ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO NO IPIRANGA - SEDE - SÃO PAULO/SP
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
QUARTO TRIMESTRE DE 2025
Adolescentes: O AMOR NA VIDA CRISTÃ
COMENTARISTA: DANIELE SOARES
COMENTÁRIO: Profª Jaciara da Silva

LIÇÃO Nº 6 – O AMOR DOS PRIMEIROS CRISTÃOS NA IGREJA
Para refletir
“Quem trata bem os pobres empresta ao Senhor, e ele o recompensará.” (Pv 19.17 - NVI).
Aquele que tem piedade dos pobres e alivia suas necessidades - empresta ao SENHOR.
Um homem, cujo coração está cheio de compaixão pelos pobres, e cujas mãos distribuem atendendo suas necessidades, de um verdadeiro princípio de amor e compaixão ao próximo, não por interesse em status, mas visando a glória de Deus, a dádiva de tal homem aos pobres é um empréstimo ao SENHOR; não é jogado fora sobre a pessoa, mas é um “depósito” nas mãos de Deus e será devolvido com vantagem.
O bem doado, Deus lhe pagará novamente; seja nesta vida, nas coisas temporais e espirituais, aumentando sua substância terrena, abençoando sua posteridade, concedendo-lhe maiores medidas de graça, satisfazendo-o com sua presença graciosa e dando-lhe paz de espírito, que excede todo o entendimento; ou no mundo vindouro; não como recompensa de dívida, mas da graça divina.
Texto Bíblico em estudo: At 6.1-7
A igreja de Jerusalém e a ação social
A evangelização e a ação social são partes essenciais e complementares da missão da igreja no mundo. Cremos existirem abundantes argumentos bíblicos que apontam para o fato de que Deus quer dar plenitude de vida a humanidade, e essa plenitude inclui tanto o conhecimento de Deus e um relacionamento vital com Ele, quanto o suprimento das necessidades humanas mais fundamentais no plano material. Não só o desconhecimento de Deus, mas também a fome, a doença, a ignorância e a violência são fatores que atentam contra a dignidade humana. Portanto, a evangelização e a ação social devem caminhar lado a lado, como dois aspectos integrais da missão e do testemunho da igreja junto à sociedade.
Cristo e os apóstolos mantiveram implicitamente a mensagem social do Antigo Testamento. A ética de Jesus preserva e torna mais exigentes os requisitos da Lei, revelando a sua intenção mais profunda (Mt 5.17,20). A prática do bem deve estender-se também aos que não pertencem à família de Deus (Mt 5.43-45; 6.1-4). Essas passagens mostram que as motivações dos discípulos de Cristo devem ser a imitação de Deus e a reverência para com ele. Outra motivação fundamental é o amor altruísta expresso no serviço desinteressado e até mesmo sacrificial, conforme exemplificado pelo próprio Cristo (Mc 10.45; Jo 13.12-15).
O Senhor Jesus Cristo proferiu muitos ensinos sobre a prática da justiça e da misericórdia (Mt 5.6-7; 19.21; 23.23), especialmente através de suas parábolas (Mt 25.34-40). Acima de tudo, Ele exerceu misericórdia, socorrendo continuamente os sofredores (Mt 4.23; 9.2,6,36; 12.9-13; 14.14,19; 15.30). À semelhança do Antigo Testamento, Jesus insistiu que meras palavras e atos externos de religiosidade não são suficientes na vida com Deus (Mt 7.21-23), e sim os frutos, a prática da fé (vv. 16-20,24).
O evangelho de Lucas dá uma ênfase especial aos sofredores, aos excluídos, aos membros mais frágeis da sociedade, como as mulheres, as crianças, os enfermos e outras categorias. Diversas parábolas e episódios do ministério de Jesus que revelam o seu interesse pelos marginalizados são exclusivos do terceiro evangelho (o filho da viúva de Naim: 7.11-15; a mulher com hemorragia: 8.43-48; o bom samaritano: 10.29-37; o filho pródigo: 15.11-24; os dez leprosos: 17.11-19). Outro tema importante para Lucas é pobreza e riqueza (1.52-53; 4.18-19; 6.20-21,24; 12.13-21; 14.12-14; 16.19-31).
Logo após a ressureição e ascensão do Senhor Jesus, vemos a igreja de Jerusalém em dificuldades devido a uma grande fome naquela região. “(...) vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um.” (At 2.45) “Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.” (At 4.34,35)
Conforme o relato de Lucas, vemos, em Jerusalém, uma igreja nascente disposta a combater a injustiça social, atendendo às necessidades dos santos, de tal maneira que nada viesse a lhes faltar. Alguns chegaram a tomar a decisão, aparentemente radical, de vender tudo quanto tinham para atender aos irmãos carentes. Deve-se observar que eles faziam isso voluntariamente, e não sob imposição.
Aquela era uma igreja disposta a ser usada para transformar a sociedade. Colocava em prática o santo exercício do amor ao próximo, seguindo o exemplo do próprio Senhor Jesus (Lc 6.35,36).
