Lição 4 - Quando se vai a glória de Deus V

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SUPERINTENDENCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

QUARTO TRIMESTRE DE 2022

Adultos - A JUSTIÇA DIVINA - A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA: ESEQUIAS SOARES DA SILVA

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

 

LIÇÃO Nº 4 – QUANDO SE VAI A GLÓRIA DE DEUS

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos uma definição exegética do termo glória; pontuaremos o que causou o afastamento da glória de Deus; estudaremos o histórico do afastamento da glória de Deus e a consequente destruição do templo; analisaremos a restauração do templo e o retorno da glória de Deus; e por fim, elencaremos a santidade como um veículo da glória de Deus na vida do crente.

I - DEFINIÇÃO DO TERMO GLÓRIA NAS ESCRITURAS

1.1 Definição exegética do termo glória. O vocábulo mais comum para glória é “kavôd” que significa: “glória, peso, esplendor, copiosidade, majestade, riqueza” dando a ideia de alguma coisa muito importante (Ez 1.28). A glória de Deus é a revelação de Seu próprio ser, da natureza e da Sua presença para a humanidade e leva o homem a reconhecer a grandeza de Deus e a sua pequenez e indignidade (Is 42.8; 48.9-11; 60.2). Na Bíblia, a glória de Deus está muitas vezes associada a: “brilho, esplendor e a majestade do Todo-Poderoso” (Ez 1.28; Lc 2.9; Mt 17.5). Ela descreve a presença visível de Deus como uma nuvem escura, trovões, relâmpagos (Êx 19.9,16,18; 20.18). A manifestação física de que a presença de Deus estava chegando (a glória de Deus) poderia ser a aparência de um fogo consumidor (Êx 24.17; Dt 4.24; Hb 12.29), no caso de Sua autoridade e Seu poder serem vistos. Em outros casos, quando Seu propósito era outro e Ele desejava mostrar outro aspecto do Seu caráter, ao invés de fogo (Êx 13.21; Nm 9.15-16) aparecia nuvem, fumaça, vento ou, então, o cicio suave (BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRAS CHAVES, 2011, p. 1700).

II - O QUE CAUSOU O AFASTAMENTO DA GLÓRIA DE DEUS?

Para entendermos as consequências; “perca da glória de Deus”, precisamos antes analisar as causas que levaram a perca dela, podemos afirmar que foram “cinco princípios quebrados” que levaram a glória a se retirar, e consequentemente a ruína espiritual do templo e sua destruição:

2.1 A quebra do princípio da confiança e dependência em Deus (Ez 7.19). Israel foi colocado na terra de Deus, para depender Dele, porém ao longo dos anos passou a confiar em si mesmo (Jr 17.5) e em suas alianças políticas (2Rs 16.7-9) neste caso com a Assíria e Egito.

2.2 A quebra do princípio do zelo (Ez 7.9; 9.6). Israel precisava manter um padrão de excelência em relação a sua vida, mas preferiu beber em fontes rachadas (Jr 2.13), por onde entrava tudo. Isso fala da falta de zelo, de cuidado, de aceitação de padrões distintos.

2.3 A quebra do princípio da justiça (Ez 9.4-10). Um Deus justo e Santo não pode aceitar que seu povo cometa injustiça, e Israel como as demais nações estavam vivendo de uma forma tão terrível que a justiça não era algo real, e Deus precisava intervir (Hc 1.3-4).

2.4 A quebra do princípio do conhecimento da palavra (Ez 11.12). Conhecer a Deus, esse deve ser o objetivo de todos nós, porém ao longo dos séculos Israel se afastou da Palavra, houve grande apostasia ao ponto de o povo perderem sua Bíblia (2Rs 22.8), toda destruição inicia-se com a perca da Bíblia, por isso Oseias disse que o povo foi destruído por falta de conhecimento: “Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos” (Os 4.6 versão NVI).

2.5 A quebra do princípio da adoração (Ez 11.19-21). Adoração é rendição, prostar-se, reverenciar. E Israel passou a fazer tudo isso, mas não para Deus, mas para os ídolos. Havia altares para baal, azera e até mesmo para moloque. Para entender melhor o tema é necessário rever o conceito de idolatria: “O que é o ídolo? Qualquer coisa mais importante que Deus para você, que domine seu coração e sua imaginação mais do que Deus. Qualquer coisa que você busque a fim de receber o que só Deus pode dar” (KELLER, 2021, p. 20). E a consequência de todo idolatra é a insensibilidade espiritual (Sl 115.8).

III - ETAPAS DO AFASTAMENTO DA GLÓRIA DE DEUS E A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO

Ezequiel viu a glória de Deus ir embora aos poucos (Ez. 10.18; 11.22-25), ela saiu dos Santos dos Santos, para a porta, da porta para o pátio, depois para os montes, e por fim, tornou ao trono. Vejamos detalhadamente esta cena dolorosa que levou a ruína do templo.

3.1 A glória de Deus saiu do lugar santíssimo para a porta (Ez 10.4). Os líderes deveriam ser os primeiros a perceber que a glória não estava mais no templo, mas estes, também estavam distantes de Deus e envolvidos em idolatria (Ez 8.5-12), sua insensibilidade espiritual não os permitiu perceber que Deus estava indo embora, da mesma forma que Sansão não percebeu (Jz 16.20).

