Lição 7 - As naturezas humana e divina de Jesus VI

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ASSEMBLEIA DE DEUS TRADICIONAL - CEADTAM - CGABD

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2025

Adultos - EM DEFESA DA FÉ CRISTà– Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência

COMENTARISTA: Esequias Soares da Silva

COMENTÁRIO: EV. ANTONIO VITOR DE LIMA BORBA

LIÇÃO Nº 7 – AS NATUREZAS HUMANA E DIVINA DE JESUS

Nesta lição, veremos um pouco mais da controvérsia criada em torno das naturezas divina e humana de Jesus Cristo. O ensino bíblico da dupla natureza de Jesus assegura sua humanidade a partir da sua ascendência segundo a carne (Rm 1.3). Jesus é chamado nas Escrituras como o filho de Davi. Isso significa que Cristo é da linhagem de Davi e, como tal, possui a prerrogativa para ser o Messias prometido, haja vista a profecia endossar que o Messias seria descendente de Davi (Is 11.1-4). Além disso, as Escrituras também revelam que Jesus se esvaziou da sua glória para cumprir o propósito de habitar corporalmente neste mundo na condição humana. Esse esvaziamento, todavia, não significa a rejeição completa de seus atributos divinos, e sim a espontaneidade de Cristo em abster-se de seus direitos para cumprir a vontade do Pai (Fp 2.5-8).

O Objetivo deste comentário é contribuir para o preparo de sua aula, e apresentar um subsídio a parte da revista, trazendo um conteúdo extra ao seu estudo. Que Deus nos ajude no decorrer desta maravilhosa lição.

O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS

O mistério das duas naturezas de Cristo tornou-se motivo de controvérsia entre certos grupos cristãos a partir do primeiro século. Apareceram no seio do cristianismo certos ensinamentos que foram posteriormente condenados e rejeitados tanto pelos apóstolos como pelos pais da igreja.

Contudo, as páginas bíblicas são claras ao apresentar a união hipostática de Cristo, que se apresentou ao mundo plenamente Deus e plenamente homem. Cristo encarnou como homem, contudo, nunca deixou de ser plenamente Deus. A questão é que as más interpretações bíblicas de textos específicos, causam rumores e acabam levantando heresias que buscam prestígio, sem terem real fundamento na verdade.

O ensino bíblico a respeito da plena divindade e plena humanidade de Cristo é claro, mediante as muitas referências bíblicas. O entendimento exato de como a plena divindade ea plena humanidade se combinavam em uma só Pessoa tem sido ensinado desde o início pela igreja, mas só alcançou a forma final na Definição de Calcedônia, em 451.

Quando lemos a Bíblia, encontraremos trechos que descrevem muito bem a humanidade de Cristo, como por exemplo, os que descrevem a sua genealogia segundo a carne; contudo, outros apresentam seus aspectos divinos irrefutáveis, como quando o próprio apóstolo Paulo o intitula “Filho de Deus em poder” (Rm 1.4).

Seguindo, portanto, os santos pais, confessamos o único e mesmíssimo Filho, que é nosso Senhor Jesus Cristo, e todos concordamos em ensinar que esse mesmíssimo Filho é completo na sua divindade e completo — o mesmíssimo — na sua humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiro ser humano, sendo que este mesmíssimo é composto de uma alma racional e um corpo, coessencial com o Pai quando à sua divindade, e coessencial conosco — o mesmíssimo — quanto à sua humanidade, sendo semelhante a nós em todos os aspectos menos o pecado... reconhecendo-se que Ele existe inconfundível, inalterável, indivisível e inseparavelmente em duas naturezas, posto que a diferença entre as naturezas não é destruída por causa da união, mas pelo contrário, o caráter de cada natureza é preservado e vem junto em uma só pessoa e uma só hipótese, não dividida nem rasgada em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho.

Destaque

A doutrina das duas naturezas de Cristo, a humana e a divina, é um ensino essencialmente bíblico. Mas, a sua definição teológica só ocorreu no ano 451, no Concilio de Calcedônia. Jesus andou entre nós, apresentou todas as características do ser humano, exceto o pecado, e também manifestou a sua glória, como Deus. Ele é o eterno e verdadeiro Deus e, ao mesmo tempo, o verdadeiro homem (Rm 1.3,4; 9-5). As duas naturezas, a humana e a divina em uma só Pessoa, a Pessoa de Cristo, aparecem ainda, de maneira expressa e direta (Jo 1.14; Rm 1.3,4; 9-5; Fp 2.5,6).

AS HERESIAS CONTRA O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS

Como já falamos anteriormente, muitas controvérsias surgiram no primeiro século a certa da pessoa de Cristo, buscando apresentar interpretações alternativas que tentam desassociar Cristo de seu aspecto humano e divino, visando confundir a cabeça de muitos. O Nestorianismo e o Monofisismo são dois exemplos claros disso.

