Lição 1 - O mistério da Santíssima Trindade V

Imprimir

ASSEMBLEIA DE DEUS - IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS EM PERNAMBUCO

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2025

Adultos - A SANTÍSSIMA TRINDADE - O Deus Único revelado em Três Pessoas Eternas

COMENTARISTA: Douglas Roberto de Almeida Baptista

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

 

LIÇÃO Nº 1 – O MISTÉRIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

INTRODUÇÃO

Neste trimestre, estudaremos sobre a Santíssima Trindade: O Deus Único Revelado em Três Pessoas Eternas, onde teremos a oportunidade de analisar esta importante doutrina, bem como as três Pessoas da Trindade. Nesta primeira lição, veremos o significado dos termos “mistério” e “trindade”; citaremos algumas considerações acerca da Doutrina da Trindade; e, finalmente, citaremos como esta doutrina é apresentada no Antigo e Novo Testamento.

I – DEFINIÇÕES

1.1 Mistério. “Do grego ‘mysterium’ e significa ‘enigma’, ‘segredo’. São verdades divinas que só podem ser conhecidas através do auxílio do Espírito Santo. Às vezes, nem mesmo os profetas eram capazes de desvendar os mistérios que registravam (Dn 12.8). Todavia, o Espírito que em nós habita (1Co 3.16) leva-nos a compreender as riquezas divinas (Ef 1.9; 3.3)”. (Andrade, 2006, p. 214). Diante dessa definição e afirmação, podemos entender que, embora a doutrina da trindade seja um mistério, ou seja, uma doutrina complexa, pois não existe nada que possa ser comparada a ela em sua essência, porém, por intermédio do Espírito Santo, podemos compreendê-la, como veremos a seguir.

1.2 Trindade. Segundo Andrade, (2006, p. 349), Trindade é: a “doutrina segundo a qual a Divindade, embora una em sua essência, subsiste nas Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. As Três Pessoas são iguais na substância e nos atributos absolutos, metafísicos e morais” “A palavra Trindade em si não ocorre na Bíblia, essa expressão é teológica usada para descrever na perspectiva humana a divindade. Sua forma grega “trias”, parece ter sido usada primeiro por Teófilo de Antioquia (181 d.C.), e sua forma latina “trinitas”, por Tertuliano (220 d.C.). Entretanto, a crença na Trindade é muito mais antiga que isso como será visto mais à frente (Thiessen, 2006, p. 87 – acréscimo nosso). Acerca dessa doutrina, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus (2014, p. 39), diz: “As Escrituras Sagradas claramente revelam que a Trindade é real e verdadeira. Uma só essência, substância, em três pessoas. Cada pessoa da santíssima Trindade possui todos os atributos divinos — onipotência, onisciência, onipresença, soberania e eternidade. A Bíblia chama textualmente de Deus cada uma delas; as Escrituras Sagradas, no entanto, afirmam que há um só Deus e que Deus é um: “Todavia para nós há um só Deus” (1Co 8.6); “mas Deus é um” (Gl 3.20); “um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef 4.6).

II – CONSIDERAÇÕES ACERCA DA DOUTRINA DA TRINDADE

“A doutrina da Trindade é uma das verdades centrais e mais sublimes da fé cristã. Ela expressa a unicidade de Deus em três Pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essa doutrina é plenamente fundamentada nas Escrituras Sagradas, sendo essencial para compreender a natureza de Deus e sua obra na redenção da humanidade” (Baptista, 2025, p. 9). “Em contraste com as concepções pagãs, a Bíblia revela um Deus único e, ao mesmo tempo, tripessoal. [...] Trata-se de um Deus que subsiste em três pessoas distintas, mantendo perfeita unidade e consubstancialidade” (Barreto, 2025, p. 44). Vejamos algumas considerações acerca dessa importante doutrina: 2.1 A doutrina da Trindade não contradiz a unidade de Deus. As Escrituras ensinam que Deus é um (Dt 4.35; 6.4; Is 37.16), contudo, a unidade divina é uma unidade composta de três pessoas (triunidade), que são: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Mt 28.19; 1Co 12.4-6), que cooperam unidos em um mesmo propósito, onde não existe nenhum tipo de hierarquia ou superioridade entre eles; não se tratando também de três deuses (triteísmo) e nem três modos ou máscaras de manifestações divinas (unicismo), antes, são três pessoas, mas um só Deus. “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30), “[…] se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (Jo 14.23; ver 1Co 6.19).

