Achando coisas perdidas

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NEY GOMES*

ACHANDO COISAS PERDIDAS

“E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se...” (Luc 10. 31- 34 - ACF)

Amar o próximo começa com quem está próximo! Parece ser uma pegadinha, mas precisamos lembrar, que quase sempre é o óbvio que deixamos passar despercebido. E é disso, que Jesus trata de maneira tão objetiva na parábola do “bom samaritano” (v. 29). Que ser MISSIONAL (sou importante aqui) é tão necessário quanto ser MISSIONÁRIO (sou importante lá). Que a MISSÃO de restaurar a humanidade começa onde qualquer pessoa está caída (v. 33).

A tragédia maior do Cristianismo é gente que deseja ser importante lá, mas que não tem a menor importância aqui e em nenhum outro lugar por onde passou. Está oculto na parábola a mensagem sobre a importância de se ser um forasteiro de qualidade (I Pe 2. 11). De ter qualidade no estar e não somente no ir. Verdade essa bem expressa no sacerdote e no levita, que buscavam chegar bem onde desejam, evitando a todo custo ‘contratempos’. A igreja brasileira esteve tão preocupada nas últimas décadas em somente enviar (ser missionário), que abandonou o diálogo sobre a qualidade do permanecer (ser missional). E agora, comete o erro inverso.

É na parábola que Jesus nos ensina que aquilo que vou fazer lá, não deve ser tão importante que não me permita fazer aqui também (Cl 2. 6). E é naquele que fora a terrível fera de Gadara, que encontramos a melhor descrição disso (Mc 5. 4). Ao tentar subir no barco com os discípulos, o homem agora restaurado recebe uma negativa de Jesus para o seguir adiante. Imagino eu o que Jesus fala: “Quem disse que você vai ser importante lá? Volte! E seja importante aqui! Missional tem sido por muitos, considerado um 'neologismo’. Mas, na verdade, como percebemos aqui, é apenas uma palavra que foi redescoberta recentemente. Enterrada, sob poderosas camadas de legalismo, humanismo e metodologias sem fim.

“Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti”

(Mc 5. 19)

Em Antioquia, lugar onde os primeiros seguidores de Cristo receberam definição (At 11. 26), surge novamente essa discussão. São 5 líderes em Atos 13. 2 são escolhidos para serem ‘missionários’, mas outros 3 permanecem para serem ‘missionais’. O que gentilmente Lucas nos ensina, é que não deveríamos mandar qualquer pessoa para o ‘missionário’. E nem tão pouco, deixar qualquer pessoa para o ‘missional’. É claro que devemos ser levados pelo desejo do Pai (Jo 3. 16). Mas, devemos também ser tomados pelo ideal do Filho: que um Cristianismo cheio do Espírito Santo funciona em qualquer lugar, sob qualquer condição ou circunstância (At 8. 1- 4).

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PR. NEY GOMES

* Pastor auxiliar na Comunidade Evangelística Internacional - Casemiro de Abreu/RJ