Lição 13 - Assembleia de Jerusalém V

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ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - GUARULHOS

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

TERCEIRO TRIMESTRE DE 2025

Adultos - A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições

COMENTARISTA: José Gonçalves

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

 

LIÇÃO Nº 13 – A ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos um dos momentos mais importantes da história da Igreja Primitiva: o Concílio de Jerusalém. Esse encontro representou um marco na definição da identidade cristã, pois tratou de uma questão crucial: a inclusão dos gentios no povo de Deus sem a necessidade de se submeterem às práticas da lei mosaica. Primeiramente, veremos o contexto histórico que levou à convocação do Concílio, destacando o crescimento da Igreja entre os gentios e as tensões surgidas com os cristãos judaizantes. Em seguida, analisaremos a estrutura da reunião, observando o papel de figuras como Pedro, Paulo, Barnabé e Tiago, e a maneira como o Espírito Santo guiou a decisão dos apóstolos e presbíteros. Depois, abordaremos as resoluções e consequências deliberadas pelo Concílio, que trouxeram clareza à doutrina da salvação pela graça, sem a imposição das obras da lei. Por fim, refletiremos sobre os efeitos desse Concílio na vida da Igreja Primitiva, mostrando como sua decisão fortaleceu a unidade dos crentes, impulsionou a obra missionária e serviu de modelo para posteriores decisões conciliares.

I – O CONTEXTO DO CONCÍLIO 1.1 O concílio de Jerusalém. Há alguns anos os gentios já vinham sendo recebidos na fé em Cristo por meio do batismo. Um exemplo claro ocorreu em Cesareia, quando o centurião Cornélio, temente a Deus, ouviu o evangelho, creu e foi batizado com o Espírito Santo e em águas (At 10.44-48). Alguns irmãos “da circuncisão” (At 11.2) questionaram Pedro, mas após sua explicação reconheceram a inclusão dos gentios no plano da salvação (At 11.4-18). Em seguida, houve um grande movimento em Antioquia da Síria, promovido por discípulos dispersos após a morte de Estêvão. Alguns pregavam apenas aos judeus (At 11.19), mas outros anunciaram também aos gentios, e muitos se converteram pela ação do Senhor (At 11.20-21). A igreja em Jerusalém enviou Barnabé, que, ao constatar a obra de Deus, os exortou a permanecer firmes na fé (At 11.22-23). Logo buscou Saulo em Tarso, e juntos ensinaram em Antioquia por um ano, fortalecendo a igreja, que ainda enviou ajuda aos irmãos da Judeia (At 11.29). No capítulo 13 inicia-se a primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé. Eles pregavam inicialmente nas sinagogas, mas, diante da rejeição dos judeus (At 13.41), voltaram-se prioritariamente aos gentios, que recebiam com alegria a mensagem de Cristo (At 13.42-43). A partir de então, o evangelho foi anunciado tanto a judeus quanto a gentios.

II – O CONCÍLIO E SUA ESTRUTURA

A Bíblia nos diz que “alguns que tinham descido da Judeia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos” (At 15.1). Estes indivíduos, que posteriormente ficaram conhecidos como “judaizantes”, certamente são os mesmos mencionados por Paulo em Gl 2.12-14. A dificuldade de entender a inclusão dos gentios no seio do povo de Deus e no plano da salvação era comum, mesmo entre os judeus desprovidos de preconceito. Os olhos deles, acerca da universalidade da salvação, foram abertos quando presenciaram o derramar do Espírito Santo também sobre os não judeus (At 10.34,35,45-48). Os judaizantes, porém, estabeleciam como pré-requisito para a salvação a prática da circuncisão e demais ordenanças mosaicas entre os gentios conversos. Diziam eles ser “necessário circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés” (At 15.5). Eles persuadiram Barnabé e o próprio Pedro (que já haviam aceitado os gentios), o que gerou acirrada discussão entre Paulo e ambos. Resolveu-se, então, levar o caso aos apóstolos e anciãos que estavam em Jerusalém. É bom frisar que o Apóstolo dos Gentios conseguiu convencer tanto Pedro quanto Barnabé antes mesmo do concílio. Prova disso foi o posicionamento dos dois naquela reunião.