3.2 A glória de Deus saiu da porta para o pátio (Ez 10.18). O povo que ficava no pátio também não percebeu que a glória estava indo embora, a idolatria tem esse poder, esfriar e destruir. A Bíblia já alertava: “Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e todos os que neles confiam” (Sl 115.8). Essa é a dura realidade, muitos incessíveis a presença de Deus hoje.

3.3 A glória de Deus saiu do pátio e foi para os montes (Ez 11.23). Na visão, a glória não se movimenta pelo recinto, mas o deixa. Ela para sobre os querubins e as rodas e os acompanha até a entrada do portão leste do templo (v. 19). E é o terceiro estágio da retirada da glória de Deus que se completará no capítulo 11 com o final da visão (SOARES, 2022 p. 56).

3.4 A glória de Deus saiu e veio a destruição (Ez 12.10-16). Ezequiel, e não o remanescente do povo em Judá, vê a destruição do templo. Imaginemos a reação dos exilados ao ouvir sobre o que era esperado acontecer em Jerusalém por meio dessa linguagem simbólica. O templo de Salomão foi destruído pelos caldeus em 587 a.C., “no mês quarto, aos nove do mês” (2Rs 25.3-10; Jr 39.2; 52.6) [...]. O cerco de Jerusalém durou dezessete meses, os muros foram violados em 9 de Tamuz, que é o quarto mês. A violação do muro é relembrada com um dia de jejum no 17 de Tamuz. A diferença das datas se dá pelo fato de os babilônios terem demorado para passar pelas brechas do muro e entrar em Jerusalém. O templo, os palácios e grande parte da cidade foram incendiados em 7 de Av, que é o quinto mês, em 586 a.C., correspondente a 16 de agosto. O Talmud explica que no dia 7 os babilônios ganharam acesso à cidade e só no dia 9 a incendiaram (SOARES, 2022 p. 59).

IV - A RESTAURAÇÃO DO TEMPLO E O RETORNO DA GLÓRIA DE DEUS

4.1 A glória do Senhor retornaria para o templo (Ez 43.1-5). Após o retorno do cativeiro babilônico, os judeus tinham uma importantíssima tarefa: reconstruir o Templo e restaurar o culto ao Senhor. Mas, além das dificuldades, a obra foi embargada por determinação do rei Artaxerxes, da Pérsia, por causa de uma denúncia acusatória dos vizinhos e inimigos do povo judeu (Ed 3.8,9; 4.7,8,17-24). Por causa disso, a obra arrastou-se, o povo perdeu ânimo e tornou-se egoísta cuidando apenas de suas moradias (Ag 1.4).

4.2 A glória retornaria com a mensagem do profeta Ageu. Enquanto o povo edificava, novo desânimo apoderou-se deles, foi nesta ocasião que Deus levantou o profeta Ageu (Ag 2.1-9). Os mais velhos, lembrando-se do esplendor do Templo de Salomão, mostravam-se decepcionados com o novo Templo, pois era inferior no tamanho e na suntuosidade da alvenaria. Os próprios alicerces eram bem menores em extensão e os recursos eram muito limitados. Mas Ageu veio com uma palavra de ânimo, dizendo que Deus derramaria seus recursos naquele edifício e estaria no meio do novo templo: “E encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.7). O profeta afirmou que: “A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.9).

V – A SANTIDADE COMO UM MEIO DA GLÓRIA DE DEUS NA VIDA DO CRENTE

A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). A responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14-a) (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14-b). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus filhos reflitam seu caráter (Tt 2.14). A palavra “santo” tem os seguintes sentidos. Notemos:

5.1 Santidade é uma ordem divina. Sendo Deus Santo exige dos seus filhos a santificação (Lv 11.44; Lv 19.1,2; Lv 20.6; 1Pd 1.16). Santidade significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1Pd 1.15-16).

5.2 Santidade é separação. A palavra descritiva da natureza divina é santidade, e seu significado primordial é “separação” (Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18); portanto, a santidade representa aquilo que está em Deus, que o torna separado de tudo quanto seja imundo ou pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa separação tomam-se “santo” (2Co 6.14,15; 2Tm 2.21).

5.3 Santidade é consagração. No sentido de viver uma vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus e dedicada ao serviço divino; o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse serviço. Entendemos então que o padrão de vida de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co 6.16-b). A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2Co 3.18; 7.1; 2Pd 3.18), é a santificação vivencial (2Co 7.1; Hb 12.14).

5.4 Santidade é purificação. Embora o sentimento primordial de “santo” seja separação para serviço, inclui também a ideia de purificação. O caráter de Deus age sobre tudo que lhe é consagrado. Portanto, os homens consagrados a ele participam de Sua natureza. As coisas que lhe são dedicadas devem ser puras (2Co 7.1), pois a pureza é uma condição de santidade (1Jo 3.3).

REFERÊNCIAS

• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.

• ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.

• KELLER, Timothy. Deuses Falsos. Vida Nova

• SOARES, Esequias. A Justiça Divina. CPAD

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 17 de Out 2022