ASSEMBLEIA DE DEUS - IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS EM PERNAMBUCO
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
QUARTO TRIMESTRE DE 2025
Adultos - CORPO, ALMA E ESPÍRITO: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo
COMENTARISTA: Silas Queiroz
COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

LIÇÃO Nº 9 – A VONTADE - O QUE MOVE O SER HUMANO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, demonstrar-se-á que a vontade humana, antes da Queda, estava alinhada à vontade de Deus, permitindo a plena comunhão com Ele. Entretanto, após a desobediência, a vontade foi corrompida pelo pecado, passando a estar escravizada. Portanto, nesse estado, a vontade humana, sozinha, é insuficiente, assim, necessitando da Graça de Cristo que liberta a vontade da escravidão do pecado permitindo que ela volte a alinhar-se ao propósito divino.
I – A VONTADE ANTES DA QUEDA
1.1 Definição do termo “vontade”. O vocábulo vontade (do latim voluntas) vincula-se aos sentidos de: a) Capacidade de querer e de escolher, de se impelir para a ação afirmação ou recusa, subjetiva ou objetiva; b) Sentimento que leva as pessoas a se comportarem conforme essa capacidade; c) Necessidade física ou emotiva; d) Arbítrio, deliberação; e) Capricho, impulso; f) Propensão, tendência; g) Deliberação, determinação; h) Empenho, interesse, desvelo, zelo, dedicação (Aulete, 2011, p. 1428). Na teologia bíblica, a vontade é definida como “a faculdade da vontade residente por natureza em todos os seres espirituais; o poder apetitivo de um ser espiritual.
1.2 Distinção entre “vontade” e “intelecto”. A vontade é distinta do intelecto, pois o intelecto é aquele que conhece os objetos; a vontade é aquela que tem um apetite ou desejo por eles. A vontade e o intelecto são dois dos mais sublimes poderes espirituais” (Muller, 2023, p. 432). Antes do pecado, a vontade humana era perfeita e alinhada à vontade de Deus, desfrutando de inocência e harmonia com o Criador. A natureza humana era pura, ou seja, não corrompida, permitindo uma comunhão plena com Deus. A Queda ocorreu quando a vontade humana voltou-se para si, buscando autonomia, o que gerou uma separação e um novo estado de imperfeição. Assim, vejamos algumas características da vontade humana antes do pecado:
• Alinhada à vontade divina. A vontade humana antes do pecado agia em perfeita sintonia com os propósitos e a vontade de Deus – “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã: o dia sexto” (Gn 1.31). Uma vez que tudo o que Deus fez era “muito bom”, o que é interpretado como perfeição, essa perfeição estende-se à criação do universo, do planeta e da vida, culminando na criação do ser humano à sua imagem e semelhança, conforme detalhado no livro.
• Inocência e pureza. Por ser criado à semelhança de Deus, o ser humano possuía todas as faculdades intelectivas em estado de santidade, logo sua vontade e mentalidade eram puras, ou seja, isentas de pecado (Gn 2.16-17).
• Comunhão com Deus. A vontade humana permitia uma relação direta e sem barreiras com o Criador, em um estado de graça e harmonia (Gn 3.8).
• Existência em um centro de amor perfeito. A vida humana era centrada em Deus, que era o objeto de seu amor e obediência (Gn 2.15).
• Comunhão e liberdade. Essa sintonia permitia a Adão e Eva ter livre acesso à presença de Deus e às coisas espirituais, desfrutando de uma comunhão perfeita e da capacidade de escolher o bem (Gn 3.8).
• Dependência da graça. Mesmo em sua perfeição original, a vontade humana dependia da graça divina para viver conforme o propósito de Deus, sendo uma condição de insuficiência mesmo antes do pecado, que é uma necessidade intrínseca à condição de criatura (Gn 2.16-17).
II - A VONTADE DEPOIS DA QUEDA: CONFLITO CONSTANTE ENTRE A NATUREZA HUMANA E O ESPÍRITO SANTO
2.1 A luta interna entre carne e espírito. Conforme Gálatas 5.16-21, existe um conflito constante entre a carne (desejos humanos) e o Espírito Santo dentro do crente, onde escolher andar em um, significa não satisfazer o outro. A vida de quem pratica as “obras da carne” resulta na perda da herança do Reino de Deus: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (vv. 19-21). Dessa forma, o texto descreve uma luta espiritual interna constante entre os desejos da natureza humana (carne) e a vontade do Espírito Santo.
2.2 O termo carne com o sentido de natureza pecaminosa. Na carta aos Romanos, o apóstolo Paulo explica o sentido de carne (do grego sarx) como natureza pecaminosa: “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8.5-7). Nesse contexto, o termo “carne” refere-se à natureza humana pecaminosa e egoísta, em contraste com o “espírito” que é a orientação para Deus. A “carne” representa a inclinação humana para o pecado, os desejos egoístas e as paixões que se opõem à vontade divina. Em um sentido mais restrito e literal, “carne” também pode descrever o corpo físico (do grego soma), mas a maior parte do seu significado teológico está ligada à condição humana em sua relação com o pecado. Isso significa que a “carne” simboliza a fraqueza e a tendência inerente do ser humano para o pecado tornando-se a sede de satisfação dos próprios desejos que busca por “autojustificação”, em vez de confiar na Graça de Cristo.
