Lição 5 - A Alma — A natureza imaterial do ser humano V

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ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - GUARULHOS

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

QUARTO TRIMESTRE DE 2025

Adultos - CORPO, ALMA E ESPÍRITO: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo

COMENTARISTA: Silas Queiroz

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

 

LIÇÃO Nº 5 – A ALMA: A NATUREZA IMATERIAL DO SER HUMANO

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre a natureza da alma humana; veremos algumas teorias que surgiram acerca da sua origem e transmissibilidade; analisaremos que ela é imaterial, por não ser composta de elementos físico-químicos, imortal, por não sofrer aniquilação na sua condenação (Mt 10.28; Ap 6.9); e, por fim, destacaremos a sua complexidade a partir da diversidade de atributos e interações que mantém com Deus, com o corpo em que habita e com a realidade à sua volta.

I – A ORIGEM DA ALMA

A Bíblia diz que a alma foi transmitida a Adão por meio do sopro divino (Gn 2.7; Jó 33.4). No entanto, há um silêncio quanto a como se originou na concepção, isto é, a como foi transmitida aos seus descendentes. Isto resultou no surgimento de algumas teorias que procuram compreender esta verdade.

1.1 A teoria da preexistência. Nunca alcançou relevância entre os pensadores cristãos por se alinhar com o conceito espírita de reencarnação. “Segundo esta teoria, uma alma criada por Deus em tempos passados entra no corpo humano em algum momento do desenvolvimento inicial do feto. Mais especificamente, a alma de cada pessoa tinha existência consciente e pessoal num estado prévio. Essas almas pecam, em vários graus, nesse estado preexistente, e por isso são condenadas a “nascer neste mundo num estado de pecado e em conexão com um corpo material” (Horton, 1996, p. 135). Não encontramos respaldo bíblico para esse pensamento e, por isso, rejeitamos tal argumentação por ser contrária às Escrituras.

1.2 A teoria do criacionismo. Essa teoria ensina que “Deus cria direta e imediatamente uma alma e um espírito para cada corpo no tempo da concepção, e que somente o corpo é gerado pela fecundação do óvulo através do espermatozoide” (Chafer, 2003, p. 581). Essa teoria encontra apoio em alguns pais da igreja e reformadores. Se apoia em textos que atribuem a Deus a criação direta da alma e do espírito (Nm 16.22; Ec 12.7; Is 57.16; Zc 12.1; Hb 12.9). Se Deus cria uma alma e espírito novos em cada concepção, é um mistério. A Bíblia afirma categoricamente que Deus é o criador de todos os homens (Dt 32.6; Jó 12.10; Sl 100.3; Ml 2.10; Ef 2.10; 4.6).

1.3 A teoria do traducianismo. Encontra apoio em alguns pais da igreja e reformadores luteranos. O termo “traducianismo” vem do latim “traducere” que significa: “transportar, transferir”. Ela “sustenta que ‘a raça humana foi criada imediatamente [e plenamente] em Adão, no que diz respeito à alma [bem como o espírito] como também ao corpo, e que ambos são propagados da parte dele para a geração natural’. Em outras palavras, Deus outorgou a Adão e Eva os meios pelos quais eles (e todos os seres humanos) teriam descendentes à sua própria imagem, perfazendo, assim, a totalidade da pessoa material-imaterial” (Horton, 1996, p. 136, grifo nosso). Textos como (Gn 5.1,3; 46.26; Sl 51.5; At 17.26; Rm 5.12-32; 1Co 15.21,22; Hb 7.9,10) parecem indicar que Adão transmitiu aos seus descendentes a natureza completa (corpo, alma e espírito), confirmando, assim, a doutrina de que “a corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição – corpo, alma e espírito” (Silva, 2017, p. 101, grifo nosso). Essa é a posição defendida pelas Assembleias de Deus, registrada em sua Declaração de Fé.

II – A NATUREZA DA ALMA

2.1 O materialismo. Em sua forma mais básica, o materialismo é a crença de que toda existência é matéria ou derivada de matéria ou processos materiais [...] Evitando todas as entidades imateriais – espíritos, anjos, divindades – para um monismo físico completo” (Copan et al., 2018, p. 473). O materialismo propõe que “o homem é apenas uma máquina” e que “o homem não passa de um animal”. Ele “nega qualquer distinção entre mente e matéria; afirma que todas as manifestações da vida e mente e todas as forças são simplesmente propriedades da matéria. ‘O pensamento é a secreção do cérebro, como a bílis é a secreção do fígado’” (Pearlman, 2011, p. 63). Os saduceus eram uma forma de materialismo prático dentro do judaísmo, pois não criam em ressureição, anjos nem em espíritos [ou seja, não acreditavam em realidades metafísicas]. Jesus e os apóstolos disputaram contra eles (Mc 12.18-27; At 4.1,2; 5.17,18; 23.8). Conforme Jesus, negar as realidades espirituais é “errar por não conhecer as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22.29).

