ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - GUARULHOS
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2025
Adultos - A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições
COMENTARISTA: José Gonçalves
COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO
LIÇÃO Nº 3 – UMA IGREJA FIEL À PREGAÇÃO DO EVANGELHO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos, com base em Atos, capítulo três, sobre uma Igreja que não busca a sua própria glória. Refletiremos sobre a verdadeira característica da pregação da Igreja e, por fim, abordaremos o perfil de uma Igreja que sabe aproveitar as oportunidades para evangelizar.
I - UMA IGREJA QUE NÃO BUSCA GLÓRIA PRÓPRIA
A Igreja primitiva enfrentou desafios, perseguições e oposição, mas permaneceu fiel à sua missão principal: pregar o Evangelho. A Igreja nasceu em poder no dia de Pentecoste, mas sua missão principal sempre foi anunciar o Evangelho. A cura do coxo na porta do templo (At 3.1-10) chamou atenção do povo, mas Pedro e João aproveitaram o momento para pregar Cristo. A fidelidade à pregação do Evangelho é o que caracteriza uma igreja verdadeiramente cheia do Espírito. Neste texto de Atos 3.11-19, aprendemos com Pedro como a Igreja primitiva lidava com as oportunidades para evangelizar e manter o foco em Jesus. Conforme o pastor José Gonçalves: “A igreja recém-nascida não possuía muitos bens materiais nem tampouco relevância e influência política; era, contudo, uma igreja cheia do poder de Deus” (Gonçalves, 2025, p. 41).
1.1 A pregação do Evangelho é uma das evidências mais claras de que uma igreja está comprometida com a fidelidade às Sagradas Escrituras. Ao longo da história da fé cristã, essa verdade tem se mostrado inegociável. Desde os primórdios da comunidade cristã em Jerusalém, podemos observar que os apóstolos não apenas anunciavam a mensagem de Cristo, mas o faziam com coragem, clareza e, sobretudo, cheios do poder do Espírito Santo (At 2.4). Um exemplo notável desse compromisso se encontra na segunda pregação do apóstolo Pedro, conforme registrada no capítulo 3 do livro de Atos dos Apóstolos. Ali, Pedro reafirma com firmeza a centralidade de Jesus como o Messias prometido (At 3.13-15), chama o povo ao arrependimento sincero e anuncia a esperança de tempos de refrigério vindos da parte do Senhor (At 3.19). Essa pregação não era fruto de discurso humano persuasivo, mas uma manifestação viva da atuação do Espírito que conduzia a Igreja nascente na verdade e na missão.
1.2 A missão essencial da pregação da igreja é exaltar a Cristo. O milagre da cura do coxo na porta Formosa (At 3.1-10) serve como ponto de partida para um poderoso sermão evangelístico de Pedro. O que poderia ser um momento de exaltação pessoal, se transforma em uma oportunidade para glorificar a Jesus. A igreja fiel não se gloria em suas realizações, dons ou carismas. Ela aponta para Cristo em tudo que faz: “Para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1Co 1.29-31). Uma igreja fiel à pregação não prega prosperidade ou autoajuda. Ela anuncia Jesus crucificado e ressurreto: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2.2).
