Lição 2 - Despertamento espiritual - um milagre V

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SUPERINTENDENCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

TERCEIRO TRIMESTRE DE 2020

Adultos - OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE: a reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias

COMENTARISTA: EURICO BÉRGSTEN

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

 

LIÇÃO Nº 2 – DESPERTAMENTO ESPIRITUAL - UM MILAGRE

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre o que significa o termo despertamento exegeticamente e biblicamente; destacaremos também características que apontam para necessidade dessa renovação espiritual; elencaremos as razões pelas quais podemos considerar o despertamento espiritual como um milagre; e por fim, pontuaremos alguns resultados deste milagre de Deus chamado avivamento.

I – O QUE É DESPERTAMENTO ESPIRITUAL

1.1 Definição exegética. O termo despertamento no AT advém de expressões como: “yaqats, qun, iur” que querem dizer respectivamente: “agitar, despertar, acordar, incitar, ser despertado, ficar de pé, estar entusiasmado, estar triunfante, agir como quem está acordado, está ativo” (Gn 9.24; 49.9; Ed 1.1,5). No NT a palavra despertamento, aparece como a tradução de termos como: “exupnizo, diegeiro, egeiro, que dizem respeito a: “acordar, despertar a mente, fazer ativo, fazer levantar, fazer nascer (Jo 11.11; Rm 13.11; Ef 5.14).

1.2 Definição bíblica. À luz das Escrituras, o despertamento espiritual faz alusão a mudança de ânimo de uma pessoa quanto ao interesse acentuado pelas coisas de Deus (Cl 3.1), por viver uma vida pautada na vontade do Senhor, ocorrendo uma verdadeira mudança interior, demonstrada pela vida prática (Rm 12.1,2; 2Co 5.17). Em relação à igreja, esse avivamento é a restauração do primeiro amor dos cristãos, resultando no despertamento, arrependimento e na busca incessante pela presença de Deus (Ap 2.4,5).

II – A NECESSIDADE DE UM DESPERTAMENTO ESPIRITUAL

Em 606 a.C. Nabucodonosor levou cativo os judeus para a Babilônia. O cativeiro durou 70 anos de 606 a 536 a.C. (Jr 25.12; 29.10). Embora alguns durante o exílio tenham desfrutado de oportunidades destacadas como Daniel e seus amigos (Dn 1.18-21; 2.48,49; 3.12,30; 6.1-3), outros porém, amargaram sérias dificuldades caracterizando situações que apontam para a necessidade urgente de uma renovação espiritual, moral e material. Vejamos:

2.1 Ausência de entusiasmo. Por estarem detidos em Babilônia os judeus exilados tinham perdido o fervor espiritual negligenciando práticas que precisam ser conservadas pelos autênticos servos de Deus (Sl 137.1-3). A falta de entusiamo portanto, aponta para a necessidade de um despertamento espiritual. Quando se perde o prazer de se adorar a Deus (Ml 1.10-13), quando não há alegria em contribuir para a obra de Deus (Ag 1.1-6; 2Co 9.7), são sinais de um esfriamento na vida devocional, uma vez que a recomendação bíblica para o crente é que este seja fervoroso (Rm 12.11).

2.2 Ausência do lugar da adoração. O lugar que tinha a centralidade da verdadeira adoração, símbolo da religiosidade judaica tinha sido destruído e até então, permanecia assim (Ed 1.2). No passado, alguns dos judeus haviam perdido o valor de se estar no templo, apresentando-se muitas vezes apenas para cumprir um ritual (Ml 1.6-8), mas, sem a essência da verdadeira adoração (Os 6.6; Sl 51.17), por esta e outras razões, Deus permitiu a destruição do templo de Jerusalém (Dn 1.2). No processo da restauração espiritual, uma das primeiras ações de Deus para a nação, foi a reedificação da sua casa (Ed 1.2,3), resgatando no povo o desejo pela casa do Senhor (Sl 42.2-4).