2.2 A realidade da alma desmonta a tese do materialismo. A existência da mente desmonta o pensamento materialista: “O materialismo tem sido assombrado pelo problema da mente e da agência imaterial” (Copan et al., 2018, p. 473). Conforme a declaração de Fé das AD, “mente” na Bíblia é outro termo para alma: “pois a Bíblia apresenta vários termos para indicar a parte espiritual do ser humano, além de alma e espírito, tais como mente, vontade, e o uso metafórico de coração e rins” (Silva, 2017, p. 79, grifo nosso). A “mente” é uma das faculdades da alma (Lm 3.20; Mc 12.30) e é uma fábrica de processos imateriais, como os pensamentos [e/ou emoções, desejos] (1Rs 8.17; Sl 14.1; Mt 9.4; 1Co 7.37). No materialismo, tudo se resume ao que é físico, palpável, tangível. Então, a vida humana se encerraria com a morte do corpo, como acontece com os animais. Esse era o pensamento dos saduceus materialistas refutados por Jesus. Mas, diferente da alma animal, a alma humana: recebeu o sopro de Deus na criação (Gn 2.7), tem um destino eterno (Ec 3.21; Mt 10.28; Ap 6.9), tem maior valor (Mt 10.31) e valor inestimável (Mt 16.26). A declaração de Fé das Assembleias de Deus (2017, p. 79, grifo nosso) diz: “A alma e o espírito são substâncias espirituais, incorpóreas e invisíveis”. É importante ressaltar que “a dimensão espiritual gerou a material, e não o inverso; logo, é imperioso à matéria curvarse ante o imaterial proveniente de Deus e submeter-se a ele” (Brunelli, vol 2, p. 172).

2.3 A alma é imaterial. O homem é constituído de uma natureza material “corpo” (Gn 3.19; 1Co 15.47) e outra imaterial, integradas pela “alma” (Gn 35.18; 1Rs 17.21,22; Mt 10.28; Ap 6.9) e pelo “espírito” (Ec 12.7; Zc 12.1; Lc 23.46; At 7.59). Corpo e alma são provenientes de Deus, mas têm naturezas distintas. Deus utilizou o pó da terra na composição do corpo, enquanto a alma parece reter a composição do sopro divino (Gn 2.7; Jó 33.4). Isto revela que a natureza da alma, diferente da do corpo, é essencialmente espiritual e imaterial pois tem sua origem e composição no Ser que é puramente espiritual (Jo 4.24). A alma não tem composição a partir de elementos físicos ou químicos, exigência básica para ser considerada matéria, pelo contrário ela “é uma substância incorpórea e invisível” (Silva [Org.], 2017, p. 80). Antes de soprar o “fôlego de vida” havia um ser formado do barro, “um boneco” sem vida (Gn 2.7). Após o sopro ele se tornou vivo, operante, pensante, falante. Na morte o homem volta a ser um boneco inanimado, pois a alma que é o verdadeiro “eu”, “o próprio indivíduo [...] a pessoa e a vida. [...] a sede do apetite físico, das emoções, dos desejos tanto bons como ruins, das paixões e do intelecto. O centro afetivo, volitivo e moral da vida humana” (Silva [Org.], 2017, p. 80, grifo nosso) sai do corpo (Gn 35.18; 1Rs 17.21,22). Por isso, é dito que a alma é “aquele princípio inteligente e vivificante que anima o corpo humano, que usa os sentidos físicos como seus agentes na exploração das coisas materiais e os órgãos do corpo para expressar-se e comunicar-se com o mundo exterior” (Pearlman, 2011, p. 109).

