Lição 8 - A salvação e o livre-arbítrio V

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SUPERINTENDENCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

QUARTO TRIMESTRE DE 2017

Adultos - A OBRA DA SALVAÇÃO: JESUS CRISTO É O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

COMENTARISTA: CLAITON IVAN POMMERENING

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

LIÇÃO Nº 8 – A SALVAÇÃO E O LIVRE-ARBÍTRIO

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INTRODUÇÃO

Nesta lição iniciaremos vendo a definição do termo livre-arbítrio; estudaremos esta doutrina nas Escrituras Sagradas; pontuaremos a soberania de Deus e a livre escolha humana; e finalizaremos analisando a salvação e a eleição divina, bem como a livre-vontade do homem.

I – DEFINIÇÃO DE LIVRE-ARBÍTRIO

1.1 Definição etimológica do termo. O dicionário Vine (2010, pp. 608,756) diz que livre-arbítrio vem do termo grego “eklego”, “escolher, selecionar, eleger” e “eleutheros”, “liberdade de ir onde quer”. O dicionário Houaiss define como: “possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante”. A palavra livre vem do latim “liber”, que significa “livre” e o termo arbítrio “arbiter”, que é “uma pessoa escolhida para decidir sobre uma questão” (2001, p. 1774).

1.2 Definição teológica do termo. “Entende-se por livre-arbítrio a liberdade que o ser humano tem de fazer escolhas, tornando-se, consequentemente, responsável por elas e por seus respectivos resultados […]. O poder humano de fazer escolhas é o primeiro assunto de que trata a Bíblia Sagrada […]. O livre-arbítrio é inerente ao homem, o qual não poderia ser julgado, jamais, se as suas decisões fossem involuntárias, e ele fizesse o que não desejasse pelo fato de ser movido por uma força estranha, alheia à sua consciência e vontade” (BRUNELLI, 2016, pp. 293,295). A Declaração de Fé das AD diz: CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao Criador (SOARES, 2017, pp. 77,99).

II – O LIVRE-ARBÍTRIO NA BÍBLIA

2.1 O livre-arbítrio nas Escrituras. Tanto no AT quanto no NT a doutrina do livre-arbítrio é claramente defendida, e apesar da expressão “livre-arbítrio” não estar na Bíblia de maneira explícita em diversas passagens do AT podemos ver que Deus dá o poder de escolha ao ser humano (Gn 2.17,16; 4.7; Dt 28.1; 30.15,19; Js 24.15; 2Sm 24.12; Jz 5.2; 1Cr 28.9; Ed 7.13; Ne 11.2; Sl 119.30; Is 1.19,20; Jr 4.1). Também podemos encontrar várias referências que demonstra-nos o livre-arbítrio no NT (Mt 3.2; 4.17; 16.24; 23.37; Mc 8.35; Lc 7.30; Jo 5.40; 6.37; 7.17; 15.7; At 3.19; 17.30; Rm 10.13; 1Tm 1.19; 1Co 10.12; 2Co 8.3,4; 1Jo 3.23; Ap 3.20).

2.2 O livre-arbítrio antes da Queda. O poder da livre-escolha faz parte do desígnio de Deus para a humanidade, como sendo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27). Adão e Eva receberam o mandamento para multiplicarem a espécie humana (Gn 1.28) e se absterem de comer do fruto proibido (Gn 2.16-17). Estas duas responsabilidades implicam na capacidade de respostas. O fato deles deverem fazer estas coisas, implicava que eles poderiam fazê-las (Gn 3.6). A condenação de Deus para a atitude deles deixa claro que ambos eram moralmente livres para tomar a sua decisão (Gn 3.11,13) (GEISLER, 2010, p. 108).

2.3 O livre-arbítrio depois da Queda. Mesmo depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão completamente depravado a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder responder de maneira livre (Gn 3.9-10). A imagem de Deus foi obscurecida, mas não completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não eliminada (aniquilada). Na verdade, a imagem de Deus (que inclui o livre-arbítrio) ainda permanece nos seres humanos (Gn 9.6; Tg 3.9). Até mesmo a nossa cegueira espiritual é resultado da nossa decisão de não acreditar (Rm 6.16) (GEISLER, 2010, p. 109).