Para a igreja primitiva, atender às necessidades dos mais pobres não era uma opção, era uma necessidade. O amor de Deus, derramado no coração dos crentes, os constrangia. No entender do apóstolo João, “Conhecemos a caridade nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão necessitado, lhe serra o seu coração, como estará nele a caridade de Deus?” (1 Jo 3.16,17). Logo, há o senso de responsabilidade social daquela igreja não era o resultado de plebiscito que optou por assim fazer, mas era o resultado de valores espirituais e morais profundamente arraigados naquela comunidade cristã.
A igreja era caridosa (At 2.45). A caridade é o amor em ação. É o fruto do Espírito (Gl 4.22). A igreja era - e ainda deveria ser - a materialização do amor de Deus. Lucas nos conta que aqueles primeiros crentes “vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade”. Era muito mais que palavras. Era ação. O apóstolo João, mais tarde, lembraria aqueles dias na sua carta universal, ao dizer: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”. Alguém disse certa vez que as pessoas podem até duvidar daquilo que você diz, mas nunca daquilo que você faz. A igreja daqueles dias era uma igreja que fazia, por isso caía na graça de todo o povo (At 2.47).
A Igreja e a ação filantrópica
Atos dos Apóstolos mostra como a vida da comunidade cristã original era caracterizada pelo compartilhamento dos bens de modo igualitário (2.42-47; 4.32-35). Ainda que esse não fosse um modelo para todos os tempos e lugares, apontava para a importância da solidariedade e generosidade entre os seguidores de Cristo. O discurso de Pedro na casa de Cornélio destaca a prática da misericórdia no ministério de Jesus (10.38).
Muito cedo a igreja sentiu a necessidade de estruturar as suas atividades caritativas através da eleição de homens especialmente voltados para esse mister, aqueles que a tradição considera como os primeiros diáconos (6.1-6). A instituição do diaconato passou a ser um eloquente testemunho da preocupação da igreja com a assistência aos necessitados (Fp 1.1; 1 Tm 3.8-13). Esta última passagem suscita a interessante possibilidade de que também houvesse diaconisas na igreja primitiva (ver ainda Rm 16.1-2). Parece claro que pelo menos as viúvas de mais idade desempenhavam um importante papel nessa área (1 Tm 5.9-10).
O apóstolo Paulo, com toda a sua conhecida ênfase na evangelização, também demonstra nítida preocupação com a beneficência cristã. Um tema que ocupa bastante espaço em algumas de suas cartas foi a oferta levantada por ele junto às igrejas gentílicas para os crentes pobres de Jerusalém (1 Co 16.1-4; 2 Co 8.1-9.15; Rm 15.25-28; At 24.17; Gl 2.10). A seção prática de suas epístolas contém muitos ensinos sobre o serviço cristão e exortações ao mesmo (Rm 12.8,13,17,20; 1 Co 11.22; 12.28; 16.15; Gl 6.2,9-10; Fp 4.10-19; 1 Ts 4.9-12; 2 Ts 3.6-15; 1 Tm 6.17-19; Tt 3.8). As epístolas gerais igualmente possuem diversos preceitos nessa área (Hb 13.1-3; 1 Pe 4.9-10; 1 Jo 3.17-18). A carta de Tiago, devido ao ser caráter prático e seu teor veterotestamentário, aborda a temática social de modo muito insistente (1.9-11,27; 2.1-7,15-17; 5.1-6).
Conclusão
A igreja primitiva cumpria sua missão social. A igreja não apenas pregava o Evangelho, mas também atendia àqueles que necessitavam de socorro físico e material. Os seguintes princípios devem nortear o serviço social da igreja:
• Mutualidade – isto é, ser generoso, recíproco, solidário.
• Responsabilidade – trata-se de privilégio e não obrigação (2 Co 8.4; 9.7).
• Proporcionalidade – contribuição de acordo com as possibilidades individuais (2 Co 9.6,7). A preocupação com o bem-estar do ser humano é uma constante na Palavra de Deus, desde os dias do Antigo Testamento (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 41.1). No Novo Testamento, se evidencia de forma gritante nas ações de Jesus, o qual andou fazendo o bem e libertando todos os oprimidos (Lc 4.18; At 10.38). Finda a sua missão terrena, o Filho de Deus transferiu à sua Igreja, como parte de sua missão, o cuidado com os pobres ao dizer “Assim como o Pai me enviou, eu vos envio a vós”. Uma igreja que apenas se importa com a salvação da alma, não atentando para as outras necessidades básicas dos pecadores, sem dúvida é uma igreja que não tem consciência de sua real missão.
Fontes Consultadas:
BÍBLIA. Português. Bíblia Shedd. Tradução João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada. 2ª Edição, São Paulo, Editora Vida Nova, 1997.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Tradução João Ferreira de Almeida, Revista e Corrigida. Rio de Janeiro, Editora CPAD, 2002. Editor geral Donald Stamps, Editor brasileiro Pr. Antonio Gilberto.
NOVO TESTAMENTO Interlinear grego-portugues. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2004. ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. São Paulo, Reimpressão em 1 volume, 2009. HORTON, Stanley M.. Teologia Sistemática. CPAD
ILÚMINA – A Bíblia do século XXI
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Prof.ª Jaciara da Silva