Adultos

Lição 1 - O Homem — Corpo, Alma e Espírito V

ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - GUARULHOS

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

QUARTO TRIMESTRE DE 2025

Adultos - CORPO, ALMA E ESPÍRITO: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo

COMENTARISTA: Silas Queiroz

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

 

LIÇÃO Nº 1 – O HOMEM: CORPO, ALMA E ESPÍRITO

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos a respeito da natureza do ser humano. Veremos que o homem é constituído de corpo, alma e espírito (1Ts 5.23). Analisaremos a natureza moral concedida ao homem no momento de sua criação, pois fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Destacaremos que essa natureza moral implica responsabilidades diante do Senhor e dos homens, e que, mesmo após a queda no Jardim do Éden, é possível ao ser humano responder positivamente a Deus por meio de Cristo e ter sua natureza moral restaurada em santidade.

I – A NATUREZA DO HOMEM

Segundo Gênesis 2.7, o homem é formado por duas substâncias: a material, o corpo, e a imaterial. Entretanto, de acordo com 1 Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12, o ser humano compõe-se de três substâncias: espírito, alma e corpo (Permaln, 2009, p. 106). Essa concepção é chamada de tricotomia, pois ensina que a constituição da natureza humana é tríplice. Em 1 Coríntios 2.14-16 e 3.1-4, o apóstolo Paulo descreve o homem “natural” — termo que literalmente significa “pertencente à alma” —, o homem “carnal” e o homem “espiritual”. Nessas passagens, a natureza humana é apresentada como formada de uma parte externa, o corpo ou a carne, chamado “homem exterior”, e de uma parte interna, o “homem interior”, composta de espírito e alma (Silva, 2017, p. 78). A Bíblia apresenta a doutrina da tricotomia também na pessoa de Jesus, que é mostrado possuindo: (a) corpo (Lc 24.39; Jo 1.14; 20.24-28; 1Co 15.3-8; Cl 2.9; 1Jo 1.1); (b) alma (Mt 26.38; Mc 14.34); e (c) espírito (Mt 27.50; Lc 23.46; Jo 19.30). Dessa forma, a tricotomia é a visão que mais se harmoniza com as Escrituras Sagradas.

II – A NATUREZA TRICOTÔMICA DO SER HUMANO

2.1 O corpo. No hebraico, a palavra para corpo é “basar”, e no grego, “soma”. O corpo é a parte tangível, visível e temporal do homem (Lv 4.11; 1Rs 21.27; Sl 38.4; Pv 4.22; Sl 119.120; Gn 2.24; 1Co 15.47-49; 2Co 4.7). É a porção que se separa na morte física. A Bíblia relata a criação do corpo humano (Gn 1.26-28; 2.18-25), cuja estrutura revela uma complexidade que a teoria da evolução não consegue explicar (Renovato, 2019, p. 22). O corpo é o invólucro do espírito e da alma (Gn 35.18; Dn 7.15), o “homem exterior”, que se corrompe, envelhece e é mortal. O ser humano, como criatura perecível, é descrito assim: “porque toda a carne é como a erva” (1Pd 1.24). Rejeitamos, portanto, a ideia de que o corpo seja a prisão da alma e do espírito ou que seja inerentemente mau e insignificante, pois ele é templo do Espírito Santo e templo de Deus, uma vez que o Espírito habita em nós (1Co 3.16,17; 6.19). O corpo é de grande valor, pois Deus o ressuscitará: “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção” (1Co 15.42) (Silva, 2017, p. 78).

