Lição 8 - Emoções e Sentimentos — A batalha do equilíbrio interior V

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ASSEMBLEIA DE DEUS - IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS EM PERNAMBUCO

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

QUARTO TRIMESTRE DE 2025

Adultos - CORPO, ALMA E ESPÍRITO: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo

COMENTARISTA: Silas Queiroz

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

 

LIÇÃO Nº 8 – EMOÇÕES E SENTIMENTOS: A BATALHA DO EQUILÍBRIO INTERIOR

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre a natureza e condições das afeições humanas. Veremos que as emoções e os sentimentos refletem a imagem de Deus no homem. Analisaremos que o pecado inaugurou uma série de desarranjos na alma humana, trazendo-lhe desestabilidades emocionais e morais (Gl 5.19-21) e, por fim, destacaremos que somente o Espírito Santo pode reconduzir o homem ao estado original proposto por Deus de harmonia e equilíbrio interior (Gl 5.22).

I – O HOMEM É UM SER AFETIVO

Por “afeição” queremos dizer “a capacidade humana de expressar emoções e sentimentos. São processos psicológicos e fisiológicos e envolvem alma e corpo, além do próprio espírito, como se observa na expressão de Salomão em Provérbios 15.13, na qual o termo “coração” refere-se à totalidade do intelecto, da emoção e da vontade de uma pessoa: “O coração alegre aformoseia o rosto, mas, pela dor do coração, o espírito se abate” (Pv 15.13)” (Queiroz, 2025, p. 97).

1.1 A imagem de Deus no homem. Deus é amor (1Jo 4.8). Ele nutre esse sentimento pelo Seu Filho desde a eternidade (Jo 17.24; Cl 1.13; Ef 1.6) e a Escritura lhe atribui reações emotivas como “grande alegria” (Mt 3.17). O amor é o mais nobre dos sentimentos (1Co 13.13) e é, portanto, eterno (1Co 13.8). Paulo também fala do “sentimento que houve em Cristo Jesus” (Fp 2.5ss) e que o Espírito Santo pode ser entristecido (Ef 4.30). Indubitavelmente, o homem herda do Seu Criador a capacidade de amar e expressar boas emoções e sentimentos (Gn 2.23-25). Nos relatos de Gênesis não vemos mandamento divino exigindo que o homem se inclinasse para os bons sentimentos. Subentende-se que essa disposição lhe era natural, pois a palavra que descreve a percepção de Deus do ambiente que criou para o homem é “bom” (Gn 1.10,12,18,21,25), e o Seu sentimento acerca do homem que criou foi “muito bom” (Gn 1.31). Portanto, nada havia de mal no homem (Ec 7.29). Amar a Deus e ao próximo só se torna um mandamento após a Queda (Dt 6.5; Lv 19.18; Mt 22.37-40), quando o homem teria que batalhar, se esforçar, para nutrir emoções, sentimentos e pensamentos bons para com o próprio Deus e o seu próximo (Gn 4.7; Dt 30.19; Rm 12.2; 2Co 10.5; Gl 5.22; Ef 4.22-24,26; Fp 4.8; Cl 3.2,12-14).

1.2 O corrompimento das emoções. Emoções são “reações instintivas, predominantemente inconscientes e passageiras” (Queiroz, p. 94). É aquilo que experimentamos imediatamente na mente e no corpo diante de uma circunstância. A reação (emoção) imediata de Adão ao ver Eva foi romântica e poética (Gn 2.23-25). Portanto, as emoções são as interações entre pensamentos e sensações que se traduzem em reações: “o coração alegre aformoseia o rosto” (Pv 15.13); “por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?” (Gn 4.6 cf. 1Sm 1.18; Ne 1.4; 2.1). A resistência emocional de Eva com relação ao fruto mudou após a tentação (Gn 3.2,6). Observe como a sua maneira de enxergar (Gn 3.6a), avaliar (Gn 3.6b) e sentir (Gn 3.6c) foi prejudicada. O apóstolo Paulo explica esse desequilíbrio interno como fruto do “engano”, do gr. “exapatao”, em (1Tm 2.14), que significa “iludir completamente, enganar completamente” (Vine, 2002, p. 628). Eva teve suas percepções alteradas pela tentação antes de comer do fruto, e suas emoções e sentimentos adoecidos após comê-lo.