2.1 O Concílio. Realizou-se em Jerusalém, na Igreja Mãe. Havia um reconhecimento da primazia dela, pois quando não houve consenso, foi para lá que se encaminhou o caso (At 15.2). Vemos ainda o claríssimo reconhecimento da hierarquia ministerial, pois a questão seria levada aos “apóstolos e anciãos (ou presbíteros)”, e não o contrário. E mesmo entre os apóstolos, três se destacaram, a saber: Pedro, Paulo e Tiago, sendo que este último teve a palavra final.

2.2 A palavra de Pedro. O apóstolo deu importante contribuição, lembrando aos presentes que, há muito, ele havia sido escolhido para também anunciar a salvação aos gentios (At 15.7). Decerto se referia ao episódio ocorrido na casa de Cornélio, cerca de dez anos antes. Pedro defendeu o nivelamento entre judeus e gentios, bem como a salvação pela fé e não pelas obras da lei: “e não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o coração pela fé” (At 15.9). Ele também denunciou a incoerência dos judaizantes, que, sendo judeus, viviam como gentios, e queriam que os gentios vivessem como judeus (At 15.10). Depois disso, ele concluiu sua participação (At 15.12).

2.3 A palavra de Paulo e Barnabé. Eles relataram os grandes sinais e prodígios efetuados por Deus entre os gentios (At 15.12). Estavam se referindo aos detalhes da primeira viagem missionária, narrada por Lucas nos capítulo 13 e 14. Sem dúvida, tais relatos consolidaram ainda mais no coração da multidão presente a verdade inegável: “Deus não faz acepção de pessoas” (At 15.9 cf. Rm 2.11).

2.4 A palavra de Tiago. Ele teve a palavra final. Interessante que ele resgata parte do discurso de Pedro, chamando-o pelo seu nome hebraico Simão, pois ele estava se dirigindo a judeus. Pelo mesmo fato ele fundamentou a incorporação dos gentios no povo de Deus, fazendo uso do Antigo Testamento (At 15.15-18 cf. Am 9.11,12). Tiago, assim, correlacionou e equiparou a Autoridade Profética à Autoridade Apostólica. A sua presidência no concílio está clara na afirmação “Pelo que julgo...” (At 15.19).

III – AS RESOLUÇÕES E CONSEQUÊNCIAS DO CONCÍLIO

O Apóstolo Tiago deixou bem claro que não se deveria perturbar os gentios que se converteram a Deus (At 15.19). Foram três as conclusões a que se chegaram no concílio, e nenhuma delas dizia respeito à prática da circuncisão, que era um sinal da aliança entre Deus e a nação de Israel. A recomendação conciliar visava não só corrigir um falso entendimento dos judaizantes com relação a salvação, mas reforçar que havia algumas questões na lei que não foram abolidas, pois a graça não anula a lei (Rm 3.30,31), mas a reafirma. Embora, três das quatro exigências se configurassem como leis cerimoniais, entretanto, o Concílio parece dar outro tratamento a esta questão.

3.1 Abstenção da contaminação dos ídolos. Diz respeito tanto à prática da idolatria quanto ao envolvimento em festas e comidas consagradas aos ídolos, algo que sempre foi repudiado pelo Senhor (1Co 10.21).

3.2 Abstenção da prostituição. O termo “porneia” aponta para toda e qualquer forma de impureza e perversão sexual, o que representa um pecado grave contra Deus e contra o próprio corpo (1Co 6.18; Gl 5.19).