2.2 A alma. A palavra hebraica para alma é “néfesh”, que ocorre 754 vezes no Antigo Testamento. Conforme Gênesis 2.7, seu significado primário é “possuidora da vida”. Biblicamente, a alma é: sede do apetite físico (Nm 21.5), das emoções (Sl 86.4), dos desejos bons ou maus (Ec 6.2; Pv 21.10), das paixões (Jó 30.25), do intelecto (Sl 139.4), do afeto (Ct 1.7), da vontade (Jó 7.15) e da moralidade (Gn 49.6) (Silva, 2017, p. 80). “Alma” é um termo polissêmico — uma mesma palavra com vários significados dependendo do contexto. Pode referir-se: (a) a animais (Gn 1.20,24,30; 9.12,15,16; Ez 47.9); (b) ao sangue, essencial à existência física (Gn 9.4; Lv 17.10-14; Dt 12.22-24); (c) ao apetite físico (Nm 21.5; Dt 12.15,20,21; 23.24; Jó 33.20; Sl 78.18; 107.18; Ec 2.24; Mq 7.1); (d) às emoções (Jó 30.25; Sl 86.4; 107.26; Ct 1.7; Is 1.14); (e) à vontade e à ação moral (Gn 49.6; Dt 4.29; Jó 7.15; Sl 24.4; 25.1; 119.129,167); (f) a um indivíduo ou pessoa (Lv 7.21; 17.12; Ez 18.4); ou pode ser usada com sufixo pronominal para denotar o próprio “eu” (Jz 16.16; Sl 120.6; Ez 4.14) (Douglas, 2007, p. 39). No Novo Testamento, o termo equivalente é “psiqué”, com o mesmo significado (Ef 6.6; Fp 1.27; Cl 3.23; Rm 11.3; 16.4; 1Co 15.45; 2Co 1.23; Fp 2.30; 1Ts 2.8). A alma é a parte imaterial do ser humano, tanto cognitiva quanto emotiva, podendo relacionar-se com o sagrado (Rm 7.25) ou com as impurezas do pecado (Rm 8.7 – ARA) (Brunelli, 2016, p. 52).

2.3 O espírito humano. No Antigo Testamento, a palavra hebraica “ruah”, derivada de um verbo que significa “respirar” ou “soprar”, é usada cerca de 400 vezes. Pode ser traduzida como “sopro” (Sl 18.15), “vento” (Gn 8.1) ou “espírito”. No Novo Testamento, o termo grego “pneuma”, ligado ao verbo “soprar” ou “respirar”, pode significar “sopro” (2Ts 2.8) ou “vento” (Jo 3.8), mas mais frequentemente refere-se a “espírito”, seja de Deus, do homem ou de outros seres espirituais (Tenney, 2008, p. 534). A Bíblia ensina que o espírito humano: (a) pode ser despertado (Ed 1.1,5) ou perturbado (Gn 41.8); (b) alegra-se (Lc 1.47) ou é quebrantado (Êx 6.9); (c) prontifica-se (Mt 26.41) ou se endurece (Dt 2.30); (d) pode ser paciente (Ec 7.8), soberbo ou humilde (Mt 5.3); (e) necessita de autodomínio (Pv 25.28); (f) é por meio dele que se adora ao Senhor (Jo 4.23,24), sendo o centro da devoção a Deus (1Co 14.15).

III – A NATUREZA MORAL DO SER HUMANO

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27), o que demonstra que sua essência é moral. Essa natureza moral e espiritual, mesmo de modo imperfeito, reflete o caráter de um Criador santo e perfeito (Rm 2.11-15).

3.1 A consciência humana evidencia a natureza moral. Certo teólogo definiu a consciência como a “faculdade humana que torna o homem instintivamente cônscio das regras universais e obrigatórias de conduta” (Champlin apud Jerônimo, 2004, p. 870). Essa consciência fundamental do bem e do mal, concedida na criação, quando Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26; Rm 2.14,15), torna o ser humano um ente moral, responsável por seus atos diante de Deus e dos homens (Rm 2.1).