1.3 O corrompimento dos sentimentos. Distinguindo emoção de sentimento, o Pastor Silas comentou: “os sentimentos só são formados e aferidos a partir do critério temporal, da estabilidade da emoção. Como um prolongamento ou repetição de emoções, o sentimento é uma percepção consciente de um determinado estado emocional. A diferença principal, portanto, está na estabilidade do afeto. Enquanto a emoção é rápida e fugaz — geralmente não evitável —, o sentimento permanece por algum tempo, alguns por longo tempo ou até pela vida toda!” (Queiroz, 2025, p. 97). Isto é, sentimento é uma emoção que se torna duradoura e estável. Diferente de Eva, Adão não pecou sob a impulsiva emoção do engano, ele esteve em todo momento consciente (1Tm 2.14). Sua decisão de comer do fruto com sua mulher revelou que suas emoções por ela, descritas em (Gn 2.23-25), se consolidaram de tal forma a se tornaram sentimentos que puseram o seu coração antes nela do que em Deus. Há um entendimento de que sua escolha em acompanhar Eva na desobediência é uma comprovação de que ele amou mais sua esposa do que a Deus (Gn 3.6,17; Pv 4.23; Mt 6.21; 10.37; Jo 14.21). Sob forte senso de altruísmo e lealdade, preferiu morrer com ela do que viver sem ela. Essa decisão o afetou profundamente, como destaca o Pastor Esequias Soares: “a corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição – corpo, alma e espírito [...] isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto, emoção, vontade, consciência, razão e liberdade” (Silva, 2017, p. 101). Após o pecado Adão não conseguiu sustentar seu amor leal e altruísta ante as novas emoções de vergonha (Gn 3.7), culpa (Gn 3.8) e medo (Gn 3.10). Antes, culpou a Deus e a sua esposa pelo seu erro (Gn 3.12; Rm 5.12). O sentimento outrora leal e altruísta agora se tornou covarde e egoísta. O “conhecimento do mal” (Gn 2.17) disponível naquela árvore incluía todas as más emoções e sentimentos que dispomos hoje e que estão descritos em (Gl 5.19-21). Nascem então as obras da carne.

II – UMA BATALHA ESPIRITUAL

A batalha pelo equilíbrio interior é primariamente uma batalha espiritual (Rm 12.2; 2Co 10.4,5; 1Pe 2.11; Tg 4.1,7,8; 1Ts 5.23). Como visto, o desequilíbrio interior de Adão teve início quando ele optou por desobedecer a Deus (Gn 3.1-24; Rm 5.12-21; 1Co 15.21,22), onde “sua natureza inferior, frágil em si mesma, rebelou-se contra a superior e abriu as portas de seu ser ao inimigo” (Pearlman, 2011, p. 142).

2.1 As obras da carne. Em Gálatas 5.19-21, as “obras da carne” são efeitos ou frutos da natureza humana corrompida: “os efeitos da carne são fenômenos claros, realidades manifestas [...] frutos da luxúria, frutos de ordem religiosa [...]” (Soares, 2009, p. 130). Vejamos algumas delas:

2.1.1 Inimizades. “Ódio (echtra) traz o sentido de hostilidade. Refere-se, sem dúvida, às inimizades pessoais de alguns membros das comunidades entre si, ou suas manifestações hostis. Echtra é a palavra grega para inimizade” (Soares, 2009, p. 132). Significa permanecer em um “estado de inimizade com alguém – ser inimigo, em oposição” (Low; Nida, 2016, p. 439). A inimizade é produto de uma mente carnal (Rm 5.10; 5.10; 8.6,7; Ef 4.17-19; Cl 1.21; Tt 3.3; Tg 4.1-4)

2.1.2 Ira. O termo “ira”, “traz o sentido de uma tremenda explosão de temperamento” (Soares, 2009, p. 132 – grifo nosso), denota “um estado de intensa irritação, com a implicação de explosões de raiva – raiva, fúria, ira, furor” (Low; Nida, 2016, p. 677 – grifo nosso) ou ainda “um desejo intenso, passional, do tipo arrebatador e potencialmente destrutivo” (Low; Nida, 2016, p. 261 – grifo nosso). A ira nasce de um interior não regenerado (Sl 37.8; Pv 15.18; Ec 7.9; 29.22; Ef 4.26,27; Cl 3.8,9; Tg
1.20).