II - A VERDADEIRA CARACTERÍSTICA DA PREGAÇÃO DA IGREJA
Pedro reconhece a ignorância do povo (At 3.17), mas não omite a verdade: eles precisavam se arrepender: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados” (At 3.19). O Evangelho fiel confronta o pecado, chama à conversão e promete perdão. Uma igreja fiel não tem medo de pregar contra o pecado. Ela chama os pecadores ao arrependimento com amor, mas com firmeza como Jesus ensinou: “E em seu nome se pregasse arrependimento para remissão dos pecados a todas as nações [...]” (Lc 24.47). Em Atos 3.11-19, vemos um modelo claro de uma pregação sem vaidade, centrada em Cristo e que clama por arrependimento. O apóstolo Paulo exortou: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Vejamos algumas características da verdadeira Igreja que pregação do Evangelho:
2.1 Uma igreja que rejeita a glória humana. Pedro percebe a admiração do povo e rejeita prontamente qualquer forma de idolatria: “Por que olhais tanto para nós?” (At 3.12). A verdadeira igreja sabe que os dons e milagres são meios, não fins. Herodes aceitou a glória dos homens e foi ferido por um anjo (At 12.21-23). A glória pertence exclusivamente a Deus: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei [...]” (Is 42.8). João o batista disse: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). A igreja fiel não busca reconhecimento humano, mas vive para glorificar a Deus em tudo: “Outro fato importante a ser observado nessa narrativa é que essa cura não reflete nenhum tipo de antropocentrismo. Deus, e não o homem, é o seu centro. Não há mérito humano nela [...] Pois bem, assim como aconteceu na primeira pregação de Pedro (At 2.14-40), esta segunda pregação também parte de uma experiência dada por Deus (At 3.1-26). Naquela, o ponto de partida foi a experiência do Espírito que veio por conta do derramamento do batismo no Espírito Santo (At 2.4); dessa vez, a pregação seguiu-se à cura do paralítico (At 3.6). Tanto em um caso como no outro, o Espírito Santo é o agente por trás desses eventos miraculosos. É o Espírito Santo quem glorifica a Jesus no meio do seu povo” (Gonçalves, 2025, pp. 41,42).
2.2 Uma igreja que exalta Cristo em todas as coisas. Pedro apresenta um resumo poderoso da cristologia apostólica: Jesus como o Servo de Deus (At 3.13; cf. Is 52.13-53.12); como o Santo e Justo (At 3.14; cf. Is 53.11; Lc 1.35); como o O Autor da Vida (At 3.15; cf. Jo 1.4; Cl 1.16) e como Ressurreto dos mortos (At 3.15; cf. Rm 6.9). A fé no nome de Jesus operou a cura (At 3.16), confirmando que Ele é a única fonte de salvação e poder. O foco da pregação não está no milagre, mas na Pessoa e na obra de Cristo: “Para que em tudo [Jesus] tenha a preeminência” (Cl 1.18). Uma igreja centrada em Cristo não substitui o Evangelho por modismos, psicologia positiva ou entretenimento.
2.3 Uma igreja que confronta o pecado com verdade. Pedro não esconde a culpa do povo: “Vós entregastes e negastes [...]” (At 3.13-14); “Matastes o Autor da vida” (At 3.15). Mas também reconhece sua ignorância (At 3.17), como Jesus declarou: “Pai, perdoalhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). A pregação fiel não suaviza o pecado, mas revela sua gravidade à luz da cruz: “E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as” (Ef 5.11). A igreja que deseja ser fiel ao Evangelho deve resistir à tentação de adaptar sua mensagem ao gosto do mundo.
2.4 Uma igreja que anuncia a mensagem do arrependimento. Pedro convoca: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos [...]” (At 3.19). O arrependimento é mais que remorso, é mudança de mente, coração e direção. A conversão através da ação do Espírito Santo e a pregação do Evangelho é necessária para que os pecados sejam apagados e tempos de refrigério venham. A mensagem do arrependimento foi o centro do ministério de João Batista (Mt 3.2); de Jesus (Mc 1.15) e dos apóstolos (At 2.38; 17.30) por meio do Espírito Santo: “Somente através da atuação do Espírito Santo é que o coração humano pode ser regenerado, despertado para a vida espiritual e capacitado a responder ao chamado de Deus” (Barreto, 2024, p. 110). Paulo disse que: “A tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende” (2Co 7.10). A igreja fiel prega o Evangelho completo: cruz, arrependimento, conversão e perdão.
2.5 Uma igreja que espera e anuncia o tempo do refrigério. O apóstolo afirmou: “Para que venham os tempos de refrigério pela presença do Senhor”. Esse refrigério aponta tanto para a presença do Espírito no presente, quanto para a esperança escatológica do retorno de Cristo. Uma igreja fiel prega o Evangelho com os olhos no futuro glorioso: “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13). Uma igreja fiel vive entre o “já” da salvação e o “ainda não” da glorificação, anunciando a bendita esperança da vinda de Cristo. O episódio em Atos 3 mostra que o milagre abriu portas, mas a prioridade era pregar Jesus.
