Adultos

Lição 8 - Uma Igreja que enfrenta os seus problemas V

ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - GUARULHOS

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

TERCEIRO TRIMESTRE DE 2025

Adultos - A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições

COMENTARISTA: José Gonçalves

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

 

LIÇÃO Nº 8 – UMA IGREJA QUE ENFRENTA OS SEUS PROBLEMAS

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos os primeiros versículos capítulo 6 de Atos dos Apóstolos, onde Lucas registra a escolha dos sete diáconos para atender as necessidades da igreja em Jerusalém. Veremos a definição dos termos “enfrentar” e “problemas”; explicaremos o problema da desigualdade na assistência social, bem como a escolha dos sete diáconos; descreveremos o ministério de diácono na Igreja hoje; e, finalmente, elencaremos a decisão dos apóstolos de se dedicarem a oração e a Palavra de Deus.

I – DEFINIÇÃO DOS TERMOS “ENFRENTAR” E “PROBLEMAS”

1.1 Definição do termo “enfrentar”. Antônio Houaiss (2011, p. 1146) define o verbo “enfrentar” como “colocar-se diante de”, “defrontar-se com algo ou alguém”, como estar em frente, encarar fisicamente. Encarar com coragem; como enfrentar uma situação com coragem ou destemor. Fazer frente, lidar com uma dificuldade ou adversário como enfrentar um desafio, problema ou obstáculo”. Em resumo, “enfrentar” envolve se dirigir ou colocar-se diante de algo ou alguém (fisicamente ou simbolicamente). Também carrega o sentido de encarar com coragem, de fazer frente a acidentes, problemas ou opositores.

1.2 Definição do termo “problema”. Segundo o dicionarista Antônio Houaiss (2011, p. 2301), “problema” pode ser definido como “uma dificuldade ou obstáculo que coloca à prova a capacidade de resolução de alguém. Um desafio cognitivo ou prático, uma questão complexa a ser enfrentada ou solucionada”. A igreja de Jerusalém enfrentou diversos tipos de problemas, tais como: a) perseguição religiosa (At 4.1-3; 5.17-18; 7.54-60; b) hipocrisia e mentira, por parte de Ananias e Safira (At 5.1-11); c) conflito cultural entre judeus e gentios convertidos (At 15.1-29); além de outros. Porém, em meio a todos esses problemas, a igreja venceu por meio da oração, do ensino da Palavra e das decisões guiadas pelo Espírito Santo e pela liderança apostólica.

II - O PROBLEMA DA DESIGUALDADE NA ASSISTÊNCIA SOCIAL E A ESCOLHA DOS SETE DIÁCONOS

Como resultado do crescimento da Igreja (At 6.1), logo surgiram os primeiros problemas. Neste capítulo em especial, verificamos a murmuração dos crentes helenistas, judeus do mundo grego-romano de cultura e língua gregas, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária. A solução para o problema foi “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6.3). É a instituição dos diáconos que estariam sendo separados para “servirem ás mesas” (At 6.2). Embora não chamados aqui de diáconos, entretanto, os sete são realmente chamados de diakonoi (Rm 16.1; Fl 1.1; 1Tm 3.8,12; 4.6). O termo diakonoi, relaciona-se com diakonia [serviço], a palavra mais usada no Novo Testamento para descrever o serviço cristão normal. Tendo amplo uso nas Escrituras, descreve o ministério do povo de Deus em geral (Ef 4:12), bem como o ministério dos apóstolos (At 1.17,25). Até mesmo o próprio Jesus o utiliza, para descrever seu propósito primário (Mc 10.45). Em termos simples, os diáconos são servos no sentido mais fiel da palavra. Este fato é acentuado por Paulo ao alistar as qualificações para o diaconato (Tm 3.8-13).