3.2 A natureza moral diferencia o homem dos animais. Os animais foram criados por ordem divina, conforme sua espécie, mas o homem é uma criação especial: coroado de honra e glória e constituído sobre as obras de Deus (Hb 2.7). Esse fato já o distingue dos animais; contudo, o aspecto moral, que o torna responsável por seus atos, é algo único. Questões morais pertencem apenas aos homens. Por isso, um dia todos serão julgados perante o Senhor (Ec 12.14; 1Co 4.5; 2Co 5.10).

3.3 A natureza moral foi corrompida pelo pecado. Quando o homem pecou, sua natureza moral santa — pois “Deus fez o homem reto” (Ec 7.29) — foi corrompida, e ele passou a ser pecador, afastado de Deus (Rm 3.23; 5.12-19). Sua mente tornou-se entenebrecida (Ef 2.2,3; 4.18), e sua moral, corrompida. Entretanto, essa condição não o isenta de responsabilidades diante de Deus, pois, mesmo alienados, os homens não estão destituídos da consciência moral: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.14,15). Por essa razão, a Palavra de Deus declara que o homem pode tanto aceitar quanto rejeitar a Deus conscientemente (Mc 16.15,16; Jo 3.16-18; Rm 10.11-14). É a responsabilidade moral que permite essa decisão.

IV – A RESTAURAÇÃO DA NATUREZA MORAL

4.1 A restauração da natureza moral é possível a todos os homens. Assim como o pecado alcançou a todos (Rm 5.12), a graça de Deus também se estende a todos: “Pois, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm 5.18). A graça salvífica não é apresentada nas Escrituras como algo limitado, mas oferecida a todos “[...] para exercer misericórdia para com todos” (Rm 11.32; cf. Is 45.22; Mt 11.28; Tt 2.11; Jo 1.7,9; 1Jo 2.2), inclusive aos que a rejeitam: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1.11). A restauração da natureza moral é possível a todos os homens unicamente por meio de Cristo Jesus.

4.2 A restauração devolve-nos a filiação divina. Após a queda, todos, por natureza, são “filhos da ira” (Ef 2.3), sob a influência do mundo e escravos dos desejos da carne (Ef 2.2), tendo como pai o diabo (Jo 8.40,41,44). No entanto, quando cremos no Evangelho e confessamos Cristo como Senhor, somos selados com o Espírito Santo (Ef 1.13,14) e introduzidos na família de Deus (Ef 2.19), que testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.14-17; 1Pd 1.3,23; 2Pd 1.4; 1Jo 3.9; 5.18).

4.3 A restauração em Cristo nos concede uma nova natureza moral. Quando o homem aceita Jesus e recebe a salvação, passa a ter “a mente de Cristo” (1Co 2.16). Seus padrões morais tornam-se pautados pela Palavra de Deus. As definições de certo e errado ajustam-se ao padrão de santidade divina (1Co 1.2; 6.11; Hb 10.10; 12.14; 1Pd 1.15,16; Ap 22.11). Sua mente é renovada no Senhor (Rm 12.2), busca as coisas do alto (Cl 3.1) e é guiado pelo Espírito Santo (Jo 14.26). Assim, a natureza moral do cristão baseia-se na santidade ao Senhor, em contraste com o mundo do pecado (Ef 4.17).

CONCLUSÃO

A natureza do ser humano é, essencialmente, uma natureza moral, pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Com o pecado de Adão, essa natureza foi corrompida; contudo, em Cristo, ela pode ser restaurada em santidade, permitindo ao pecador viver novamente conforme o propósito divino.

REFERÊNCIAS

• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.

• DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia - Edição Revisada -

• PEARLMAN, M. Conhecendo as doutrinas da Bíblia.

• QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A Restauração Integral do Ser Humano Para Chegar à Estatura Completa de Cristão. CPAD.

• RENOVATO, Elinaldo. Tempo, Bens e Talentos. CPAD

• SILVA, E. S. da. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.

• TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Vol.2 CULTURA CRISTÃ

Fonte: https://redebrasiloficial.com.br/licao_ebd.php Acesso em 29 de Set de 2025

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