2.2 A doutrina da Trindade não é um invenção humana. Uma das objeções à doutrina da Trindade é que teria sido produzida pela mente humana, que é de origem pagã e foi imposta por um imperador pagão Constantino no Concílio de Nicéia em 325 d.C., que supostamente teria se tornado cristão, estabelecendo o Cristianismo como religião oficial do império. De acordo com Soares: “Esses argumentos das organizações contrárias à fé trinitária são falsos. O Concílio de Nicéia não tratou da Trindade; a controvérsia foi em torno da identidade de Jesus de Nazaré”. A Trindade é uma doutrina com sólidos fundamentos bíblicos e, mesmo sem conhecer essa terminologia, os cristãos do período apostólico reconheciam essa verdade (2Co 13.13; Ef 1.1-14; 1Pe 1.2) (2017, pp. 37, 50).

2.3 A doutrina da Trindade não é irracional. O conceito da unidade composta não é incoerente nas Escrituras, mesmo sendo dito que Deus é único (Dt 6.4). A palavra “único” nesse texto, vem do hebraico “echad”, que alude a uma unidade composta (Gn 2.24). Se a unidade de Deus fosse absoluta, a palavra correta seria “yachid”, a mesma usada em Gênesis 22.2. Sobre a possibilidade de entendermos a doutrina da Trindade, Grudem afirma: “[…] não é correto dizer que não podemos de forma alguma entender a doutrina da Trindade. Certamente podemos compreender e saber que Deus é três pessoas, que cada uma delas é plenamente Deus e que há somente um Deus. Podemos saber essas coisas porque a Bíblia as ensina” (2007, p. 126 – grifo nosso).

III – A SANTÍSSIMA TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

O Antigo Testamento não ensina claramente sobre a Trindade, e a razão é evidente. Num mundo onde o culto de muitos deuses era comum, tornava-se necessário acentuar a verdade de que Deus é Um, e de que não havia outro além dele (Dt 6.4). Se no princípio a doutrina da Trindade fosse ensinada diretamente, poderia ter sido mal interpretada. Porém, ainda que implicitamente, no AT pode ser visto indícios dessa doutrina. Vejamos alguns exemplos:

3.1 Na criação do Universo. Se levarmos em conta que a palavra hebraica “Elohim” (Gn 1.1) é um substantivo plural, concluiremos: a Santíssima Trindade encontrava-se ativa na criação do universo. Por conseguinte, quando a Bíblia afirma que no princípio Deus criou os céus e a terra, atesta: no ato da criação, estiveram presentes Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Pai criou o universo por intermédio do Filho (Jo 1.3), enquanto o Espírito Santo transmitia vida a tudo quanto era criado (Gn 1.2). “Na perspectiva da fé cristã, Deus é eternamente trindade. Desde a eternidade, Ele existe como uma comunhão perfeita entre três pessoas. Deus nunca esteve isolado, mas sempre foi uma comunidade divina, marcada por uma relação constante e profunda entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo” (Barreto, 2025, p. 45).

3.2 Na aparição do Anjo do Senhor. A manifestação do “Anjo do Senhor”, em alguns casos, é uma indicação a respeito da Trindade no AT. “Vemos que esse Anjo, dependendo do contexto, não apenas se identifica com o próprio Senhor, como também é assim identificado a quem Ele se revela” (Gustavo, 2014, p. 22). Entre as aparições podemos destacar alguns textos (Gn 16.9,13; 22.11,15,16; 31.11,13; Êx 3.2,4,6; Jz 13.20-22; Ml 3.1). De acordo com Strong: “algumas dessas aparições, pode designar o ‘Logos’ pré-encarnado (Jesus) (Gn 18.2,13; Jz 13.17,18; ver Is 9.6; Dn 3.25,28), cujas manifestações prefiguravam sua vinda final em carne” (2007, p. 559 – acréscimo nosso).