2.3 Ausência de moralidade. Os que viviam em Jerusalém, além de estarem passando por inúmeras privações (Ne 1.3); também viviam e uma cidade em total ruína (Ne 2.17). Não havia segurança pública visto que os muros continuavam derrubados, e de igual modo, a justiça social estava comprometida bem como a vida espiritual (Ne 5.1-5). A ruína da cidade ilustrava também a espiritualidade do povo, pois haviam contraído casamento misto (Ed 9.1,2), como também, tolerando pessoas desautorizadas em posições de importância religiosa (Ne 13.1-9). Daí a necessidade de uma ação extraordinária de Deus.

III – O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL, UM MILAGRE

3.1 Por causa da sua fonte, o próprio Deus. O livro de Esdras nos relata o cumprimento da promessa divina em restaurar o seu povo, que por seus pecados estava no cativeiro, como havia predito o profeta Jeremias (Jr 29.10-14). Como prova que a iniciativa do despertar para um avivamento vem de Deus fruto da sua misericórdia e soberania (Pv 21.1), o Senhor despertou o espírito de Ciro, rei da Pérsia (Ed 1.1), que havia derrotado o império babilônico, permitindo o retorno dos exilados judeus à sua terra, mostrando Deus, que desejava a restauração religiosa e moral do povo escolhido, levando Israel a um período novo de despertamento espiritual. O que não é diferente nos dias atuais, pois o Senhor deseja que cada crente esteja constantemente avivado (2Tm 1.6; Rm 12.2,11), e experimentando coisas novas a cada dia na vida cristã (Rm 6.4; 7.6). É o Senhor que deseja despertar-nos (Ef 5.14) para uma vida plena de gozo espiritual, de um constante avivamento (Rm 13.11), e todo desejo de buscar a sua face, ler sua Palavra e estar envolvido em sua obra tem origem nele (Tg 1.17).

3.2 Por causa do canal que Deus usa para promovê-lo. Cerca de duzentos anos antes, Isaías profetizou que Ciro seria o instrumento divino para libertar os judeus do exílio e iniciar a restauração do Templo (Is 44.28 – 45.7; 45.13). Ainda que Ciro não conhecesse a Deus (Is 45.4; Ed 1.1-11), ele seria alguém usado pelo Senhor para por em prática o projeto divino de restauração da nação escolhida (Is 45.1). Deus usa pessoas, meios e métodos improváveis para cumprir seus propósitos, que vão além da compreensão humana. O apóstolo Paulo afirma: “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são para que nenhuma carne se glorie perante ele” (1Co 1.27-29). Deus quem controla as nações (2Cr 20.6), foi o Senhor quem levantou Nabucodonosor (Jr 25.9; 27.6; 43.10) para disciplinar o povo de Judá e foi ele quem levantou Ciro para derrotar os babilônios e estabelecer o império persa (Dn 2.21), decretando o retorno dos exilados para Jerusalém e lhes dando todo o recurso necessário (Ed 1.4).

3.3 Por causa da sua finalidade. O texto bíblico afirma que o despertamento no coração de Ciro ocorreu: “[...] para que se cumprisse a palavra do Senhor por boca de Jeremias [...]” (Ed 1.1 ver Jr 29.10; 51.11). Assim, entendemos, que avivamento é resultado de promessas divinas na vida do povo de Deus, que por sua onisciência vislumbra os momentos em que será necessário um sopro do Espírito para remover aquilo que nos afasta da comunhão, e nos fazer reviver para o cumprimento de seus propósitos em nossas vidas (Ez 37.1-14). Temos exemplos bíblicos de pessoas que foram restauradas em cumprimento de promessas divinas, tais como Mefibosete (1Sm 20.11-16; 2Sm 9.1-13) e José (Gn 37.5-11; 42.9), entre outros. Os exilados judeus ao verem o cumprimento desta profecia, ao regressarem para Jerusalém, estavam como os que sonham (Sl 126.1). Deus vela sobre sua palavra (Jr 1.11,12), Ele é fiel para a cumprir (Hb 10.23).