2.1.3 Inveja. A expressão “inveja” “refere-se ao desejo de privar o outro do que ele tem. É aquela pessoa que fica amargurada diante da visão de outra possuindo o que ela não tem, e que faria de tudo quanto fosse possível não para possuir a coisa, mas para evitar que a outra pessoa a possua” (Soares, 2009, p. 133 – grifo nosso). Esse foi o sentimento de Caim (Gn 4.2-8); dos irmãos de José (Gn 37.3-11); dos filisteus (Gn 26.12-14); de Saul (1Sm 18.6-9); de Raquel (Gn 30.1) e dos líderes religiosos do tempo de Jesus (Mt 27.18).

III – O FRUTO DO ESPÍRITO SANTO

O fruto do Espírito é o caráter de Deus comunicado ao homem por intermédio do Espírito de Deus (Jo 15.4,5; Gl 5.22; Rm 8.5,6; Cl 1.10). Por meio dessa operação do Espírito Santo, o homem desfruta de paz e equilíbrio interior. Vejamos:

3.1 Amor. Este é o “princípio e fundamento de todas as demais virtudes” (Soares, 2009, p. 134). Ele é um “sentimento que nos constrange a buscar, desinteressada e sacrificialmente, o bem de outrem. É a disposição afetiva que nos leva à dedicação absoluta a outro ser [...] Paulo define o amor como o sentimento dos sentimentos” (Andrade, 2004, p. 42 – grifo nosso). Veja a lista das emoções e sentimentos que o amor, como fundamento, é capaz de produzir (1Co 13.4-13).

3.2 Gozo. Também é traduzido como “alegria”, significa “Satisfação, contentamento, júbilo [...] como dom de Deus e fruto do Espírito Santo, pode ser desfrutada sob as mais adversas condições (Gl 5.22) [...] pode manifestar-se até mesmo em meio às perseguições e às mais impensáveis provas (Mc 5.12; 2Co 12.9)” (Andrade, 2004, p. 39).

3.3 Paz. “É a serenidade que o Espírito Santo nos infunde no coração mediante a fé [...] como o fruto do Espírito, a paz é a profunda quietude do coração firmada na convicção de que Deus está no comando de todas as coisas” (Andrade, 2004, p. 295). Ela “é muito diferente da noção geral de paz, visto ser uma possessão interna que traz consigo a serenidade mental, contrastando-se vivamente com as caóticas “obras da carne [...] (Rm 15.13; Fp 4.7; Cl 3.15)” (Soares, 2009, p. 135 – grifo nosso).

3.4 Bondade. “Refere-se a uma disposição gentil e bondosa para com os outros, é a característica de “ser bom” (Soares, 2009,
p. 135). A bondade traz equilíbrio ao homem (Rm 12.21; Ef 5.9; Cl 3.12,13) e faz parte do caráter de Deus (Ex 33.19; Sl 34.8; 100.5; 119.68).

3.5 Temperança. Ou domínio-próprio, “significa autocontrole, a característica de ter domínio sobre seus apetites [...] designa para Paulo, a conduta interna e externa em oposição à imoralidade sexual, impureza e lascívia” (Soares, 2009, p. 136). A temperança disciplina o coração (2Pe 1.5,6; 1Co 9.25), reflete a maturidade do cristão (Pv 16.32; 1Co 9.27; Tt 1.7,8).

CONCLUSÃO

O homem foi criado para revelar Seu Criador. Sua natureza trina “corpo, alma e espírito”, deveria refletir a harmonia
existente na Trindade “Pai, Filho e Espírito Santo” (Gn 1.26,27; Mc 12.30; Rm 12.1,2; 1Ts 5.23). Não há desequilíbrios na Trindade, pois O Pai, O Filho e O Espírito têm propósitos alinhados (Gn 1.1,2,26; Mt 3.16,17; Lc 22.42; Jo 5.19,30; 14.26; Mt 28.19; 1Jo 5.6-8; Ef 1.9-14). Ao pecar, sofreu severas consequências que atingiram o mais profundo do seu ser. Mas, por meio do Espírito pode e será reconduzido ao seu estado original, à imagem de Deus (1Co 15.53,54; Ef 4.24; Cl 3.10; 2Pe 1.4).

REFERÊNCIAS

• SILVA, E. S. da. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.

• QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. CPAD.

• PEARLMAN, M. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. VIDA.

• SOARES, Germano. Gálatas. CPAD.

• LOW, Johannes; NIDA, Eugene. Léxico grego-português do Novo Testamento. SBB. • ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. CPAD

Fonte: https://redebrasiloficial.com.br/licao_ebd.php Acesso em 16 de Nov de 2025