III - A VONTADE DE DEUS E O LIVRE-ARBÍTRIO

3.1 A vontade permissiva e livre arbítrio. O que faz o homem um ser moralmente semelhante ao Criador, é justamente a capacidade de fazer suas próprias escolhas; e é isto o que se entende por vontade permissiva. Deus tem poder para impedir que o homem faça o mal ou bem, entretanto, lhe dá o direito de escolha mesmo discordando dela (Gn 2.15-17; 3; 4.7; Dt 30.15-20; Gl 6.7-10). Na vontade permissiva, a soberania e a onipotência de Deus não violam o livre-arbítrio humano. No âmbito da salvação, Deus sabe perfeitamente quem o rejeitará, embora jamais interfira nesta decisão. Todavia, o homem pode rejeitar a salvação (Is 1.19,20; Dt 30.19; Js 24.15; Mt 23.37,38; Lc 7.30; 1Tm 1.19; 1Co 10.12). A Bíblia ensina que Deus é todo-poderoso; ninguém pode impor limites ao seu poder (Jó 37.23; Is 40.26). No entanto, ele não usa seu poder para controlar tudo arbitrariamente (Is 42.13,14), ele tolera aqueles que fazem mau uso do livre-arbítrio, mas não para sempre (Sl 37.10).

3.2 A vontade diretiva e predestinação. A vontade diretiva de Deus opera em conformidade com a sua sabedoria e soberania. Ele rege o curso da história, e controla o universo de acordo com seus eternos propósitos (Sl 33.11; At 2.23; Ef 1.4-9). Tudo o que planejou certamente será executado (Is 43.13; 14.26,27). É nesse ponto que nos deparamos com a doutrina da predestinação. O Eterno, em seu profundo e inigualável amor, predestinou todos os seres humanos em Cristo à vida eterna. Ninguém foi predestinado ao lago de fogo que fora preparado para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41). Mas o fato de o homem ser predestinado à vida eterna não lhe garante essa bem-aventurança. É necessário que creia no Evangelho, e assim será considerado eleito (Rm 8.29; Ef 1.5).

IV - A SALVAÇÃO E O LIVRE-ARBÍTRIO

4.1. A salvação e o livre-arbítrio. A Bíblia enfatiza o ensinamento do livre-arbítrio humano (Mt 11.28; Lc 9.23; 13.3; 16.16; Jo 1.12; At 2.21; 17.31; Rm 1.16; 10.13,14; 1Tm 2.3,4; 4.1; 2Pd 2.1,20,21; 3.9; Ap 2.20,21; 3.11). No NT os pecadores são repetidamente ordenados a “arrepender-se” e “crer” (Mt 3.2; 4:17, Jo 5.40; At 3.19, 1Jo 3.23). A ordem “arrepende-te” foi transmitida à maioria das Igrejas da Ásia (Ap 2.5,16; 3.3,19) e, o Senhor disse que deveriam “guardar, reter, conservar” o que tinham, até a morte, para que não perdessem a coroa (Ap 2.10,25; 3.11). Conquanto o Senhor Jesus tenha feito a sua parte, ao nos resgatar, temos de “operar” ou “desenvolver”, a nossa salvação (Fp 2.12; Ef 2.10; 2Tm 2.10; Hb 6.9). Se negarmos o Senhor, Ele também nos negará (Mt 10.32,33; 2Tm 2.12; Ap 3.5) (SILVA, 1989, p. 60).

4.2. A salvação e a predestinação fatalista. Predestinação fatalista é o ensino antibíblico da determinação antecipada do destino dos homens: uns para salvação outros para condenação. Este ensino só considera a soberania de Deus, e não sua graça e justiça (Rm 11.5; 3.21; 1Tm 2.4; Tt 2.11; 2Pd 3.9). Em Ezequiel 18.23,32; 33.11, Deus assevera o seu desejo de que o ímpio se converta, e não apenas os “eleitos” e “predestinados” (Jo 3.16). Deus jamais predestinará alguém para o inferno, sem lhe dar oportunidade de salvação, pois isso aviltaria a natureza moral de Deus. Se todos já estão predestinados quanto ao seu destino eterno, então não há lugar para escolha, decisão, ou livre-arbítrio por parte do homem, o que contradiz a Bíblia (Dt 30.16-19; Js 24.15; 1 Rs 18.21; Sl 119.30,173; Lc 13.34; Ap 22.17). Não há segurança salvífica fora de Jesus e de seu aprisco, como também não há segurança espiritual para alguém que vive em pecado (Jo 15.1-6; 1Pd 1.5; Rm 1.17) (DANIEL, 2017, p. 402).

A escolha de Deus daqueles que creem em Cristo é uma doutrina importante (Rm 8.29-33; 9.6-26; 11.5, 7, 28; Cl 3.12; 1Ts 1.4; 2Ts 2.13; Tt 1.1). A eleição do grego “eklegoe” refere-se à escolha feita por Deus, em Cristo, de um povo para si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (2Ts 2.13). Essa eleição é uma expressão do amor de Deus, que recebe como seus, todos os que recebem Jesus condicionalmente (Jo 1.12). A doutrina da eleição abarca as seguintes verdades:

5.1 A eleição é baseada na presciência divina. A Bíblia assevera tanto a realidade do livre-arbítrio humano como a realidade da presciência divina (ter conhecimento do futuro). A despeito de Deus conhecer antecipadamente, os que rejeitarão seu plano salvífico, sua presciência não interfere nem viola o livre direito de escolha do homem (2Tm 2.10). Deus é onisciente, e para Ele nada está oculto. Ele sabe o futuro desde o passado (Is 46.10; 1Pd 1.2), conhece os nossos dias, sabe quem será salvo mediante a fé, sabe cada pensamento nosso por antecipação. Mas presciência não é preordenação. Deus não decide o nosso futuro, não determina nossas escolhas, Ele apenas sabe o que acontecerá (Sl 139.16; Rm 8.29,30; 1Pd 1.1-2). Paulo alertou os crentes de Corinto a respeito da manutenção da salvação em Cristo (1Co 15.1-2). Notemos que a manutenção da salvação está condicionada à obediência ao evangelho verdadeiro (2Co 11.3,4; Gl 1.8; 1Tm 4.16). E a obediência deve ser voluntária, visto que não somos seres autômatos (DANIEL, 2017, p. 390). A predestinação fatalista contradiz dois atributos divinos: a justiça e o amor. Primeiro, porque torce a justiça divina, pois, nesse caso, Deus destinaria as pessoas antes mesmo de seu nascimento à perdição eterna. E segundo, porque põe em dúvida o ilimitado amor de Deus, por ensinar que o Senhor destinou os pecadores ao inferno sem lhes dar o direito e a oportunidade de arrependerem-se (THIESSEN, 2000, p. 246).

5.2 A eleição é cristocêntrica. A eleição de pessoas ocorre somente em união com Jesus Cristo. Deus nos elegeu em Cristo para a salvação (Ef 1.4) e, o próprio Cristo é o primeiro de todos os eleitos de Deus: “Eis aqui o meu servo, que escolhi” (Mt 12.18; cf. Is 42.1,6; 1Pe 2.4). Ninguém é eleito sem estar unido a Cristo pela fé, pois esta eleição é feita em Cristo (Ef 1.7). O propósito de Deus, já antes da criação era ter um povo para si mediante a morte redentora de Cristo na cruz. Sendo assim, a eleição é fundamentada na morte sacrificial de Cristo, no Calvário (At 20.28; Rm 3.24-26) (STAMPS, 1995, p. 1808).

5.3 A eleição é corporativa. Os eleitos são chamados “o seu corpo” (Ef 1.23; 4.12), “minha igreja” (Mt 16.18), o “povo adquirido” por Deus (1Pe 2.9) e a “noiva de Cristo” (Ap 21.9). Logo, a eleição é coletiva (Ef 1.4,5, 7, 9; 1Pe 1.1; 2.9), somente à medida que este indivíduo se identifica e se une ao corpo de Cristo, a igreja verdadeira (Ef 1.22,23). É uma eleição como a de Israel no AT (Dt 29.18-21; 2Rs 21.14). O cumprimento desse propósito para o crente como indivíduo dentro da igreja é condicional. Cristo nos apresentará “santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1.4), somente se continuarmos na fé. A Bíblia mostra isso claramente (Cl 1.22,23) (STAMPS, 1995, p. 1808).

5.4 A eleição é universal. Segundo a doutrina da predestinação fatalista, Jesus morreu somente por aqueles que o Pai já havia predestinado desde a fundação do mundo. No entanto, a Bíblia afirma sem deixar dúvidas, que Cristo morreu por todos (At 17.30; Rm 5.18; 1Tm 2.4-6; 2Pd 3.9; Hb 2.9; 1Jo 2.2; Jo 3.16,17; Tt 2.11). Isto torna-se uma realidade para cada pessoa consoante seu prévio arrependimento e fé, ao aceitar o dom da salvação em Cristo (Ef 2.8; 3.17; At 20.21; Rm 1.16; 4.16).Mediante a fé, o Espírito Santo admite o crente ao corpo eleito de Cristo (a igreja) (1Co 12.13), e assim ele torna-se um dos eleitos. Daí, tanto Deus quanto o homem têm responsabilidade na eleição (Rm 8.29; 2Pe 1.1-11). A Bíblia afirma categoricamente que Deus não faz acepção de pessoas, e deseja que todos sejam salvos (At17.30; Rm 2.11; 2 Pd 3.9; 1Tm 2.4; Jo 3.16; Mc 16.15) (STAMPS, 1995, p. 1808).

CONCLUSÃO

Concluímos que o livre-arbítrio é o poder que temos de tomar uma decisão, sem sermos obrigados a escolher uma determinada opção por interferência externa. Também entendemos que por causa do livre-arbítrio, cada pessoa é responsável por suas ações e responderão diante de Deus por suas escolhas livres.

REFERÊNCIAS

· ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.

· DANIEL, Silas. Arminianismo e a mecânica da salvação. CPAD.

· GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.

· GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

· HORTON, S. Teologia Sistemática. CPAD.

· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PROF. PAULO AVELINO