2.1 “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos [...]” (At 6.1,2). A igreja primitiva desenvolvia um trabalho de assistência aos irmãos carentes e necessitados, mas com o crescimento da comunidade cristã, tornou-se cada vez mais difícil distribuir os bens de modo eficaz, o que levou algumas viúvas a serem esquecidas na distribuição diária de alimentos (At 6.1-b). Surgiram queixas de que os helenistas (os judeus de fora de Israel), estavam sendo negligenciados pelos hebreus (os judeus nascidos em Israel). Os apóstolos não tinham como lidar sozinhos com o numeroso grupo e ainda assim garantir uma distribuição justa (At 6.2). Para isto foi necessário a nomeação de diáconos para este importante trabalho filantrópico enquanto os apóstolos se ocupariam com a oração e a Palavra (At 6.2-4). Como podemos ver, Deus disponibiliza diversos ministérios “serviços” para atender a igreja nas suas diversas necessidades (1Co 12.5; Ef 4.11).

2.2 “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós [...]” (At 6.3-a). Os apóstolos pediram, portanto, que se escolhessem sete assistentes para garantir que todos fossem atendidos (At 6.3). Embora tenha sido a igreja que reconheceu as pessoas aptas para este ministério, os tais só seriam constituídos por meio do governo da igreja (At 6.3-a). Em Atos 6.3-b, Lucas registra quais foram os critérios para esta nomeação: a) qualificações morais: “boa reputação”; b) qualificações espirituais: “cheios do Espírito Santo”; e c) qualificações intelectuais: “e de sabedoria”.

2.3 “E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos” (At 6.6). Após a indicação dos nomes, os apóstolos confirmaram a escolha, apresentando-os diante da igreja e lhes conferindo autoridade com a imposição de mãos a fim de exercerem o serviço para o qual foram chamados (At 6.6). Os resultados da nomeação, e separação destes diáconos foram os seguintes: a) oportunidade para os apóstolos continuarem seu ministério (At 6.3,4); b) satisfação da igreja (At 6.5); e, c) crescimento para a obra do Senhor (At 6.7).

III – O MINISTÉRIO DE DIÁCONO NA IGREJA HOJE

A palavra diácono no grego: “diákonos” denota primariamente: “criado, servo”, quer aquele que faz trabalhos servis, ou o ajudante que presta serviços voluntários, sem referência particular ao seu caráter. A palavra está provavelmente relacionada com o verbo: “diõko” que significa “apressar-se após, perseguir” (talvez dito originalmente acerca de um corredor). Ocorre no Novo Testamento em alusão: a) aos criados domésticos (Jo 2.5,9); b) ao governante civil (Rm 13.4; Gl 2.17); c) a Cristo (Rm 15.8; Gl 2.17); d) aos seguidores de Jesus em sua relação com o Senhor (Jo 12.26; Ef 6.21; Cl 1.7; 4.7); e) aos seguidores de Jesus em relação uns com os outros (Mt 20.26; 23.11; Mc 9.35; 10.43); f) aos servos de Cristo no trabalho de orar e ensinar (1Co 3.5; 2Co 3.6; 6.4; 11.23; Ef 3.7; Cl 1.23,25; 1Ts 3.2; 1Tm 4.6); g) àqueles que servem nas igrejas (Rm 16.1 [usado acerca de uma mulher só aqui no NT]; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12); e, h) aos falsos apóstolos, servos de Satanás (2Co 11.15) (VINE, 2002, p. 563, grifo nosso).

3.1 Quem são os diáconos. “É um encargo sob a direção do ministro da igreja (At 6.3), relacionado com os serviços de ordem material e social. A Bíblia faz referência a alguns desses encargos da esfera dos diáconos, como o repartir, o exercer misericórdia (Rm 12.8) e o socorrer (1Co 12.28). Conforme o modelo do Novo Testamento, os diáconos não tomavam parte na administração e direção da igreja, mas, além de fazer serviços materiais e sociais, alguns cooperavam na pregação da Palavra, como Estevão (At 6.8,10) e Filipe (At 6.5; 8.4)” (Bergstén, 2007, p. 117).