3.3 Abstenção do que é sufocado e do sangue. O Apóstolo Tiago nesse texto lembra as quatro reivindicações: a abstinência de sacrifícios aos ídolos (Lv 17.7-9), a “imoralidade” (Lv 18), e a “carne asfixiada e de sangue” (Lv 17.10-12; 13-15), que vigoram de maneira expressa não apenas para Israel, ma também para o “estrangeiro que peregrina entre vós” (Lv 17.8; 18.26). Embora o presente texto para alguns comentaristas seja objeto de polêmica, entretanto, ressaltamos que está claro o nível de igualdade dados as exigências reconhecidas no Concílio, que coloca “imoralidade”, que é uma abstenção básica para a santidade do povo de Deus, em patamar de igualdade com “sacrifícios aos ídolos, carne asfixiada e de sangue”. Não restam dúvidas que as exigências deveriam ser seguidas por todos os gentios, não apenas como o respeito a consciência judaica, fato que relegaria “Imoralidade” a leis cerimoniais, mas como mandamento. Havendo sido definido entre os apóstolos e presbíteros a matéria conciliar, elaborou-se uma carta, que foi enviada aos gentios através de Paulo, Barnabé, e dois outros varões eleitos para tal fim, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, varões distintos entre os irmãos. Está escrito em At 15.23: “E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os anciãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, Síria e Cilícia, saúde”. Nela, os apóstolos deixaram claro que os judaizantes falaram sem autorização (At 15.24). O conteúdo daquela encomenda aliviava o jugo desnecessário de sobre os gentios (At 15.28,29).

IV – OS EFEITOS DO CONCÍLIO NA IGREJA PRIMITIVA

O Concílio de Jerusalém resolveu a questão da circuncisão e estabeleceu princípios fundamentais para a expansão do evangelho e a unidade da Igreja. Sua decisão abriu o caminho para a inclusão plena dos gentios, revelando o mistério outrora oculto: a Igreja, composta por todas as nações, niveladas pela cruz (Ef 3.3-6). As resoluções mostraram que a salvação é pela graça mediante a fé em Cristo (Ef 2.8-9), preservaram a comunhão, impulsionaram a obra missionária e serviram de modelo para futuros concílios. Assim, o evangelho avançou sem barreiras culturais, cumprindo o propósito divino. Cristo, plenitude dos tempos (Gl 4.4; Hb 10.1), é a pedra angular sobre a qual todos somos edificados (Ef 2.19-20). Notemos:

4.1 Consolidação da unidade da Igreja. A decisão demonstrou que judeus e gentios pertenciam a um só corpo em Cristo (Ef 2.14-16). O concílio preservou a comunhão fraterna, evitando divisões internas que poderiam comprometer o crescimento da obra.

4.2 Clareza na doutrina da salvação. Ficou firmado que a salvação é pela graça, mediante a fé, sem necessidade de obras da lei (At 15.11; Ef 2.8-9). Isso fortaleceu a mensagem central do evangelho, distinguindo o cristianismo do judaísmo legalista.

4.3 Impulso à obra missionária. Ao libertar os gentios do peso da lei mosaica, o concílio abriu caminho para uma expansão mais rápida do evangelho no mundo greco-romano (At 16.4-5). O cristianismo pôde se desenvolver sem barreiras culturais desnecessárias.

4.4 Referência para futuros concílios. O Concílio de Jerusalém serviu de modelo para os posteriores encontros da Igreja, mostrando que decisões doutrinárias devem ser tomadas à luz da Escritura e da direção do Espírito Santo (At 15.28).

CONCLUSÃO

A ordem do Mestre era de se pregar o evangelho até aos confins da terra (At 1.8). Depois de séculos de relativo exclusivismo, os judeus, agora, viam o mistério oculto desde os séculos sendo-lhes revelado, a saber: a Igreja, composta por todas as raças, tribos e nações. Todos estavam nivelados pela cruz do Calvário. As imposições das obras da lei não faziam mais sentido, uma vez que a plenitude dos tempos e a real imagem das coisas já havia chegado, Cristo Jesus (Gl 4.4; Hb 10.1).

REFERÊNCIAS

• GILBERTO, Antonio. A Prática do Evangelismo Pessoal. CPAD.

• BÍCEGO, Valdir. Manual de Evangelismo. CPAD.

• BOYER, Orlando. Esforça-te para Ganhar Almas. Vida.

• GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. CPAD.

• HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD.

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: https://redebrasiloficial.com.br/licao_ebd.php Acesso em 22 de Set de 2025