3.3 Na pluralidade de pessoas na Divindade. Já no Livro do Gênesis existe a indicação da pluralidade de pessoas no próprio Deus (Gn 1.1; 3.22; 11.7), podemos ainda encontrar uma série de passagens além dessas, que apontam para a mesma verdade (Is 6.8; 63.10), textos em que uma pessoa é chamada “Deus ou Senhor”, e ela se distingue de outra pessoa que também é identificada como “Deus” (Sl 45.6,7). De modo semelhante o salmista registra: “Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés” (Sl 110.1). Jesus atesta que Davi está se referindo a duas pessoas separadas chamando-as “Senhor” (Mt 22.41-46), mas quem é o Senhor de Davi se não o próprio Deus? Da perspectiva do NT, podemos parafrasear esse versículo do seguinte modo: “Deus Pai disse a Deus Filho: Assenta-te à minha direita”. Diante disso, mesmo sem o ensino do Novo Testamento sobre a Trindade, fica claro que Davi estava consciente da pluralidade de pessoas em Deus (Grudem, 2007, p. 110).

IV – A SANTÍSSIMA TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO

A doutrina da Trindade, revelada progressivamente nas Sagradas Escrituras, atinge sua clareza plena no Novo Testamento. A unidade composta de Deus, é apresentada de forma implícita no Antigo Testamento, torna-se explícita na Nova Aliança, pois, é no Novo Testamento que encontramos as mais claras e explícitas manifestações da Santíssima Trindade. Notemos alguns registros onde se evidencia tão importante doutrina:

4.1 No batismo e ministério de Jesus. Nessa clara manifestação da Trindade (Mt 3.16,17), vemos uma das Pessoas (o Filho) submeter-se ao batismo, o Espírito Santo descer como pomba sobre Ele, e a Pessoa do Pai declarar o seu amor a Cristo atestando sua filiação. Na transfiguração vemos com clareza mais uma vez a pluralidade de pessoas (Mt 17.5; Mc 9.7,8).

4.2 Na ascensão de Jesus. Já prestes a ser assunto ao céu, o Senhor Jesus Cristo, ao dar últimas instruções aos discípulos, declarou: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Pode ainda restar mais alguma dúvida acerca da Trindade?

4.3 Na vida da igreja primitiva. Nos Atos dos Apóstolos, a Santíssima Trindade aparece operando ativamente, desde os primeiros versículos (At 1.1,2). Nesse livro, encontramos a Trindade na proclamação do Evangelho (At 5.32; At 10.38); no testemunho eficaz da fé cristã (At 7.55); no chamamento de obreiros (At 9.17); no Concílio de Jerusalém (At 15.1-35).

4.4 Nas epístolas. Embora os apóstolos não tenham mencionado o termo trindade, em seus escritos, mencionam as três Pessoas em diversos textos. Vejamos: Na bênção apostólica (2Co 13.13); na unidade da fé (Ef 4.4-6); na distribuição dos dons espirituais (1Co 12.4-6); na saudação do apóstolo Pedro (1Pe 1.2); além de outros textos (Rm 8.9-11; Gl 4.4-6; Ef 2.18); inclusive no livro do Apocalipse (Ap 1.1,2; 2.8,11).

CONCLUSÃO

Embora o termo Trindade não esteja na Bíblia, a Doutrina está presente, tanto no Antigo como no Novo Testamento. E, mesmo sendo uma doutrina difícil de ser compreendida pela lógica humana, através da iluminação do Espírito Santo, podemos aceitá-la e compreendê-la.

REFERÊNCIAS

• ANDRADE, Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. CPAD.

• BAPTISTA, Douglas. A Santíssima Trindade: O Deus Único Revelado em Três Pessoas Eternas. CPAD.

• BARRETO, Alessandro. A Adoração ao Espírito Santo: Uma Abordagem Bíblica, Histórica e Teológica no Contexto da Trindade. BEREIA.

• GUSTAVO, Walber; GOMES, Leonardo. Doutrina da Trindade: desenvolvimento bíblico e histórico. BEREIA.

• SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.

• THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. IBR.

Fonte: https://redebrasiloficial.com.br/licao_ebd.php Acesso em 30 de Dez de 2025