ne 13.28-30). Flávio Josefo ainda destaca que os samaritanos recebiam de braços abertos os judeus que quebravam as leis judaicas. Isto obviamente fazia por aumentar o ódio dos demais judeus (Lc 9.52-56).
III – A SEPARAÇÃO ENTRE SAMARITANOS E JUDEUS E A ILUSTRAÇÃO DE SANTIDADE
De acordo com Andrade (2006, p. 326), santidade nas Escrituras tem dois sentidos básicos: “separação do mal e do pecado; e ainda, a dedicação completa ao serviço do Reino de Deus”. Basicamente, santidade é um “corte” ou seja, a “separação” daquilo que é impuro e uma consagração ao que é puro (TYNDALE, 2015, p. 1656). Viver em santidade é uma necessidade para quem quer viver separado da corrupção do pecado e deseja viver única e exclusivamente para Deus, como o fez o apóstolo Paulo (At 27.23). Então notemos alguns aspectos da santidade:
3.1 Santidade é uma ordem divina. Sendo Deus Santo exige dos seus filhos a santificação (Lv 11.44; Lv 19.1,2; 20.6; 1Pe 1.16). Santidade é o alvo e o propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12.1,2; Ef 1.4; 2.10). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1Pd 1.15-16).
3.2 Santidade é separação. A palavra descritiva da natureza divina é santidade, e seu significado primordial é “separação” (Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18); portanto, a santidade representa aquilo que está em Deus, que o torna separado de tudo quanto seja imundo ou pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa separação tomam-se “santo” (2Co 6.14,15; 2Tm 2.21).
3.3 Santidade é consagração. No sentido de viver uma vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus e dedicada ao serviço divino; o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse serviço. Sendo assim, Deus deu ao seu povo, a nação de Israel, o código de leis de santidade que se acham no livro de Levítico. O padrão de vida de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co 6.16-b). A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2Co 3.18; 7.1; 2Pd 3.18; 2Co 7.1; Hb 12.14). 3.4 Santidade é dedicação. Santificação inclui tanto a separação “de”, como dedicação “a” alguma coisa; essa é a condição dos crentes ao serem separados do pecado e do mundo e feitos participantes da natureza divina, e consagrados à comunhão e ao serviço de Deus por meio do Mediador. Israel é uma nação santa, por ser dedicada ao serviço de Jeová (Êx 19.6); os levitas são santos por serem especialmente dedicados aos serviços do tabernáculo (Nm 8.6-26). A palavra “santo” quando referente aos homens ou objetos, expressa o pensamento de que esses são usados no serviço divino e dedicados a Deus, no sentido especial de serem sua propriedade (2Co 6.17,18).
3.5 Santidade é purificação. Embora o sentimento primordial de “santo” seja separação para serviço, inclui também a ideia de purificação. O caráter de Deus age sobre tudo que lhe é consagrado. Portanto, os homens consagrados a ele participam de Sua natureza. As coisas que lhe são dedicadas devem ser limpas e puras (2Co 7.1) Sendo assim, entendemos que pureza é uma condição de santidade (1Jo 3.3). A santidade é a marca característica de um verdadeiro servo de Deus, tanto no AT, pois, o caráter santo de Deus deveria ser refletido na vida de Israel (Lv 11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é dito que a nossa santificação é a vontade direta e perfeita de Deus para nós (1Ts 4.3).
CONCLUSÃO
Para um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre “secular” e “sagrado” é algo essencial. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus em todos os aspectos deve ser marcada pela santidade . Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino, mesmo atividades comuns devem ser realizadas para a glória de Deus.
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
JONES, Landon. O Deus de Israel: na teologia do Antigo Testamento. HAGNOS.
WIERSBE, Warren W. Comentario Biblico Espositivo do Antigo Testamento. GEGRÁFICA.
STAMPS, Donald C. Biblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. CPAD.
SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento. Vida Nova.
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 05 ago. 2020