2.3 O andar na carne e o viver pelo Espírito. O “andar na carne” significa viver dominado por impulsos pecaminosos (sem perder o livre-arbítrio) e afastado dos princípios espirituais e da orientação divina. Em Romanos 6.6, o sentido do “corpo do pecado” que foi crucificado com Cristo, resulta na emancipação do poder do pecado na carne: “sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado”. A única forma de superar esse conflito é ser guiado pelo Espírito Santo, o que conduz a uma nova identidade e ao desenvolvimento do fruto do Espírito: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl 5.16-18). A passagem instrui a viver pelo Espírito Santo, o que impede a satisfação dos desejos da carne. A carne deseja o oposto do que o Espírito deseja, pois com o ato de desobediência, a vontade humana foi corrompida pelo pecado, tornando-se escravizada ao mal e não mais capaz de buscar a Deus ou escolher o que é bom por si mesma, uma vez que o pecado rompeu o vínculo de obediência com Deus, a harmonia entre eles e a harmonia com a criação, resultando em separação e uma natureza humana marcada pela escolha de desafiar a ordem divina. Portanto, a condição pós-Queda é de fraqueza e culpa, e a vontade humana (sozinha), sem a intervenção divina, não pode libertar-se da escravidão do pecado.
III – A ORIENTAÇÃO DO NOSSO SENHOR JESUS E A ATUAÇÃO DO ESPÍRITI SANTO
O Senhor Jesus Cristo demonstra a fragilidade da natureza humana: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41), ressaltando a luta interna entre a vontade espiritual (o que a mente e o coração desejam) e a fraqueza física ou as inclinações do corpo (a carne). Ela serve como um alerta para a necessidade de vigilância e oração constante, pois a tentação é constante aqui nesse mundo. Em um sentido mais amplo, pode ser interpretada como a fragilidade humana em seguir um plano ou propósito espiritual, uma vez que sua condição é inclinada, naturalmente após o pecado, à alimentação de sua natureza morta. Por isso que a vinda de Jesus “na carne” é fundamental, pois venceu o pecado e oferece a salvação, tornando a Sua carne (sacrifício) o próprio meio da redenção. Veja-se a importância do Espírito Santo atuando na vontade humana conforme o texto de Gálatas 5.16-26:
• O Espírito Santo impede as ações da natureza humana pecaminosa (vv. 16-17).
• O Espírito Santo liberta da condenação da Lei (vv. 18-21).
• O Espírito Santo faz frutificar (vv. 22-24).
• O Espírito Santo guia-nos em todo nosso viver (vv. 25-26).
3.1 A gragça de Deus liberta o homem da escravidão do pecado. Por mediação da Graça de Deus, concedida através de Jesus Cristo, é que o ser humano pode ser liberto da escravidão do pecado, pois a libertação desta escravidão permite que a vontade, agora renovada e livre pela fé, possa escolher, verdadeiramente e livrimente, o que é bom e agradável à vontade de Deus. “Mas se Deus tem que tomar a iniciativa, perguntamos ainda, Será que o faz arbitrária e irresistivelmente? Parece-nos que a resposta é negativa nos dois aspectos. Deus é soberano em Seu universo, mas age de acordo com Sua natureza e com o propósito definido de que a vontade do indivíduo seja reconhecida” (Thiessen, 2014, p. 212).
3.2 A graça de Deus e o livre-arbítrio humano. O livre-arbítrio é uma faculdade intelectiva inerente ao ser humano que permite a tomada de decisão depois que o homem é convencido pelo Espírito Santo (Jo 16.8), assim, ao arrepender-se, alcança a liberdade que é a condição de estar livre do pecado. Portanto, Adão, após pecar, não perdeu o livre-arbítrio (faculdade interior), assim como não perdeu a memória, que é outra faculdade intelectiva, mas perdeu a liberdade (condição espiritual de comunhão com Deus), por isso que, ao atender ao chamado da pregação conhecendo a Verdade, o homem volta a ter a comunhão com Deus (Jo 8.32), que é a restauração da natureza humana antes dominada, agora liberta em Cristo Jesus (Jo 8.36). Ao ser guiado pelo Espírito Santo, o homem confirma que não está sob a Lei, mas na Graça, o que é uma condição de liberdade para viver uma vida transformada que é um contraste com as obras da carne.
CONCLUSÃO
O pecado trouxe a separação e a introdução da inclinação para o mal, que se manifesta como um impulso do apetite sensível, contrário aos ditames da razão humana, dessa forma, o texto de Gálatas 5 chama-nos à decisão, uma vez que o crente deve escolher, conscientemente, seguir o Espírito Santo em vez de ceder aos desejos da carne, para que possa desfrutar da herança prometida e não ser excluído do Reino de Deus. Essa transformação da vontade carnal para espiritual é um processo contínuo de santificação, resultado de uma busca íntima e de um relacionamento constante com Deus em frutificação espiritual. REFERÊNCIAS
• AULETE, Caldas. Novíssimo Aulete dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Lexicon, 2011.
• BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Corrigida. Tradução de João Ferreira de Almeida. SBB, 2013.
• MULLER, Richard A. Dicionário de termos teológicos latinos e gregos: introdução à linguagem técnica presente nas obras acadêmicas. CPAD, 2023.
• QUEIROZ, Silas. Corpo, alma e espírito: a restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de cristão. CPAD, 2025.
• THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em teologia sistemática. Editora Batista Regular, 2014.
Fonte: https://redebrasiloficial.com.br/licao_ebd.php Acesso em 23 de Nov de 2025