Nestorianismo é a doutrina que ensinava a existência de duas pessoas separadas no mesmo Cristo, uma humana e uma divina, em vez de duas naturezas em uma só Pessoa. Nestor ou Nestório, como aparece em outras versões — nasceu em Antioquia. Ali, tornou-se um pregador popular em sua cidade natal. Em 428, tornou-se bispo de Constantinopla.

Nestório foi duramente combatido no Concílio ocorrido em Éfeso, tendo a sua condenação confirmada pelos presentes na reunião, e o seu exílio declarado pelo imperador à época. Sua ilustração foi além do imaginário, deixando os seus argumentos como fracassados diante da verdade bíblica.

Outro pensamento herege foi o monofisismo. A ideia do eutiquismo acerca de Cristo é chamada de monofisismo — ideia de que Cristo possuía uma só natureza (gr. monos, “uma”, e physis “natureza”). O primeiro defensor dessa ideia foi Êutico (378-454), líder de um mosteiro em Constantinopla. Ele opunha-se ao nestorianismo, negando que as naturezas humana e divina em Cristo tivessem permanecido plenamente humana e plenamente divina. Êutico asseverava que a natureza humana de Cristo foi tomada e absorvida pela divina, de modo que ambas foram mudadas em algum grau, resultando em uma “terceira natureza”. Uma analogia ao eutiquismo pode ser vista quando pingamos uma gota de tinta em um copo de água. A mistura resultante não é nem pura tinta nem pura água, mas uma terceira substância. Para Êutico, Jesus era uma “mistura dos elementos divinos e humanos”, na qual ambas as naturezas teriam sido, em algum sentido, modificadas para formar uma nova natureza. Assim, Cristo não era nem verdadeiramente Deus nem verdadeiramente homem; não poderia, pois, representar-nos como Homem nem como Deus.

O Concílio de Calcedônia fez afirmações contundentes contra os pensadores que se opunham à verdadeira doutrina da dupla natureza de Cristo. Eles elaboraram um documento que apresentou a posição cristã sobre o tema.

O Concílio de Calcedônia assim definiu: “Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis. A distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e substância (“hypostasis”) não dividido ou separado em duas pessoas, mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor, conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo que pais da igreja nos transmitiu”.

Destaque

[...] o nestorianismo e o monofisismo foram rejeitados em Calcedônia. Essa declaração fala a respeito das duas naturezas de Cristo em uma só pessoa. A encarnação do Verbo não é uma conversão ou transmutação de Deus em homem nem de homem em Deus. A distinção é precisa entre natureza e pessoa. O Deus-homem é resultado da encarnação; trata-se de uma só pessoa com duas naturezas: humana e divina. A união dessas duas naturezas é permanente como resultado da encarnação. O resultado desagradou os representantes do Oriente. Os de- legados de Alexandria não assinaram a declaração final. A reação oriental contra a Calcedônia contribuiu para a divisão entre Oriente e Ocidente. “Jacó Baradeus e seus seguidores rejeita- ram a decisão desse Concilio. A igreja nacional da Síria é conhecida como Jacobita, ainda hoje mantém o monofisismo que é defendido nas igrejas cóptica, armênia, abissínia e jacobitas”. Assim, ficou definida, de uma vez para sempre, a doutrina das duas naturezas de Cristo, humana plena e perfeitamente divina e ambas as naturezas permanecem intactas.

O PERIGO DESSAS HERESIAS NA ATUALIDADE

Hoje em dia podemos encontrar, ainda, o pensamento do nestorianismo e do monofisismo em nosso tempo. Elas foram se moldando e adaptando-se ao pensamento formulado inicialmente, e permanecem na defesa de suas teses heréticas, reunidos em grupos chamados de ortodoxos, cópticos, armênos, abissínios e jacobitas.

Outro pensamento perigoso que precisa se analisado é o do kenoticismo. Estes defendem um esvaziamento total de Cristo quanto a sua natureza divina, onde Ele abriu mão, por completo, de sua natureza divina quando de Sua encarnação. Contudo, ao analisarmos a sua tese, perceberemos que é mais outra heresia falida em seu princípio. Por fim, precisamos destacar o perigo da mariolatria, isto é, adoração à Maria. O termo “mãe de Deus” é usado com frequência pelo catolicismo romano, atribuindo à pessoa de Ma- ria um destaque como um tipo de ídolo, que deveria receber uma certa adoração.

Precisamos não somente conhecer esses pensamentos hereges, como também combatê-los através do verdadeiro ensino da Palavra de Deus. Quanto mais prosseguirmos em conhecer às Sagradas Letras, mais estaremos prontos a defender e propagar o verdadeiro Evangelho.

Destaque

Podemos afirmar que as heresias que atentam contra o ensino bíblico da dupla natureza de Jesus são investidas do Maligno com a pretensão de confundir aqueles que entendem que o Filho de Deus era e é completamente divino e (por obra da sua encarnação) humano. É preciso reafirmar a verdade bíblica de modo consistente, pois "em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos (At 4.12). Jesus Cristo é o nosso único e suficiente Salvador.

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. ANTONIO VITOR LIMA BORBA