III - UMA IGREJA QUE APROVEITA AS OPORTUNIDADES PARA EVANGELIZAR
A reação do povo diante do milagre operado por Pedro e João (At 3.9-11) revela como Deus pode usar eventos extraordinários para atrair a atenção das pessoas e abrir portas para a pregação do Evangelho. No entanto, a igreja não deve se distrair com os aplausos nem se desviar da missão principal. Pedro não desperdiçou a ocasião: diante de uma multidão admirada, ele apontou imediatamente para Cristo. Uma igreja cheia do Espírito reconhece os momentos preparados por Deus para evangelizar e age com sabedoria, ousadia e discernimento. 3.1 Uma igreja sensível às oportunidades concedidas por Deus. Pedro e João estavam indo ao templo para orar, mas Deus já havia preparado um momento de impacto evangelístico (At 3.1-10). Após o milagre, ao ver o povo se ajuntando, Pedro aproveitou a ocasião para pregar (At 3.11-12). Uma igreja cheia do Espírito discerne o tempo de Deus e responde com prontidão: “Portai-vos com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo” (Cl 4.5). A sensibilidade ao mover de Deus é uma marca de uma igreja viva e missionária.
3.2 Uma igreja que transforma milagres em proclamação. Pedro não transformou o milagre em espetáculo, mas em mensagem. Em vez de buscar fama, ele apontou para Jesus como o verdadeiro autor da cura (At 3.13-16). Sinais e prodígios são sinais indicadores, não o destino final. A função deles é confirmar a Palavra (Mc 16.20; Hb 2.3-4). A igreja não manipula os milagres, mas os usa como pontes para anunciar o Evangelho: “Assim como Pedro, o apóstolo Paulo demonstrou que a sua pregação era por ‘palavras’ e por ‘obras’ (1Co 2.4). Vemos que a verdadeira pregação precisa ser da Palavra e do Espírito” (Gonçalves, 2025, p.
43).
3.3 Uma igreja que prega com ousadia e clareza. Diante de um povo curioso, Pedro não se esquivou da verdade: confrontou, chamou ao arrependimento e apresentou a esperança (At 3.13-19). Ele não falou para agradar, mas para transformar. A ousadia da igreja vem do Espírito Santo (At 4.31) e da convicção na Palavra. A clareza da mensagem é fruto de uma vida alicerçada nas Escrituras. A igreja que evangeliza precisa falar com verdade, compaixão e poder: “Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20; cf. 3.9; 8.6; 14.10,11). “A pregação não era algo meramente abstrato; ela demonstrava pelo poder do Espírito que Jesus havia ressuscitado e que, portanto, continuava vivo!” (Gonçalves, 2025, p. 43).
3.4 Uma igreja que vê cada oportunidade como uma porta missionária. O episódio em Atos 3 mostra que qualquer contexto pode se tornar um campo missionário: uma cura, uma crise, uma reunião ou uma simples conversa. Jesus fazia isso em poços, casas e ruas (Jo 4; Lc 19). A igreja deve estar atenta às portas que o Senhor abre: “Porque uma porta grande e eficaz se me abriu [...]” (1Co 16.9). Ser igreja é viver em missão todos os dias, em todos os lugares.
CONCLUSÃO
A Igreja primitiva serve como modelo de fidelidade ao Evangelho, centrada em Cristo, guiada pelo Espírito Santo e comprometida com a missão. Em Atos 3, os milagres não desviam os apóstolos de seu propósito: exaltar Jesus e conclamar ao arrependimento. Uma igreja cheia do Espírito vive para glorificar a Deus, prega com ousadia, denuncia o pecado com amor e anuncia a esperança em Cristo. Reconhece cada situação como uma oportunidade missionária. A igreja atual é desafiada a retomar esse compromisso: ser profética, bíblica, sensível ao Espírito e dedicada à salvação das almas, impactando o presente e preparando o caminho para os tempos de refrigério do Senhor.
REFERÊNCIAS
• BARRETO, Alessandro. Protopentecoste: Ações do Espírito Santo no Antigo Testamento. Editora Bereia.
• BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD.
• GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. CPAD.
• PEARLMAN, Meyer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Editora Vida.
• STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 13 de Jul de 2025