3.2 A ampliação desse ministério. “O ofício e a função dos diáconos tiveram começo no tempo dos apóstolos, conforme a descrição do sexto capítulo do livro de Atos; mas a passagem do tempo tal como sucede a tudo mais, ampliou o escopo e a natureza do ofício, até que o mesmo se tornou uma posição eclesiástica (1Tm 3.8-13). A própria palavra diácono é usada de várias maneiras, nas páginas do NT, subentendendo serviço de qualquer espécie, espiritual ou material” (Champlin, 2005, p. 312). “Os diáconos poderão realizar diversas tarefas, na Casa do Senhor, com dignidade, cuidado e zelo, 'de todo coração, como ao Senhor, e não aos homens' (Cl 3.23). A função principal dos diáconos, atualmente, é auxiliar o pastor ou ao dirigente da congregação, nas atividades espirituais, ligadas ao culto ou não, bem como nas atividades sociais e materiais da igreja, para as quais for designado” (Renovato, 2014, p. 144).

3.3 A especialidade desse ministério. “Os dons listados por Paulo em Romanos 12 (dons de serviço) são tão necessários e importantes a Igreja como os dons de 1Coríntios 12 (dons espirituais). O dom de socorro, por exemplo, no grego “antilempseis”, indica que toda sorte de ações úteis pode ser inspirada pelo Espírito Santo. O verbo correspondente é usado para referir-se a auxiliar os enfermos (At 20.35) e a servir melhor os mestres (1Tm 6.2)” (Horton, 2006, p. 122). A partir da definição da palavra diácono (servo) e da função do mesmo que é servir, percebe-se claramente que o “dom de socorro” ou “exercer misericórdia” é a especialidade do diaconato (Rm 12.8; 1Co 12.28).

IV – O MINISTÉRIO DA ORAÇÃO E DA PALAVRA DE DEUS

Diante de uma crise na distribuição de mantimentos às viúvas, os apóstolos reconheceram que, embora a necessidade fosse legítima, sua principal responsabilidade era manter o foco na oração e no ensino da Palavra de Deus. Ao delegarem tarefas administrativas a homens espiritualmente capacitados, os apóstolos demonstraram que uma liderança eficaz sabe discernir seu chamado e organizar o corpo de Cristo com sabedoria (At 6.4). Vejamos alguns exemplos do ministério da oração e da Palavra de Deus por parte dos apóstolos no livro de Atos.

4.1 O ministério da oração: Os apóstolos oraram buscando direção de Deus para escolher o substituto de Judas (At 1.24,25); Pedro e João subiam ao templo à hora da oração (At 3.1); Depois de serem ameaçados, os apóstolos oram por ousadia (At 4.2431); A escolha dos sete diáconos foi feita com oração (At 6.6); Pedro e João oram pelos samaritanos convertidos (At 8.15).

4.2 O ministério da Palavra: Os apóstolos eram responsáveis por ensinar a doutrina de Cristo com fidelidade (At 2.42). O crescimento numérico e espiritual da igreja estava ligado à pregação da Palavra (At 6.7). Os apóstolos que haviam sido educados e treinados aos pés do Mestre dos mestres continuavam a missão de instruir a nova igreja [...] O ensinamento dos apóstolos é a transmissão fiel do que Jesus ensinou” (Gonçalves, 2025, pp. 32,33).

CONCLUSÃO

A igreja em Jerusalém estava crescendo rapidamente. Surgiu um problema na distribuição diária de mantimentos, especialmente com as viúvas helenistas. Os apóstolos decidiram que não era apropriado negligenciar o ministério da Palavra para cuidar da distribuição. Por isso, estabeleceram sete homens cheios do Espírito e sabedoria para esse serviço (diaconia), enquanto os apóstolos se dedicariam a oração e a Palavra de Deus. O resultado dessa decisão foi o crescimento saudável da igreja e a expansão do evangelho: “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos; e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.” (At 6.7).

REFERÊNCIAS

• BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.

• CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.

• GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. CPAD.

• PEARLMAN, Myer. Atos: A Igreja Primitiva na força e na unção do Espírito Santo. CPAD.

• RENOVATO, Elinaldo. Dons espirituais e ministeriais. CPAD.

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 17 de Ago de 2025

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