2.3 A alma é imortal. A alma sobrevive à morte do corpo (Gn 35.28; 1Rs 17.21,22; Mt 10.28; Mt 22.32,43; Ap 6.9; 20.5), já sofre ou é acalentada ainda no período intermediário (Sl 16.10,11; Lc 16.19-31; Lc 23.43; Fp 1.23), e será unida ao corpo novamente para alegria ou vergonha eterna (Dn 12.2; Mt 25.46; Mc 9.42-48; Jo 5.28,29; Ap 14.10,11; 20.10). O homem que peca contra Deus, que é eterno, será julgado e condenado por Ele em sua dimensão eterna. Não há menção de que a besta, o falso profeta, o diabo e todos que os seguiram serão aniquilados, mesmo após o milênio, quando serão lançados no “lago de fogo” (Ap 19.20; Ap 20.9,10; Mt 25.41), mas sim que continuarão existindo e “de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10). O termo “eterno” do grego “aiõnios” também é usado acerca do pecado ‘que nunca obterá perdão (Mc 3.29) e do julgamento de Deus, do qual não há apelo (Hb 6.2), e do fogo, que é um dos seus instrumentos (Mt 18.8; 25.41; Jd 7), e dito em outro lugar ‘que nunca se apaga’ (Mc 9.43). O uso de aiõnios aqui mostra que o castigo referido em 2Ts 1.9, não é temporário, mas final e, concordantemente, a fraseologia mostra que seu propósito não é corretivo, mas punitivo” (Vine, 2002, p. 628, grifo nosso).

III – A COMPLEXIDADE DA ALMA

As Escrituras Sagradas revelam a complexidade da “alma humana”, superior à “animal” (Ec 3.21; Ap 6.9), única e pessoal (1Sm 18.1; Ez 18.4). Embora os anjos sejam descritos como “espíritos” (Hb 1.14), também manifestam emoções e vontade: alegramse com a salvação dos pecadores (Lc 15.10), regozijam-se diante da criação (Jó 38.7), expressam indignação (Ap 12.7-9) e exercem escolhas (Mt 25.41). Assim, distinguimos: a alma humana, singular e moral; a alma animal, restrita à vitalidade [ou seja, à vida física]; e a alma angelical, espiritual, mas dotada de sentimentos e vontade, ainda que distinta da humana.

3.1 A alma e o corpo. Só há vida no corpo enquanto a alma está nele (Gn 35.18; 1Rs 17.21,22). É por isso que, em muitos casos, a palavra “alma” é traduzida por “vida” (Gn 9.5; 1Rs 19.3; 2.23; Pv 7.23; Ex 21.23,30; 30.12; At 15.26). A Escritura atribui sentimentos aos órgãos físicos porque a alma os permeia, habita e capacita de sensibilidade (Sl 16.7; 73.21; Jó 16.13; 38.36; Jr. 4.19; Pv 23.16; Ct 5;4) (Pearlman, 2011, p. 113).

3.2 A alma e o pecado. A alma consciente e voluntariamente usa o corpo para pecar contra Deus (Ez 18.4). A combinação da alma que deseja e o corpo que executa é chamada de “corpo do pecado” (Rm 6.6), ou “carne” (Gl 5.24). Um corpo sem alma não pode pecar, porque está morto, mas animado pela alma pode desejar e consumar o pecado (Tg 1.14,15). Por isso, a alma pode se perder (Mt 16.26; Lc 12.19,20), é carente de arrepender-se (Sl 51.17; Hb 10.39; 1Pd 1.9).

3.3 A alma e o coração. Diz-se do coração tudo que se diz da alma, pois ambos são o centro da vida, do desejo, da vontade, do juízo, do amor, ódio, determinação e alegria (Hb 10.22; 1Jo 3.19-21; Is 65.14; At 2.46; 1Rs 3.9; Pv 23.17; At 7.54; Sl 105.3; Sl 73.26).

CONCLUSÃO

A alma tem sua origem e transmissibilidade envoltas em mistérios. Mas a Palavra de Deus afirma que ela é imaterial,
imortal e potencialmente dinâmica. É o verdadeiro “eu” do homem, habilitando-o a ter expressão e interação por meio do corpo. É carente de arrependimento e da graça de Deus.

REFERÊNCIA

• BRUNELLI, Walter. Teologia Para Pentecostais. CENTRAL GOSPEL.

• CHAFER, Lewis. Teologia Sistemática. HAGNOS.

• COPAN, P.; LONGMAN, T.; REESE, C.; STRAUSS, M.; Dicionário de Cristianismo e Ciência. THOMAS NELSON BRASIL.

• HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD.

• PEARLMAN, M. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. VIDA.

• SILVA, E. S. da. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.

• VINE, William; UNGER, Merril; WHITE, William. Dicionário Vine. CPAD.

Fonte: https://redebrasiloficial.com.br/licao_ebd.php Acesso em 27 de Out de 2025