ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - GUARULHOS
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2025
Adultos - A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições
COMENTARISTA: José Gonçalves
COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO
LIÇÃO Nº 12 – O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA DE JERUSALÉM
INTRODUÇÃO
Nesta lição iremos aprender sobre missão, a obra de expansão na proclamação do evangelho; apontaremos a realização da missão local e transcultural no livro de Atos; ressaltaremos sobre a atuação da Igreja em Jerusalém no envio e apoio aos trabalho missionário em Antioquia.
I – MISSÃO: A EXPANSÃO DO EVANGELHO
De acordo com Gonçalves (2025, p. 135), o capítulo 11 de Atos “trata de um assunto importantíssimo para a história do cristianismo: o início da missão transcultural da Igreja. Até esse ponto do livro de Atos, o evangelho estava circunscrito a Jerusalém e as suas adjacências. Nesse ponto da missão da Igreja, os “confins” da terra começam a ser alcançados. Dizendo isso de outra forma, a igreja dá início à sua missão transcultural”.
1.1 Missão: uma vocação da Igreja. De acordo com o dicionário online de Houaiss, “missão” é a incumbência que alguém deve executar a pedido ou por ordem de outrem; encargo; comissão ou conjunto de pessoas a quem se confere uma tarefa, frequentemente em outro local ou país; trabalho dos missionários. Segundo Wycliffe (2007, p. 1356), em relação a missão da Igreja, “Isaías profetizou que Deus encarregaria o Messias de ser a luz para as nações, a fim de que sua salvação pudesse alcançar até os confins da terra (Is 49.6; 42.1-6). Quando o Senhor Jesus veio, afirmou claramente: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (Jo 10.16). Ele ensinou aos discípulos que o evangelho deveria ser pregado ao mundo todo como testemunho a
todas as nações e a todas as gentes”.
1.2 A Grande Comissão. Do latim “comissionem” [encargo], a Grande Comissão é a incumbência de se evangelizar o mundo que o Senhor Jesus Cristo entregou aos seus discípulos. A Grande Comissão envolve um tríplice encargo: evangelizar, discipular e batizar (Andrade, 2000, p. 85). Segundo Geisler (2010, p. 64), “É possível a alguém conhecer sobre o céu pela observação da revelação geral, mas ele não pode saber como se chega até este céu, pois “em nenhum outro [além de Cristo] há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). Para serem salvas, as pessoas precisam confessar que “Jesus é o Senhor” e crer no seu coração que “Deus o ressuscitou dos mortos” (Jo 17.3; Rm 10.9). Só que elas não podem clamar por alguém de quem nunca ouviram falar, e “como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10.14). Dessa forma, a pregação do evangelho para o mundo todo é a Grande Comissão do cristão (Mt 28.18-20)”.
1.3 A perseguição como instrumento missionário. A perseguição em Jerusalém após o martírio de Estêvão (At 6.8-14; 7.58-60) não silenciou os cristãos, pelo contrário, os espalhou, levando o evangelho a outros lugares: “Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra” (At 8.4). E assim o fizeram, levando a Palavra de Deus a novos territórios (At 8.1; At 11.19). Henry (2008, p. 81 – acréscimo nosso) diz que “eles, lembrando-se da regra de nosso Mestre quando, pois, vos perseguirem, nesta cidade, fugi para outra” (Mt 10.23), se dispersaram por comum acordo pelas terras da Judéia e da Samaria... [eles] entenderam que essa grande perseguição era indicação da providência para que eles se espalhassem. Eles fizeram um trabalho muito bom em Jerusalém, e agora estava na hora de pensar nas necessidades de outros lugares. O Mestre lhes dissera que seriam suas testemunhas primeiramente em Jerusalém, e depois em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At 1.8)”. Assim, a Igreja aprende que as adversidades podem servir para o cumprimento da missão (Rm 8.28).
II – A MISSÃO LOCAL E TRANSCULTURAL
A missão da proclamação do Evangelho foi ordenada pelo Senhor Jesus, conforme Marcos 16.15: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”. Os discípulos assim o fizeram, seguindo a orientação do Mestre de serem “testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Aqui aponta para a missão, tanto no seu aspecto local, mas também transcultural. Vejamos:
2.1 Missão local. De acordo com Beacon (2006, p. 208), Atos 1.8 indica as três principais divisões do livro de Atos: 1) O testemunho em Jerusalém (caps. 1-7); 2) O testemunho em toda a Judéia e Samaria (caps. 8 -12); e por fim, 3) O testemunho no mundo gentio (caps. 12-28). Assim, a Igreja seguiu a sua missão, dada pelo próprio Senhor, iniciando a proclamação do Evangelho de forma local, em Jerusalém (At 2.14; At 2.22; At 3.12; At 3.19; At 4.2; At 5.28; At 5.42; At 6.7; At 7.2). Semelhantemente, os capítulos 8 a 12 descrevem a expansão dos testemunhos por toda a Judéia e Samaria (At 8.1; At 8.4,5; At 8.14,15; At 9.31). No capítulo 8, Filipe vai em direção ao Norte, até Samaria, e então para o Sul, em direção a Gaza (o Sul da Judéia). No capítulo 9, Saulo é convertido e Pedro evangeliza Lida e Jope (a oeste da Judéia, perto do Mediterrâneo). No capítulo 10, Pedro tem uma visão em Jope e ministra em Cesaréia — ambas na costa do mar Mediterrâneo (Cesaréia era a capital romana da Judéia). No capítulo 11, Pedro se apresenta em Jerusalém e uma igreja é fundada em Antioquia, na Síria (fora da Judéia e Samaria).