IV – PASSOS PARA O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL

4.1 Neemias orou. Ao saber de Hanani a situação de Jerusalém, bem como dos demais judeus, Neemias pôs-se a buscar ao Senhor em oração (Ne 1.4-11). Em sua oração, Neemias adorou a Deus e lembrou-se de Sua benignidade (Ne 1.5); confessou seus pecados, bem como os da nação (Ne 1.6,7); fez menção às promessas divinas (Ne 1.8,10); e pediu ao Senhor que atendesse a sua oração, lhe fizesse prosperar e lhe desse graça perante o rei (Ne 1.11). É através da oração que podemos superar toda e qualquer crise. Foi isto que fez Abraão (Gn 20.17), Isaque (Gn 25.21), o rei Josafá (2Cr 20.5-12), Paulo e Silas (At 16.25) e outros. O salmista Asafe disse: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15).

4.2 Neemias jejuou. Um outro recurso espiritual usado por Neemias foi o jejum (Ne 1.4). O jejum é uma abstinência parcial ou total de alimentos, por um determinado período e propósito específico (Mt 4.1,2). O jejum bíblico não deve ser visto como penitência, e sim, como um sacrifício agradável a Deus. A Bíblia registra diversos exemplos de pessoas que jejuaram em situações específicas, como ocorreu nos dias de Samuel (1Sm 7.6), Esdras (Ed 8.21,23), Ester (Et 4.16), Daniel (Dn 9.3) e Jesus (Mt 4.1-2).

4.3 Neemias confiou em Deus. Neemias era um homem de uma fé inabalável. Ele não temeu, mesmo em meio aos perigos e ameaças dos inimigos e encorajou a outros a confiar em Deus. Certa ocasião ele disse: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar” (Ne 2.20); e, em outra ocasião disse aos magistrados e ao resto do povo: “Não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e terrível [...]” (Ne 4.14).

4.4 Neemias prontificou-se a ir à Jerusalém. Quando o rei Artaxerxes percebeu o semblante triste de Neemias, perguntou-lhe a razão de sua tristeza. E, quando Neemias relatou ao rei o motivo pelo qual estava triste, o rei perguntou-lhe: Que me pedes agora? Ele orou a Deus e disse ao rei: “Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique” (Ne 2.1-5). Neemias nos ensina que em meio à crise, não basta orar. É preciso agir! Apesar de estar em uma situação bastante confortável, pois, como copeiro do rei ele dispunha de segurança, boa alimentação e conforto, Neemias se dispõe a ir à Jerusalém para reedificar os muros da cidade (Ne 2.1-5). Quem deseja um avivamento não deve esperar passivamente (Is 44.3), mas como Neemias tomar a postura de ir em busca desse despertamento espiritual.

V – RESULTADOS DO DESPERTAMENTO ESPIRITUAL

 O genuíno avivamento produz uma mudança de vida (Rm 8.15-17; 11.1-2; 2Co 5.14-17);

 O genuíno avivamento ilumina a mente e a razão com a Palavra e com o Espírito (Pv 3.13; Cl 1.9; Tg 1.5);

 O genuíno avivamento produz frutos do Espírito Santo (G1 5.16-26; Ef 5.18);

 O genuíno avivamento abrange todo o ser do homem (Jr 31.31-33; Ez 36.25-28; 1Ts 5.23);

 O genuíno avivamento produz unidade cristã (1Co 12.4-7; At 4.32);

 O genuíno avivamento tem a oração como elemento fundamental (Rm 12.12; Cl 4.2; 1Tm 2.1-2);

 O genuíno avivamento produz um autêntico quebrantamento (1Pd 5.6; Sl 51.112; Rm 5.1; Ef 2.16-18).

CONCLUSÃOMesmo vivendo dias difíceis e numa sociedade corrompida pelo pecado, busquemos uma sincera e poderosa renovação do Senhor para nossas vidas, pois um pleno avivamento é possível e real (Jr 29.13).

REFERÊNCIAS

 BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. VIDA.

 PACKER, J. I. Neemias Paixão Pela Fidelidade. CPAD.

 RENOVATO, Elinaldo. Livro de Neemias, Integridade e Coragem em Tempos de Crise. CPAD.

 STAMPS, Donald C. Biblia de Estudo Pentecostal. CPAD

Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 08 jul. 2020