2.2 Missão transcultural. Atos 11.19,20 diz que: “os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus. 20E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus”. “Os cristãos dispersos viajaram para o norte até a Fenícia (as cidades de Tiro e Sidom), o Líbano moderno, na costa norte da Palestina, Chipre — a maior ilha da extremidade leste do mar Mediterrâneo — e Antioquia. Esta cidade, fundada em 300 a.C., tinha se tornado a terceira maior cidade do Império Romano, superada apenas por Roma e Alexandria” (Beacon, 2006, p. 289). De acordo com Gonçalves (2025, p. 140) “praticamente todas as denominações do cristianismo histórico e do movimento pentecostal lançaram-se na missão transcultural”.
III – JERUSALÉM: UMA IGREJA QUE ENVIA E APOIA OS MISSIONÁRIOS
3.1 O envio de Barnabé a Antioquia. Antioquia teve uma grande relevância no início da missão transcultural, ao ponto de que um “grande número creu e se converteu ao Senhor. E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia” (At 11.21,22). De acordo com Beacon (2006, p. 289), “a fama do que estava acontecendo em Antioquia chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém. Preocupados quanto a esta evangelização dos gentios estar de acordo com a ordem divina, os líderes enviaram Barnabé até Antioquia. Isto pode implicar que ele verificaria o trabalho na Fenícia no seu caminho para o Norte”. “Barnabé ficou maravilhosamente satisfeito quando chegou e viu que o evangelho ganhava terreno, e que alguns dos seus compatriotas, homens de Chipre (de cujo pais ele era - At 4.36), foram os instrumentos para isso” (Henry, 2008, p. 120).
3.2 Cooperação ministerial: a busca por Paulo. Havia, a partir de então, na nova igreja em Antioquia, a necessidade de acompanhamento pastoral e missionário, principalmente, para o ensino da Palavra. Diante disso, Wiersbe (2008, p. 333) aponta que “Barnabé, cheio do Espírito, sabia que Deus comissionara Paulo para pregar o evangelho para os gentios (At 9:15,27)”. Segundo Henry (2006, p. 121), esta atitude mostra que Barnabé era o tipo do homem que: 1) Se empenhou muito para tirar da obscuridade um homem útil e ativo; e, 2) Trouxe Saulo a Antioquia, o qual, sendo o principal portador da palavra (At 14.12) e provavelmente pregador mais popular, teria a probabilidade de ofuscá-lo, excedendo-o em brilho. Aqui aprendemos que, se Deus, por sua graça, nos inclina a fazer algo, de acordo com a habilidade que temos, devemos nos alegrar se outros que tenham uma capacidade maior, também tenham oportunidades maiores e façam melhor do que podemos fazer.
3.3 A formação de uma base missionária em Antioquia. “A obra de implantar igrejas precisa não apenas da presença dos missionários implantadores, mas também do suporte que lhes é dado. Sem apoio ao trabalho missionário, este está fadado ao fracasso. Esse fato era de conhecimento da igreja de Jerusalém” (Gonçalves, 2025, p. 146). Todo o apoio foi dado a Igreja em Antioquia, de forma que Paulo e Barnabé desenvolveram um importante trabalho de ensino naquela Igreja: “E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente” (At 11.25,26). A Igreja em Antioquia, influenciada pela sua origem, logo também envia missionários (At 13.1-3). Uma igreja bíblica têm missões em seu coração! “Esse foi o modelo em Antioquia e deve ser, portanto, o modelo hoje “ (Gonçalves, 2025, p. 147).
3.4 A solidariedade missionária: o sustento aos irmãos necessitados. A missão não se resume apenas ao envio e proclamação do Evangelho, mas também ao cuidado prático com as necessidades do povo de Deus. Em Atos 11.27-30, vemos que a Igreja em Antioquia, instruída pelos profetas que anunciaram uma grande fome, enviou ajuda financeira aos irmãos da Judéia. Esse gesto demonstra que a obra missionária também envolve a partilha de recursos e o suporte material. Segundo Stott (2003, p. 209), “o cristianismo sempre se caracterizou pela compaixão e pela solidariedade com os necessitados, pois a missão da Igreja é integral, cuidando do corpo e da alma”. Assim, aprendemos que igrejas verdadeiramente missionárias não apenas pregam, mas também repartem, sustentam e demonstram amor prático como testemunho do Evangelho (Tg 2.15,16; 1Jo 3.17,18).
CONCLUSÃO
O relato de Atos 11.19–30 mostra-nos que a Igreja de Jerusalém (e posteriormente, também a Igreja de Antioquia) possuía um caráter missionário marcado por evangelização, envio e discipulado dos novos cristãos. Esse modelo continua sendo a base da missão cristã em todos os tempos. Somos chamados a viver uma fé que ultrapassa fronteiras, sustenta obreiros e forma discípulos.
REFERÊNCIAS
• EARLE, Ralph et. al. Comentário Bíblico Beacon – Vol. 7, CPAD.
• GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
• GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém. Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em meio às Perseguições. CPAD
• HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry – Vol. 6. CPAD • PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
• WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Novo Testamento. Geográfica Editora.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 16 de Set de 2025